Mundo

Um novo, e complicado, capítulo na Catalunha

ÀS SETE - Isso porque hoje venceu o prazo para que o líder regional Carles Puigdemont voltasse atrás em sua declaração de independência, o que não aconteceu

Catalunha: o premiê da Espanha pode acionar o artigo 155 da Constituição que dá ao governo central o direito de comandar alguma região autônoma caso as leis sejam violadas

Catalunha: o premiê da Espanha pode acionar o artigo 155 da Constituição que dá ao governo central o direito de comandar alguma região autônoma caso as leis sejam violadas

DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2017 às 06h29.

Última atualização em 19 de outubro de 2017 às 10h39.

O enrosco político entre Espanha e Catalunha ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira. Às 10h, no horário local, venceu o prazo para que o líder regional Carles Puigdemont voltasse atrás em sua declaração de independência.

Às Sete – um guia rápido para começar seu dia

Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:

O primeiro-ministro Mariano Rajoy poderia, portanto, cumprir com a palavra de acionar o artigo 155 da Constituição espanhola, que dá ao governo central o direito de comandar alguma região autônoma caso as leis sejam violadas.

Puigdemont afirmou, há pouco, que vai declarar independência apenas se a repressão continuar. Em resposta a isso, o governo de Madri deve voltar a se reunir ao longo do dia. Ontem, Madri chegou a pedir uma antecipação das eleições na região, para medir novamente a força política dos separatistas.

No dia primeiro de outubro, a região conduziu um referendo popular no qual 90% dos votantes optaram pela independência. No entanto, apenas 43% do eleitorado participou do pleito. A data foi, ainda, marcada pela violência, já que forças policiais espanholas tentaram impedir a realização da consulta em atos que deixaram mais de 800 pessoas feridas.

O processo de separação não está previsto na Constituição do país. Mesmo assim, Puigdemont afirmou que era necessário levar adiante a vontade do povo, declarando a região independente de forma unilateral no dia 10 de outubro, mas suspendendo a decisão no mesmo ato, sob a alegação de que estava disposto a negociar com o governo central.

A mensagem confusa fez o líder ser alvo de chacotas. Rajoy, então, estabeleceu que o líder catalão deveria clarear suas intenções na segunda-feira — o que ele não fez —, e ofereceu um outro prazo para que retrocedesse, expirado nesta quinta.

Puigdemont se negou a ceder, mesmo com o primeiro-ministro espanhol tendo conversado com seus aliados, avisando que ele estava sendo obrigado a tomar uma decisão que seria melhor nunca tomar.

Na terça-feira, dois líderes separatistas foram presos, acusados de insurgência contra o país, num ato que foi visto como uma tentativa do governo de provar que está levando o processo a sério. As prisões fizeram milhares de catalães irem às ruas, pedindo liberdade aos políticos. As tensões estão cada vez mais latentes, e a economia já sofre os efeitos do acirramento.

Cerca de 600 empresas retiraram suas sedes da região até agora, e as reservas em hotéis já caíram 20% desde o referendo. A Espanha, que decolava frente aos vizinhos europeus, vai precisar se voltar para dentro, num embate que apenas começou.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteCatalunhaCrise políticaEspanhaExame Hoje

Mais de Mundo

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano

Argentinos de classe alta voltam a viajar com 'dólar barato' de Milei

Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo