Alexis Tsipras: "Resistiremos até o final de nosso mandato e lembro que isso será no outono de 2019" (Ronen Zvulun/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 10h27.
Atenas - O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, descartou nesta terça-feira buscar uma aliança com outros partidos para garantir a maioria parlamentar e reafirmou que o governo do Syriza "não será um parêntesis".
Tsipras fez esta declaração durante um discurso para seu grupo parlamentar, retransmitido pela televisão, horas antes do início do debate sobre o Orçamento Geral de 2016.
"Resistiremos até o final de nosso mandato e lembro que isso será no outono de 2019", disse Tsipras, lançando assim uma dupla mensagem, para dentro e para fora do partido.
Foi uma tentativa de Tsipras de garantir o apoio dos deputados da coalizão do governo, uma maioria que ficou reduzida a apenas dois votos após a última votação sobre algumas medidas das reformas estipuladas com os credores.
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro grego quis dissipar as especulações dos últimos dias sobre um possível mudança na coalizão diante da atual fragilidade parlamentar.
"Se há instabilidade, não é do Syriza, mas de outros que em algumas horas se reunirão nesta mesma sala", disparou Tsipras, apontando ao principal partido da oposição, os conservadores da Nova Democracia, imersos atualmente em uma crise de liderança.
Tsipras descartou a possibilidade de formar um governo de grande maioria ou de tecnocratas, como reivindicou um dos partidos da oposição, o União de Centristas.
O primeiro-ministro se mostrou convencido de que o governo conseguirá tirar a Grécia da crise, o que permitirá finalmente abrir o debate sobre a reestruturação da dívida, e lançou um duro ataque contra as políticas anteriores de conservadores e social-democratas.
"Em muito pouco tempo conseguimos coisas importantes em condições muito difíceis", disse, ao lembrar que a Grécia já obteve sinal verde para receber a primeira parcela do resgate, no valor de dois bilhões de euros, e que realizou com sucesso o processo de recapitalização dos bancos.
Tsipras destacou que o governo conseguiu proteger do despejo boa parte dos hipotecários que estão inadimplentes.
No entanto, a lei de execuções hipotecárias é um dos pontos chave do pacote de medidas que custou ao governo dois deputados, pois o acordo com os credores ficou muito atrás das aspirações iniciais do Executivo.