Jean Claude Trichet (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2011 às 11h30.
Paris - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou que a Europa precisará mudar seu tratado no futuro, de modo que as decisões possam ser impostas aos governos da zona do euro.
"O tratado deve ser mudado para impedir que um membro da zona do euro se perca e crie problemas para todos os outros", informou ele à estação de rádio francesa Europe 1 após uma reunião de ministros de Finanças e representantes dos bancos centrais das 20 maiores economias do mundo (G-20). "Para isso, é necessário, inclusive, que se possa impor decisões."
Trichet, cujo mandato de oito anos à frente do BCE terminará em 31 de outubro, disse que o atual processo de sanções e recomendações para os países da zona do euro não é suficiente.
O G-20 informou em um comunicado divulgado ontem, no final da reunião de dois dias, que aguarda um plano abrangente prometido pela zona do euro para sanar sua crise de dívida soberana que já dura dois anos, incluindo uma solução para os problemas gregos, a recapitalização dos bancos e o fortalecimento do fundo de resgate de 440 bilhões de euros.
Segundo o presidente do BCE, a Europa se tornou a linha de frente da defesa contra a desaceleração do crescimento econômico. As decisões que os governos precisarão tomar como parte do abrangente pacote são "muito difíceis", mas Trichet espera que eles "mostrem determinação" quando a UE apresentar seu plano à cúpula de chefes de Estado do G-20, em Cannes, no começo de novembro.
"A situação é claramente muito exigente, particularmente para os europeus", disse ele. "O epicentro foi nos Estados Unidos depois da crise hipotecária e do colapso do Lehman Brothers. Hoje, a crise atinge mais países, com o epicentro na Europa."
Embora dados recentes para os nove primeiros meses do ano mostrem que provavelmente haverá crescimento, os europeus devem estar prontos para qualquer coisa, alertou Trichet. "Do ponto de vista do crescimento, a situação nos obriga a estar prontos para todos os eventos." Todos os países da zona do euro, sem exceção, devem estar "extremamente vigilantes e cautelosos." As informações são da Dow Jones.