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Tese de cremação de estudantes no México é desmentida

Grupo de cientistas afirmou que a versão da procuradoria sobre cremação de 43 estudantes não tem nenhuma sustentação

Pessoas seguram placas com imagens de alguns dos 43 estudantes desaparecidos no México (Reuters/Henry Romero)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 22h02.

Cidade do México - Um grupo de cientistas mexicanos afirmou nesta quinta-feira que a versão da procuradoria sobre a cremação de 43 estudantes desaparecidos no estado de Guerrero em 26 de setembro "não tem nenhuma sustentação em evento e/ou fenômenos físicos, químicos ou naturais".

Em entrevista coletiva, Jorge Antonio Montemayor, pesquisador do Instituto de Física da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), explicou que as provas mostradas pela procuraodia demonstram que "os ossos sofreram uma cremação em alta temperatura em um crematório moderno".

O titular da Procuradoria Geral da República (PGR), Jesús Murillo, anunciou em 7 de novembro em entrevista coletiva que os estudantes foram assassinados e queimados, de acordo com o testemunho de três dos 80 detidos no caso.

Segundo esta versão, policiais municipais capturaram os estudantes na cidade de Iguala e os entregaram a membros do cartel Guerreros Unidos, que os queimaram - alguns inclusive vivos - em uma pira que ardeu durante 14 horas em um lixão de Cocula, no estado de Guerrero.

Se a fogueira tivesse sido feita com lenha, teriam sido necessárias 33 toneladas de troncos, o que suporia uma maior premeditação e implicaria em perguntar onde essa quantidade de madeira foi comprada, assinalou Montemayor, após fazer uma análise do relatório apresentado pela PGR.

A área onde a cremação teria acontecido não tem dimensões suficientes para queimar com 43 corpos com lenha, que seriam de 18 metros de largura por 26 metros de comprimento, apontou.

Além disso, "a hipótese de mistura de combustíveis entre aros das rodas e lenha achada no lugar produziria um cenário quase de fogo de aros das rodas, com uma coluna de fumaça visível a vários quilômetros de distância", indicou.

Segundo Montemayor, essa fogueira teria deixado "resíduos em forma de aros das rodas derretidas e quase mil rolos de arame de aço".

Após a suposta cremação, os restos dos estudantes teriam sido jogados no rio em bolsas de lixo, segundo os depoimentos de três autores confessos.

No domingo, a procuradoria informou que o DNA extraído de um dos restos ósseos achados pelas autoridades e entregues para análise na Universidade de Innsbruck, na Áustria, é de Alexander Mora, um dos 43 estudantes de magistério da Escola Normal Rural de Ayotzinapa desaparecido.

No entanto, E equipe Argentina de Antropologia Legista (EAAF), que participa da investigação, ressaltou que, apesar de ter corroborado com os resultados do laboratório da Áustria, "não foi testemunha da descoberta do fragmento que culminou nesta identificação".

De acordo com Montemayor, agora Murillo tem um "gravíssimo problema".

"Já que não foram queimados em Cocula, resta saber quem os queimou, onde e quem foi que deu a informação à PGR que esses restos estavam no rio", comentou.

Os cientistas pediram às funerárias e instalações que tenham fornos crematórios que entreguem "voluntariamente seus registros históricos de consumo e compra de gás, com datas de até um ano atrás e que compreendam as datas de interesse".

A análise apresentada nesta quinta-feira, que será levada à Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e à ONU, foi realizada por um grupo de investigadores", apesar de só estar assinada por Montemayor e por Pablo Ugalde Vélez, da Universidade Autônoma Metropolitana de Azcapotzalco.

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Cidade do México - Um grupo de cientistas mexicanos afirmou nesta quinta-feira que a versão da procuradoria sobre a cremação de 43 estudantes desaparecidos no estado de Guerrero em 26 de setembro "não tem nenhuma sustentação em evento e/ou fenômenos físicos, químicos ou naturais".

Em entrevista coletiva, Jorge Antonio Montemayor, pesquisador do Instituto de Física da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), explicou que as provas mostradas pela procuraodia demonstram que "os ossos sofreram uma cremação em alta temperatura em um crematório moderno".

O titular da Procuradoria Geral da República (PGR), Jesús Murillo, anunciou em 7 de novembro em entrevista coletiva que os estudantes foram assassinados e queimados, de acordo com o testemunho de três dos 80 detidos no caso.

Segundo esta versão, policiais municipais capturaram os estudantes na cidade de Iguala e os entregaram a membros do cartel Guerreros Unidos, que os queimaram - alguns inclusive vivos - em uma pira que ardeu durante 14 horas em um lixão de Cocula, no estado de Guerrero.

Se a fogueira tivesse sido feita com lenha, teriam sido necessárias 33 toneladas de troncos, o que suporia uma maior premeditação e implicaria em perguntar onde essa quantidade de madeira foi comprada, assinalou Montemayor, após fazer uma análise do relatório apresentado pela PGR.

A área onde a cremação teria acontecido não tem dimensões suficientes para queimar com 43 corpos com lenha, que seriam de 18 metros de largura por 26 metros de comprimento, apontou.

Além disso, "a hipótese de mistura de combustíveis entre aros das rodas e lenha achada no lugar produziria um cenário quase de fogo de aros das rodas, com uma coluna de fumaça visível a vários quilômetros de distância", indicou.

Segundo Montemayor, essa fogueira teria deixado "resíduos em forma de aros das rodas derretidas e quase mil rolos de arame de aço".

Após a suposta cremação, os restos dos estudantes teriam sido jogados no rio em bolsas de lixo, segundo os depoimentos de três autores confessos.

No domingo, a procuradoria informou que o DNA extraído de um dos restos ósseos achados pelas autoridades e entregues para análise na Universidade de Innsbruck, na Áustria, é de Alexander Mora, um dos 43 estudantes de magistério da Escola Normal Rural de Ayotzinapa desaparecido.

No entanto, E equipe Argentina de Antropologia Legista (EAAF), que participa da investigação, ressaltou que, apesar de ter corroborado com os resultados do laboratório da Áustria, "não foi testemunha da descoberta do fragmento que culminou nesta identificação".

De acordo com Montemayor, agora Murillo tem um "gravíssimo problema".

"Já que não foram queimados em Cocula, resta saber quem os queimou, onde e quem foi que deu a informação à PGR que esses restos estavam no rio", comentou.

Os cientistas pediram às funerárias e instalações que tenham fornos crematórios que entreguem "voluntariamente seus registros históricos de consumo e compra de gás, com datas de até um ano atrás e que compreendam as datas de interesse".

A análise apresentada nesta quinta-feira, que será levada à Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e à ONU, foi realizada por um grupo de investigadores", apesar de só estar assinada por Montemayor e por Pablo Ugalde Vélez, da Universidade Autônoma Metropolitana de Azcapotzalco.

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