Milão - A capital econômica da Itália, Milão, foi palco nesta quinta-feira de um tiroteio dramático dentro do tribunal de justiça que provocou a morte de ao menos três pessoas, entre elas um advogado e um magistrado.

Testemunhas do crime afirmaram que o homem sacou uma arma e disparou contra seu próprio advogado e uma testemunha, depois apontou contra outras duas pessoas que estavam nos assentos reservados para o público em uma sala do terceiro andar do edifício.

Posteriormente desceu ao segundo andar do tribunal e disparou contra o juiz Fernando Ciampi, do setor de fraudes e falências.

Além do juiz Ciampi faleceu o advogado Lorenzo Alberto Claris Appiani, atingido por um tiro no coração depois de ter renunciado a representá-lo.

"De repente, ouvimos de três a quatro tiros. Tentávamos entender o que acontecia e muitos policiais apareceram e mandaram que permanecêssemos nas salas", contou à AFP Marcello Ilia, um advogado.

O agressor, Claudio Giardiello, de 57 anos, um empresário do setor imobiliário e imputado por bancarrota, fugiu em uma moto.

Após cerca de meia hora de buscas foi detido em Vimercato, a 25 km de nordeste de Milão, anunciou o ministro do Interior, Angelino Alfano.

O ministro se encontrava em Milão para presidir uma reunião do comitê nacional para a segurança visando a Exposição Universal de Milão, que será inaugurada em 1º de maio.

O tiroteio provocou polêmica sobre as medidas de segurança nesta cidade que se prepara para receber mais de 20 milhões de visitantes nos próximos sete meses.

Agressivo e paranoico

O homem, considerado por um de seus ex-advogados como uma pessoa agressiva e paranoica, conseguiu entrar armado no palácio de justiça e escapar burlando todas as medidas de segurança.

Segundo meios de comunicação locais, um dos detectores de metais de uma das entradas estava quebrado.

Uma pessoa ficou gravemente ferida, enquanto um dos três falecidos foi encontrado morto perto das escadas, ao que parece de um infarto, já que o corpo não apresentava ferimentos de bala, explicaram os socorristas.

O tiroteio gerou pânico entre as pessoas que estavam dentro do edifício e muitas se trancaram dentro de uma das salas adjacentes, segundo as mensagens enviadas por telefones celulares pelos funcionários do tribunal.

"Fui advogado deste senhor por problemas com uma mediação imobiliária. É uma pessoa particular, elegante, mas sempre agressiva, convencida de que querem se aproveitar dele", contou o advogado Valerio Maraniello.

Anna Bernasconi Deluca, jornalista da agência OmniMilano, estava no átrio do terceiro andar, a poucos metros da sala onde ocorreu o tiroteio.

"Ouvi uns quatro tiros. Vi pessoas correndo. Me escondi atrás de uma coluna e por isso não consegui ver o agressor. Entrei na sala de audiências e vi dois feridos e um morto", contou à AFP.

A zona foi rapidamente isolada pela polícia, que ordenou que as pessoas permanecessem nas salas para iniciar posteriormente a evacuação, primeiro das mulheres e depois dos homens, após um severo controle de todos os pertences.

O palácio de justiça, de sete andares, encontra-se no centro histórico, não muito distante do Duomo, a famosa catedral gótica.