Homem é visto com bandeiras da União Europeia e da Ucrânia durante manifestação: "grandes perdas para a Ucrânia sobre acordo estão fundadas", disse comissário (Vasily Fedosenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 12h47.
Vilnius - O comissário europeu para a Ampliação da Política de Vizinhança da União Europeia, Stefan Füle, rejeitou nesta quinta-feira as desculpas apresentadas pela Ucrânia para não assinar o Acordo de Associação com a União Europeia (UE) por causa de um suposto alto custo para economia nacional.
"As alusões a supostas grandes perdas para a economia da Ucrânia em relação ao Acordo de Associação não estão fundadas e não são convincentes", afirmou Füle à agência russa "Interfax" antes do início da cúpula da Associação Oriental na capital lituana.
Füle também questionou a existência de dados e números de perdas devido às medidas protecionistas que a Rússia ameaçou impor caso o governo ucraniano assinasse o acordo com os 28 durante a cúpula de Associação Oriental em Vilnius.
"Ultimamente me deparei com muitos números irreais que interpretei como um sinal de pânico. Isso porque, já no primeiro ano de aplicação preliminar do acordo de livre-comércio, os exportadores ucranianos teriam economizado 500 milhões de euros em impostos e o PIB teria uma previsão de crescimento em 6,2% a longo prazo", completou o comissário europeu.
O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azárov, qualificou de "esmola para um pedinte" o valor de 1 bilhão de euros que Bruxelas ofereceu a Kiev como compensação.
O funcionário lembrou que "a UE é a maior fonte de ajuda internacional técnica e financeira da Ucrânia e isso é algo evidente".
"Desde o momento da independência em 1991, a UE apoiou as reformas e a modernização da Ucrânia, concedendo mais de 3,3 bilhões de euros em subsídios", destacou.
Além disso, acrescentou Füle, o Banco Europeu de Investimentos e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento concederam 10,5 bilhões de euros em créditos, sem contar com a assistência bilateral dos países-membros.
"Estou decepcionado que o dinheiro que os empresários ucranianos necessitam para a reforma seja considerado despesa e não investimento. A economia ucraniana necessita de grandes investimentos, mas isto não são despesas (...) são futuras receitas, ou seja, mais crescimento, trabalho e maior riqueza para o país e seu povo", finalizou o comissário europeu.
A cúpula de Vilnius, a terceira na história da Associação Oriental, foi marcada pela renúncia no último momento da Ucrânia ao Acordo de Associação com a UE, o qual pressupunha a criação de uma zona de livre-comércio.
O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, assegurou que as condições impostas pela UE para a assinatura do acordo eram humilhantes para a Ucrânia e que poderiam gerar um desastre econômico para seu país.
Por outro lado, segundo Bruxelas, a recusa ucraniana está relacionada às pressões da Rússia, que advertiu que, no caso de um acordo entre Ucrânia e Bruxelas, tomaria medidas protecionistas para impedir o acesso dos produtos ucranianos ao seu mercado.