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Turquia vai às urnas neste domingo, com Erdogan mais uma vez como favorito

Eleições são observadas de perto pelas potências ocidentais e pelos países do Oriente Médio devido ao seu papel geopolítico fundamental; atual presidente está há 20 anos no poder

Erdogan: favorito mesmo com economia enfraquecida e 20 anos no poder (AFP/AFP)

Publicado em 28 de maio de 2023 às 09h36.

Os turcos decidem neste domingo, 28, as eleições presidenciais. Mais uma vez, o atual presidente Recep Tayyip Erdogan é apontado como favorito para comandar a Turquia por cinco anos, após 20 anos no poder.No primeiro turno, que aconteceu em 14 de maio, Erdogan obteve 49,5% dos votos, contra 44,9% do rival Kemal Kiliçdaroglu.

As eleições na Turquia, com 85 milhões de habitantes e membro da Otan, são observadas de perto pelas potências ocidentais e pelos países do Oriente Médio devido ao seu papel geopolítico fundamental.

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Erdogan, à frente do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islâmico conservador) votou ao meio-dia em um bairro conservador de Istambul. "Nenhum país do mundo tem uma taxa de participação de 90% e a Turquia quase a atingiu. Peço aos meus concidadãos que votem sem hesitar", disse o líder de 69 anos, que começa com clara vantagem nestesegundo turno inédito.

O candidato da oposição, à frente de uma coalizão de seis partidos, votou em Ancara, capital do país, onde convidou os seus apoiadores a permanecerem próximos das urnas após o encerramento das assembleias de voto para acompanharem a contagem. "Para trazer verdadeira democracia e liberdade a este país e livrar-nos de um governo autoritário, convido todos os cidadãos a votar", disse Kiliçdaroglu, de 74 anos.

As assembleias de voto abriram às 08h00 no horário local (03h00 em Brasília) com longas filas e encerram às 17h00 (11h00 de Brasília). Os resultados são esperados para a noite de domingo.

Eurasia: 85% de chances de Erdogan vencer

A Eurasia acredita que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, amplia a vantagem que obteve no primeiro turno, dominando a campanha do segundo turno que ocorre neste domingo. A consultoria vê 85% de chance de vitória do atual líder, na disputa contra o opositor Kemal Kilicdaroglu.

No dia 22 de maio, Erdogan assegurou o apoio do candidato derrotado de direita Sinan Ogan, um revés político para a oposição, lembra a Eurasia. Para ela, a chance de uma virada na reta final de Kilicdaroglu é pequena, em meio a problemas na coalizão e na sua campanha. A mudança dele para uma retórica "agressiva e nacionalista" não deve atrair partidários do atual presidente, podendo ainda alienar parte de seu apoio significativo entre os curdos, acredita.

Em sua avaliação anterior, a Eurasia considerava que Erdogan tinha 80% de chance de vitória, mas vê agora essa chance ainda maior, em 85% de possibilidade de que ele conseguirá um terceiro mandato. Mesmo com a economia turca em seu pior momento em duas décadas, ele segue como o político mais popular do país, resume a consultoria.

Estratégia de Erdogan para vencer a eleição

Erdogan é favorito mesmo diante da disparada na inflação e do congelamento da taxa de juros. Seu partido já conquistou a maioria no parlamento, e o candidato que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, Sinan Ogan, que obteve 5,2% dos votos, declarou apoio ao atual presidente.

Como estratégia para enfraquecer o opositor, Erdogan tem apostado em pintar Kilicdaroglu como próximo ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) para enfraquecê-lo entre os nacionalistas religiosos.

Para o colunista da EXAME, Maurício Moura,é importante esmiuçar os motivos da popularidade de Erdogan. Em sue recente artigo na edição de maio da revista, o CEO do IDEIA Big Data escreve que  oprimeiro pilar da estratégia de Erdogan é a aposta pesada no populismo econômico, conhecido na Turquia como "Erdonomics".

"Ao contrário da governança macroeconômica básica, o presidente da Turquia escolheu, via política, forçar uma queda das taxas de juro com a inflação em constante alta." Ele cita como exemplo o programa de crédito imobiliário a juros irrisórios e a aprovação de uma lei que permitiu 2 milhões de turcos a anteciparem suas aposentadorias.

Erdogan também mirou seus esforços no eleitorado mais conservador com umanarrativa pró-islâmica alimentada por ele. Esse eleitorado fica fora dos grandes centros urbanos e se sentia excluído pela elite secular que governou a Turquia por décadas, observa Moura.

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