Mundo

Trump ignora CIA e defende príncipe saudita no caso Khashoggi

O presidente americano afirmou que o mundo deveria ser responsabilizado pela morte do jornalista saudita, "porque é um lugar muito cruel"

EUA: Trump afirmou que se tivesse criticado a Arábia Saudita, os EUA "não teriam ninguém como aliado" (Eric Thayer/Reuters)

EUA: Trump afirmou que se tivesse criticado a Arábia Saudita, os EUA "não teriam ninguém como aliado" (Eric Thayer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 11h04.

Última atualização em 26 de novembro de 2018 às 11h21.

Mar-a-Lago, EUA - O presidente dos EUA, Donald Trump, ignorou a conclusão da CIA de que o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, ordenou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. O líder americano afirmou que, na verdade, esse foi só um "sentimento" da agência, que segundo ele não chegou a uma conclusão definitiva sobre o envolvimento do príncipe na morte de Khashoggi.

Em declarações a repórteres em seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida, Trump defendeu seu contínuo apoio a Salman diante da afirmação da CIA de que o príncipe ordenou a morte do jornalista saudita, um colaborador do Washington Post.

"Ele (príncipe) nega isso veementemente", disse Trump, acrescentando que, em sua opinião, ele "talvez tenha culpa, talvez não". "Odeio o crime, odeio o acobertamento. Vou te dizer: o príncipe herdeiro odeia isso mais do que eu."

Questionado sobre quem, na sua opinião, deveria ser responsabilizado pela morte de Khashoggi, que assassinado no consulado saudita em Istambul, Trump não quis citar nomes. "Talvez o mundo deveria ser responsabilizado, porque o mundo é um lugar muito cruel", disse.

O presidente americano também sugeriu que todos os aliados dos EUA tiveram o mesmo comportamento dos americanos, declarando que, se eles tivessem seguido as críticas contra a Arábia Saudita nos últimos dias, "não teríamos ninguém como aliado".

Gravações

Depois de oferecer várias explicações contraditórias, na semana passada Riad disse que Khashoggi foi morto e seu corpo foi esquartejado após as negociações para persuadi-lo a voltar à Arábia Saudita terem fracassado.

Um jornal da Turquia afirmou nesta quinta-feira, 22, que a diretora da CIA, Gina Haspel, indicou a autoridades turcas que a agência tem uma gravação de um telefonema no qual o príncipe herdeiro deu instruções para "silenciar" o jornalista. Riad alega que o príncipe não teve conhecimento prévio do assassinato.

"Há rumores sobre uma outra gravação", afirmou o jornal "Hurriyet", segundo o qual a suposta ligação foi entre o príncipe e seu irmão, o embaixador saudita em Washington. "O príncipe herdeiro teria dado ordens para silenciar Jamal Khashoggi o mais cedo possível em um telefonema monitorado pela CIA", diz o jornal.

Khashoggi foi assassinado em 2 de outubro durante uma operação que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, garante ter sido ordenada pelo nível mais alto da liderança saudita.

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaAssassinatosCIADonald TrumpEstados Unidos (EUA)JornalistasTurquia

Mais de Mundo

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano

Argentinos de classe alta voltam a viajar com 'dólar barato' de Milei

Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo