Supremacistas Brancos na Virginia: presidente Donald Trump tem sido criticado pela falta de dureza contra o grupo (Alejandro Alvarez/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 14 de agosto de 2017 às 06h09.
Última atualização em 14 de agosto de 2017 às 10h46.
Embora ainda tecnicamente de férias, o presidente americano Donald Trump terá uma segunda-feira de muito trabalho. No começo da manhã ele deixa seu resort de golfe no estado de Nova Jersey e parte rumo a Washington, onde deve dar uma coletiva à imprensa antes de ir, à noite, para Nova York, onde tem reuniões na Trump Tower até quarta-feira. Tudo isso enquanto os Estados Unidos ainda absorvem o choque de confrontos entre racistas e supremacistas brancos e grupos de direitos humanos, que tomaram a cidade de Charlottesville, estado de Virgínia.
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Na noite de sexta e no sábado, muitos dos membros da marcha “Unir a direita” portavam armas de grosso calibre, bandeiras nazistas e confederadas, tochas (um símbolo antigo do grupo racista e segregacionista Klu Klux Klan) e entoavam gritos em que admitiam ser nazistas. Na Virgínia, há leis que permitem que qualquer cidadão carregue armas pelas ruas. Pessoas contrárias à ideia do protesto foram às ruas e os grupos entraram em confronto, deixando três mortos e mais de 30 feridos. Um carro — dirigido por um garoto de 20 anos que, segundo familiares e professores, tinha uma fixação pelo ditador Adolf Hitler — atropelou diversas pessoas que protestavam contra o grupo racista.
Se até sexta-feira a ameaça era o norte-coreano Kim Jong-un, agora os Estados Unidos vivem o problema do terrorismo doméstico, com grupos de extrema-direita se tornando cada vez mais ativos. E Trump, depois de falar grosso com Kim, tem sido criticado pela reação claudicante sobre os eventos na Virginia. No sábado, Trump afirmou que a “chocante manifestação de ódio, intolerância e violência de muitos lados levou a um nível inaceitável de violência”. A reação do presidente em não categorizar a violência vinda de grupos extremistas gerou revolta na população.
Diversos assessores e conselheiros passaram o domingo em entrevistas defendendo a posição do presidente. Até mesmo o vice-presidente Mike Pence, em viagem à América Latina, afirmou que grupos como supremacistas brancos, neo-nazistas e a KKK “não têm espaço na vida pública americana e que devem ser condenados nos termos mais fortes possíveis”.
O grupo de direitos Southern Poverty Law Center mantém registro de ataques e organizações motivadas por ódio desde os anos 1990. Atualmente, são estimados 917 grupos de ódio nos Estados Unidos, alguns já tendo planejado ataques a bomba a bancos, refinarias, clínicas, sinagogas, mesquitas, pontes. Muitos dos agitadores de domingo são apoiadores de Trump, incluindo Jason Kessler, residente de Charlottesville e um dos organizadores do “Unir a Direita”. As contradições de Trump, mais uma vez, estarão a seu lado na coletiva de imprensa desta segunda-feira.