Donald Trump, cercado de colaboradores e familiares, na convenção republicana em Milwaukee, em 15 de julho de 2024 (AFP/AFP Photo)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 18 de julho de 2024 às 17h15.
Última atualização em 18 de julho de 2024 às 17h16.
O ex-presidente e candidato republicano nas eleições dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, discursa na noite desta quinta-feira, 18, encerrando a Convenção Nacional Republicana. Será seu primeiro discurso público após o atentado que quase lhe tirou a vida no sábado, 13. E o que mais importa é o tom que Trump adotará: se ele inflamará a narrativa ou buscará um teor de união nacional que sinalize aos eleitores independentes.
O podcast O Caminho para a Casa Branca está diretamente da convenção, em Milwaukee, no Wisconsin, para acompanhar os detalhes do discurso de Trump. Em novo episódio, o podcast, composto por Rafael Balago, repórter da EXAME, Luciano Pádua, editor da EXAME, e Mauricio Moura, sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, e professor da Universidade George Washington, analisa os principais pontos que definirão a convenção republicana e o futuro da corrida eleitoral americana.
Previsto para começar às 21h09 e durar cerca de 55 minutos, o discurso promete ser pessoal e focado na união.
Para Maurício Moura, o atentado recente levou a campanha de Trump a reformular o discurso, com o próprio Trump escrevendo-o para garantir um tom mais pessoal.
Além disso, a base do republicano é extremamente mobilizada, o que faz com que ele lidere as pesquisas, na avaliação de Moura.
"Mas se ele quiser ir além da base dele e tentar eventualmente conquistar eleitores independentes ou eleitores que votaram no Biden em 2020 e que estão dizendo que vão votar em ninguém, ele vai precisar moderar o tom e pregar uma união", diz Moura.
Todavia, lembra o analista, Trump até aqui nunca moderou seu discurso. "Acompanho o Trump desde 2015m quando começaram as primárias republicanas na primeira eleição dele. Sempre falaram que ele moderaria o tom e ele nunca exerceu esse papel", afirma. "Então, estou muito curioso para ver se ele vai humanizar um pouco o discurso e baixar a temperatura. É a grande questão de hoje."
Na noite anterior, J.D. Vance, candidato a vice-presidente, fez um discurso destacando sua origem humilde em Ohio, tentando atrair trabalhadores dos estados chave de Michigan, Wisconsin e Pensilvânia.
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Vance também buscou se apresentar ao público americano, utilizando sua trajetória pessoal e profissional para se conectar com os eleitores.
Maurício Moura comentou também sobre a crescente pressão sobre o presidente Joe Biden dentro do Partido Democrata.
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Políticos como Adam Schiff, influente congressista democrata, sugeriram a saída de Biden, e há rumores de que ele poderia desistir no próximo final de semana. Essa pressão é multifacetada, envolvendo aspectos políticos, financeiros, midiáticos e familiares, segundo Moura.
Moura observa que a ala trumpista domina a convenção republicana, monopolizando os debates e discursos. Embora existam representações moderadas como Nikki Haley, o apoio a Trump é predominante.
"A convenção reflete claramente que o partido é, atualmente, o partido de Donald Trump, com forte presença de símbolos e apoiadores", afirma.
A EXAME amplia sua cobertura das eleições dos Estados Unidos a partir desta segunda-feira, 15. A equipe da revista acompanhará de perto as convenções dos partidos republicano e democrata, e também fará reportagens sobre os estados decisivos para a disputa.
O repórter Rafael Balago, o editor Luciano Pádua e o analista Mauricio Moura estão nos Estados Unidos para esta cobertura.
Balago cobre política internacional desde 2018. Foi repórter e correspondente do jornal Folha de S.Paulo nos Estados Unidos, por um ano. Pádua fez mestrado em gestão pública em Harvard e foi repórter e editor em veículos como Veja e Jota. Moura é professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital.
As convenções partidárias são o momento de confirmação dos candidatos presidenciais. Do lado republicano, Donald Trump deve assegurar a nomeação sem questionamentos, que deve ser impulsionado após o atentado do último sábado, 13.
Do lado democrata, a situação está mais incerta. O presidente Joe Biden, que busca a reeeleição, teve vitória fácil nas primárias, mas viu sua candidatura ser questionada após ir mal em um debate, no fim de junho.
Biden vem sofrendo pressão pública para desistir e abrir espaço a um novo nome. Ele vem repetindo que quer seguir na disputa, mas não tem conseguido convencer os aliados e doadores que o andam criticando.
Caso Biden desista nas próximas semanas, a convenção democrata, marcada para os dias 19 a 22 de agosto, será o prazo máximo para que o novo candidato ou candidata seja definido. Há incertezas de como o processo funcionaria, já que o presidente venceu as primárias. Um caminho possível é que ele libere os delegados que conquistou para votarem livremente em outro candidato. Isso, no entanto, faria com que a participação dos eleitores democratas, que votaram nas primárias, seja reduzida.
A cobertura da disputa nos Estados Unidos está sendo feita pela EXAME de várias formas. O programa O Caminho para a Casa Branca traz episódios que analisam, desde janeiro, o andamento da disputa e está disponível em vídeo, no YouTube, e como podcast no Spotify, ambos com acesso gratuito.