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Ucrânia retoma Irpin e foco da Rússia sai de Kiev; veja últimas notícias

Expectativa era que nova rodada de negociações presenciais sobre a guerra na Ucrânia começasse ainda hoje. Veja abaixo as últimas notícias desta segunda-feira, 28 de março

Homem em Mariupol, em 26 de março: 5 mil mortos na cidade sitiada, segundo a Ucrânia (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)
Drc

Da redação, com agências

Publicado em 28 de março de 2022 às 07h32.

Última atualização em 29 de março de 2022 às 16h13.


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Novas negociações

Uma nova rodada diplomática presencial entre Rússia e Ucrânia acontece nesta semana na Turquia, que tem agido como intermediária na crise. A guerra chega nesta segunda-feira, 28, a 33 dias.

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Havia a expectativa de que as negociações começassem ainda hoje, segundo o governo turco. Mas a Rússia afirmou nesta manhã que todos os seus negociadores só devem chegar fisicamente à Turquia na terça-feira, 29.

As duas partes têm conversado virtualmente, mas o encontro presencial será decisivo para entender se alguns termos podem avançar.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem dado entrevistas nos últimos dias a veículos de imprensa independentes russos, afirmando que está disposto a conversar sobre pontos sensíveis.

Zelensky negou a possibilidade de desmilitarização do país, mas a Ucrânia se mostrou disposta a aceitar neutralidade em relação à Otan, aliança militar das potências ocidentais.

A possibilidade de entrada da Ucrânia na aliança, segundo o argumento oficial de Moscou, foi um dos motivos para a guerra. Zelensky afirmou, no entanto, que uma decisão sobre a Otan teria de passar por referendo entre a população ucraniana.

Questão territorial é a mais crítica

A Ucrânia também parece estar disposta a discutir o status das regiões separatistas em Donbas e da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, um dos pontos mais críticos; no entanto, uma das dúvidas é a extensão do território negociado, uma vez que outras partes do leste ucraniano estão agora sob controle russo ou sitiadas na guerra, caso da cidade portuária de Mariupol.

Nesta segunda-feira, Alexander Rodnyansky, conselheiro de Zelensky, disse à rede britânica BBC que o país "não está disposto a abrir mão de território".

"Claramente, eles [a Rússia] não podem sustentar esta guerra por anos, e a moral deles está tão baixa que não conseguem nem mesmo manter os suprimentos e a logística", disse.

Zelensky também vem pedindo uma conversa presencial com o presidente russo, Vladimir Putin. O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que essa possibilidade ainda está distante.

Fala de Biden é "alarmante"

A declaração do presidente dos EUA, Joe Biden, de que Putin "não pode seguir no poder" segue repercutindo.

A frase foi dita em visita de Biden à Polônia no sábado, 26, mas vista como uma gafe do mandatário americano.

Biden disse depois estar se referindo à guerra, e não a uma troca de comando na Rússia. Perguntado se O líder do Partido Trabalhista (de oposição) no Reino Unido, Keir Starmer, disse que a fala "não ajuda" nas negociações.

Já o Kremlin disse nesta segunda-feira que "esta é uma declaração que é certamente alarmante", disse o porta-voz Dmitry Peskov a repórteres, segundo reportou a Reuters.

Putin está no poder desde 2000 e o resultado de um referendo em 2020 o permite continuar até 2036.

Recuo em Kiev e retomada de Irpin

Autoridades ucranianas afirmaram nesta segunda-feira, em atualização operacional em suas redes sociais, que as tropas russas estão recuadas em Kiev em meio a perdas recentes na região metropolitana da cidade.

O prefeito de Irpin, nos arredores de Kiev, Oleksandr Markushyn, também disse que a cidade voltou ao controle ucraniano em comunicado no Telegram. "Nós entendemos que vão haver mais ataques à nossa cidade e nós a defenderemos corajosamente."

Ele também afirmou que as forças ucranianas tentarão retomar o controle de outras áreas na região metropolitana de Kiev, como Gostomel, distrito onde fica um importante aeroporto e palco de alguns dos principais ataques rumo à capital no início da guerra - que incluíram a destruição do chamado "maior avião do mundo", o Antonov An-225.

