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Vazamento de dopings abala mundo do atletismo

Cerca de um terço das medalhas do atletismo em Olimpíadas e etapas do Mundial entre 2001 e 2012 foram conquistadas por corredores com substâncias suspeitas no sangue, diz jornal.

Atletas participam de prova dos 200 metros no atletismo (Getty Images)

Atletas participam de prova dos 200 metros no atletismo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2015 às 16h51.

Londres - O vazamento de informações confidenciais a respeito de doping trouxe o caos ao atletismo mundial neste domingo, depois que um jornal e uma emissora mostraram que cerca de um terço das medalhas do atletismo em Olimpíadas e etapas do Mundial entre 2001 e 2012 foram conquistadas por corredores com substâncias suspeitas no sangue.

O jornal inglês Sunday Times e a emissora alemã ARD/WDR disseram que obtiveram informações confidenciais do caixa-forte do órgão máximo do atletismo mundial, a IAAF, fornecidas por um denunciante anônimo "enojado" com a dimensão do doping.

Os veículos de mídia mostraram as informações a dois especialistas, que concluíram que o atletismo estava no mesmo estado que o ciclismo no instante em que eclodiu o escândalo de doping que quase destruiu o esporte por completo, quando o norte-americano Lance Armstrong teve suas sete vitórias no Tour de France cassadas.

O escândalo deve ofuscar o Mundial de atletismo, que começa em 20 dias em Pequim.  "Muitos atletas parecem ter se dopado de forma impune, e é de se condenar que a IAAF pareça ter ficado de braços cruzados, deixando isso acontecer", disse o especialista em doping australiano Robin Parisotto ao Sunday Times.

A IAAF não comentou imediatamente, e limitou-se a dizer que está preparando uma resposta e que as informações confidenciais foram obtidas sem permissão.

A Agência Mundial Anti-Doping, a WADA, na sigla em inglês, órgão autônomo criado em 1999 para coordenar investigações de doping em todo o mundo do esporte, afirmou que os resultados são "bastante perturbadores".

As acusações "irão, uma vez mais, sacudir as bases dos atletas limpos em todo o mundo", disse o presidente da Wada Craig Reedie, em encontro do COI (Comitê Olímpico Internacional) em Kuala Lumpur, na Malásia.

O COI manifestou confiança de que a WADA vai investigar a fundo todas as alegações.

As acusações dizem respeito a técnicas usadas para melhorar a capacidade do sangue de carregar oxigênios às células, que podem conferir vantagens a competidores em eventos onde a resistência é fundamental, como ciclismo de longa distância ou, neste caso, do atletismo, corridas de média e longa distâncias.

O Sunday Times e a ARD disseram que tiveram acesso aos resultados de mais de 12 mil testes sanguíneos feitos por mais de 5 mil atletas entre 2001 e 2012. Mais de 800 destes atletas tiveram resultados "anormais".

Entre eles, 146 medalhistas em eventos de alto nível, sendo 55 de ouro, de acordo com as informações. A Rússia é o país com o maior número de resultados suspeitos, com 415 testes "anormais" de sangue, seguida por Ucrânia, Marrocos, Espanha, Quênia, Turquia e outros.

Por outro lado, segundo o Sunday Times, os testes mostraram que vários atletas, como o bicampeão olímpico Mo Farah, inglês, o astro jamaicano Usain Bolt e a heptatleta inglesa Jessica Ennis-Hill estão limpos.

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