O anúncio do acordo coincidiu com a confirmação de que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, será recebido em audiência pelo Papa Francisco no próximo sábado (Maurizio Brambatti/Pool/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2015 às 14h20.
Cidade do Vaticano - O Vaticano anunciou nesta quarta-feira um acordo com "o Estado da Palestina" no qual a solução de "dois Estados" para o conflito com Israel é apoiada e anunciou que pode ajudar no reconhecimento de uma Palestina "independente".
O acordo, que deve ser assinado num "futuro próximo", fala sobre "aspectos essenciais da vida e da atividade da Igreja Católica na Palestina", segundo o comunicado da Santa Sé, que precisou que o texto será submetido antes às respectivas autoridades.
O subsecretário vaticano para as Relações com os Estados, Antoine Camilleri, disse ao jornal "L'Osservatore Romano" que "seria positivo" que o acordo "pudesse ajudar" a "estabelecer e reconhecer um Estado Independente da Palestina, soberano e democrático".
O anúncio do acordo coincidiu com a confirmação de que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, será recebido em audiência pelo papa Francisco no próximo sábado, na véspera da canonização de duas freiras nascidas em território palestino antes da criação do Estado de Israel.
Camilleri revelou que no texto do acordo é expressado "o auspício de uma solução da questão palestina e do conflito entre israelenses e palestinos no âmbito da solução de dois Estados", em declarações ao órgão oficial vaticano.
"Segue um segundo e importante capítulo sobre a liberdade religiosa e de consciência" e há outros sobre "diversos aspectos da vida da Igreja nos territórios palestinos", acrescentou.
Perguntado sobre se o documento poderia ter repercussões no âmbito político, Camilleri respondeu que "embora de modo indireto, seria positivo que o acordo alcançado pudesse de alguma maneira ajudar os palestinos a ver estabelecido e reconhecido um Estado Independente, soberano e democrático que viva em paz e segurança com Israel e seus vizinhos".
Além disso, segundo a avaliação do alto cargo vaticano sobre o acordo alcançado, este poderia servir para "encorajar de algum modo a comunidade internacional, em particular as partes mais diretamente envolvidas, a empreender uma ação mais decisiva para contribuir para alcançar um paz duradoura e para solução dos dois Estados".
"Esta seria uma bela contribuição para paz e estabilidade em uma região que há tanto tempo esteve assolada por conflitos, e por parte da Santa Sé e da Igreja local desejamos colaborar em um caminho de diálogo e de paz", acrescentou Camilleri.
O acordo entre o Vaticano e o Estado palestino, lembrou o membro da Cúria, é "fruto do acordo de base entre a Santa Sé e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) assinado em 15 de fevereiro de 2000", e precisou que as relações oficiais entre ambas as partes se estabeleceram em 26 de outubro de 1994.
As negociações foram retomadas após 2010 e tiveram como consequência o acordo anunciado hoje, "que tem como propósito completar o assinado em 2000", afirmou.
Ao explicar os antecedentes deste acordo de hoje e perguntado pela diferença entre o assinado em 2000 com a OLP e este com o "Estado da Palestina", Camilleri se referiu à adoção, em 29 de novembro de 2012, da resolução das Nações Unidas que reconheceu a Palestina como Estado observador não-membro.
"No mesmo dia a Santa Sé, que também tem o estatuto de observador na ONU, publicou uma declaração", lembrou Camilleri, que fazia referência sobre a solução dos "dois Estados".
O Vaticano expressou seu apoio a essa via de solução para o conflito entre os palestinos e Israel.