Mundo

Trump quer que parte do valor da venda do TikTok vá para o governo

Presidente disse à Microsoft, interessada no app, que o governo dos EUA deveria receber "uma parte" do valor, porque fez com que o negócio acontecesse

Donald Trump: se a Microsoft comprar o TikTok "uma parte substancial desse preço terá de vir para o Tesouro dos Estados Unidos", disse o presidente (Leah Millis/Reuters)

Donald Trump: se a Microsoft comprar o TikTok "uma parte substancial desse preço terá de vir para o Tesouro dos Estados Unidos", disse o presidente (Leah Millis/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 3 de agosto de 2020 às 16h28.

Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 18h57.

O presidente americano Donald Trump quer uma fatia da potencial venda do app chinês TikTok. A repórteres na Casa Branca, Trump disse nesta segunda-feira, 3, que apoia que a Microsoft ou outras empresas americanas comprem o aplicativo de vídeos, mas que o governo americano deveria receber uma parcela por "ter tornado o negócio possível".

Trump também confirmou que conversou no domingo, 2, com o presidente da Microsoft, Satya Nadella, sobre o desejo da empresa americana em comprar o TikTok. O app, que passa de 1 bilhão de usuários no mundo e mais de 100 milhões nos Estados Unidos, pertence à chinesa ByteDance.

A companhia vem sendo pressionada pelo governo americano, que afirma que a ByteDance fornece dados de usuários ao governo chinês.

"Eu de fato disse que 'se você comprar [o TikTok]... uma parte substancial desse preço terá de vir para o Tesouro dos Estados Unidos, porque estamos tornando possível o negócio acontecer'. Nesse momento eles não têm nenhum direito se não os dermos a eles", disse Trump sobre sua conversa com Nadella.

Nos últimos dias, se intensificou a pressão para que a ByteDance venda o TikTok a alguma companhia fora da China — uma empresa "muito americana", segundo disse Trump hoje. O governo americano liderado por Trump ameaça barrar as atividades do TikTok no país.

A Microsoft confirmou seu interesse em comprar o aplicativo, que a faria dar um salto sem precedentes no segmento de redes sociais.

"Eu disse, 'veja, ele não pode ser controlado pela China por questões de segurança'", disse Trump. "Então esse é o negócio, eu não me importo se quem compre é a Microsoft ou alguma outra — uma grande empresa, uma empresa segura, uma empresa muito americana".

Acordo sem Brasil

A Microsoft disse que tem interesse em comprar parte do TikTok nos Estados Unidos, na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia. O restante da operação seguiria com a ByteDance. O acordo pretendido pela Microsoft deixaria de fora do novo braço da empresa regiões como a Europa e a América do Sul, incluindo o Brasil.

Embora a negociação entre as partes esteja acontecendo, as empresas ainda não divulgaram potenciais valores. A Microsoft afirmou apenas que espera ter um acordo até 15 de setembro.

Segundo a Reuters, investidores no mercado privado já avaliam o TikTok em mais de 50 bilhões de dólares — número superior, por exemplo, ao atual valor de mercado do concorrente Snap, que vale 31 bilhões de dólares na bolsa dos Estados Unidos.

As ações da Microsoft operavam em alta acima de 5% nesta segunda-feira. Investidores veem com bons olhos uma possível compra do TikTok, que ampliaria o público consumidor dos produtos da empresa.

Mais forte no mundo corporativo do que nos produtos para jovens, a Microsoft é dona de produtos como o pacote de produtividade Office, o sistema operacional Windows e a rede social corporativa LinkedIn, além de serviços de nuvem e dos produtos de games vinculados ao Xbox.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)MicrosoftTikTok

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua