Refugiados sírios: têm preferência os selecionados que tenham "experiência laboral agrária porque o Uruguai é um país agropecuário" (Joseph Eid-AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2014 às 07h33.
Jounieh (Líbano) - A delegação do governo do Uruguai no Líbano seleciona refugiados sírios no país que possam realmente se integrar a sua sociedade, disse nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor de Direitos Humanos da delegação, Javier Miranda.
Os trabalhos de seleção começaram depois de o governo uruguaio oferecer asilo a 120 refugiados sírios.
"Para o Uruguai é muito importante e determinante a possibilidade de inserção laboral. O Estado vai fazer transferências econômicas e vai apoiá-los, mas não eternamente porque seria injusto com os uruguaios", assinalou Miranda.
Desde segunda-feira, a delegação uruguaia recebeu na embaixada de seu país 165 famílias escolhidas pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).
Miranda explicou que o país receberá os refugiados em duas rodadas, uma no final de setembro e outra em fevereiro, e acrescentou que "60% deles devem ser menores de 18 anos, uma preocupação quase pessoal do presidente José Mujica".
Segundo ele, têm preferência os selecionados que tenham "experiência laboral agrária porque o Uruguai é um país agropecuário e as possibilidades de inserção social são mais fáceis através da terra".
O requisito indispensável será estar em posse da documentação correta para "evitar o tráfico de seres humanos". A religião não está entre os critérios de seleção, ressaltou Miranda, já que "Uruguai é um país laico".
Ele contou que algumas pessoas pré-selecionadas "não têm nenhum conhecimento do idioma e alguns não sabem nem para onde vão".
No entanto, afirmou que a comunidade sírio-libanesa, estabelecida no Uruguai desde 1920, embora seja muito pequena e não fale árabe, tem "boa disposição para ajudar seus concidadão e estender-lhes a mão".
Uma vez no Uruguai, os refugiados sírios serão inseridos em um programa de dois anos para que possam se integrar e "possam ser autossuficientes e ter a chance de realizar um novo projeto de vida".
"Não podemos levá-los para que vivam pior ou tirar a oportunidade de eles irem para outro país, por isso é preciso sermos muito cuidadosos", recalcou. EFE