Vaticano pede a muçulmanos que condenem violência do EI
Pedido ocorre no mesmo momento em que a principal autoridade religiosa do Egito, o grão-mufti Sawqi Allam, condenou o EI como uma organização extremista
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2014 às 14h48.
Roma - O Vaticano fez um apelo aos líderes religiosos muçulmanos nesta terça-feira para que condenem os "atos criminosos impronunciáveis" realizados por militantes do Estado Islâmico, que invadiram diversas cidades no norte do Iraque e forçaram dezenas de milhares de cristãos e yazidis a abandonarem suas casas.
"Nenhuma causa, e certamente nenhuma religião, pode justificar essas atrocidades", disse o Conselho para o Diálogo Inter-religioso do Vaticano, órgão criado para promover o contato com outras fés, em comunicado. A perseguição a cristãos, membros da seita antiga yazidi, e outras minorias religiosas e étnicas no Iraque requer "um claro e corajoso posicionamento por parte dos líderes religiosos, especialmente muçulmanos", diz o texto.
"Todos devem ser unânimes em condenar inequivocamente esses crimes e em censurar o uso da religião para justifica-los", disse o Vaticano. "Caso contrário, qual credibilidade terão as religiões, seus seguidores e seus líderes?" O rápido avanço de jihadistas sunitas do Estado Islâmico e o tratamento brutal dado por eles aos muçulmanos xiitas, assim como aos cristãos e yazidis da região, tem provocado reações de repúdio em países ocidentais, e os Estados Unidos chegaram a lançar um ataque aéreo de alcance limitado contra os islamitas.
O pedido do Vaticano ocorre no mesmo momento em que a principal autoridade religiosa do Egito, o grão-mufti Sawqi Allam, condenou o Estado Islâmico como uma organização extremista corrupta que prejudica o Islã.
O papa Francisco, que viaja para a Coreia do Sul na quarta-feira, tem condenado a violência no Iraque reiteradas vezes nos últimos dias e declarou no domingo que o conflito "ofende profundamente a Deus e a humanidade".
O Estado Islâmico, que vê os xiitas como hereges merecedores da morte, tomaram diversas cidades do norte do Iraque, em um avanço repentino que deixou o governo do Iraque sem reação e causou a fuga de dezenas de milhares de pessoas.