Mulher passa por prédio residencial destruído anteriormente em Kiev, em 28 de março: Rússia não conseguiu avançar na capital (Anastasia Vlasova/Getty Images)

Os indícios se tornam cada vez maiores de que a capital está mais longe de ser tomada pelas forças russas e pode deixar de ser a prioridade, embora novos bombardeios devam seguir ocorrendo.

Em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia (ao leste) e que foi amplamente danificada na guerra, o governador Oleg Sinegubov afirmou em seu Telegram que as forças ucranianas têm promovido contra-ataques e recuperaram parte das vilas.

5 mil mortos em Mariupol

A cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, segue sendo uma das principais preocupações após semanas de intenso bombardeio. A cidade está à beira de uma catástrofe humanitária e precisa ser completamente evacuada, segundo o prefeito Vadym Boichenko, que afirma que 5 mil pessoas já morreram.

As autoridades afirmam que cerca de 160 mil civis estão presos na cidade - sem acesso à eletricidade. Relatos de falta de comida e água têm sido constantes.

O governo da Ucrânia também não tem planos de abrir corredores humanitários nesta segunda-feira, nem em Mariupol, nem em outras cidades atacadas. A vice-premiê Iryna Vereshchuk afirmou que há indícios de que possam haver possíveis "provocações" russas nas rotas.

O prefeito de Mariupol disse que há 26 ônibus esperando para evacuar civis, mas que a Rússia não garantiu condições de segurança.

Ambos os lados culpam o outro pelo fracasso de algumas tentativas de evacuação anteriores, sobretudo em Mariupol, onde a remoção de civis tem sido lenta. A saída precisa ser feita de ônibus ou carro e passando por territórios russos ao redor.

Com maioria de falantes de russo, Mariupol é estratégica por ligar as áreas russas no leste e a Crimeia anexada no sul.

Refugiados perto de plantação na fronteira com a Moldávia: economia da Ucrânia foi impactada em 500 bilhões de reais (Jonathan Alpeyrie/Bloomberg/Getty Images)

Investigação sobre prisioneiros

A Rússia criticou nesta segunda-feira um vídeo em que soldados russos aprisionados na guerra aparecem tomando tiros nas pernas, supostamente por forças ligadas à Ucrânia. A autenticidade do vídeo não pode ser verificada de forma independente.

O comandante ucraniano Gen Valerii Zaluzhnyi disse que há vídeos sendo produzidos para "desacreditar" forças ucranianas e que imagens podem não ser verdadeiras.

O governo ucraniano disse que vai investigar as denúncias. Oleksiy Arestovych, conselheiro de Zelensky, disse que, se verdadeiro, tal comportamento é "inaceitável". Um dos principais temores globais em relação à guerra é que forças militares saiam do controle dos governos.

"Nós somos um exército europeu, e nós não zombamos de nossos prisioneiros. Se isto for real, é um comportamento absolutamente inaceitável", disse.

"Gostaria de lembrar mais uma vez a todas as nossas forças militares, civis e de defesa que o abuso de prisioneiros é um crime de guerra que não tem anistia sob a lei militar e não tem prazo de prescrição", completou.

Perdas da economia ucraniana

A guerra custou até agora US$ 564,9 bilhões à economia da Ucrânia, segundo afirmou a ministra da Economia, Yulia Svyrydenko, em seu perfil no Facebook.

Os números são referentes a infraestrutura danificada, crescimento econômico perdido e outros fatores.

Além dos impactos diretos nos países envolvidos, a guerra tem repercussões globais na economia, com aumento do preço dos combustíveis e grãos e maiores pressões inflacionárias - incluindo no Brasil.

Segundo relatório anterior da consultoria McKinsey, a depender da duração do conflito, Estados Unidos e Europa poderiam viver recessão neste ano.

*Esta página será atualizada com novos desdobramentos sobre a guerra na Ucrânia nesta segunda-feira, 28 de março. Última atualização às 14h55.


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