Turquia e Síria Terremoto (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 13 de fevereiro de 2023 às 11h56.
O balanço do terremoto que abalou a Turquia e a Síria há uma semana superou mais de 35.000 mortes nesta segunda-feira, 13. Devido às poucas perspectivas de encontrar sobreviventes, os esforços agora se concentram em ajudar as centenas de milhares de pessoas que ficaram desabrigadas.
Uma semana após o terremoto de magnitude 7,8, a mídia turca continua relatando que as equipes de resgate conseguiram retirar sobreviventes dos escombros de cidades inteiras que ficaram em ruínas.
O saldo confirmado é de 35.224 mortos, 31.643 na Turquia e 3.581 na Síria, o que torna este cataclismo o quinto mais mortal desde o início do século XXI.
A ONU denuncia o fracasso no envio de ajuda à Síria, um país já devastado por mais de uma década de guerra.
Na Síria, o número de mortos permanece estável há dias, o que indica que o saldo pode aumentar. A cada dia que passa as chances de encontrar sobreviventes diminuem.
Na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro, foram montadas 30.000 barracas e há 48.000 pessoas desabrigadas em escolas e outras 11.500 alojadas em centros esportivos.
Esta província conta com centenas de equipes de socorristas mobilizadas. Em sete áreas da província os socorristas já concluíram o seu trabalho.
A cidade turca de Antakya, uma cidade milenar conhecida como Antioquia na antiguidade, foi devastada e o terremoto destruiu a mesquita mais antiga do país.
"Este lugar tem um significado muito importante para nós", disse Havva Pamukcu, com um suspiro. "Era um lugar precioso para todos nós, turcos e muçulmanos. As pessoas costumavam vir aqui antes de fazer a peregrinação a Meca".
A poucos metros, uma igreja ortodoxa fundada no século XIV - e reconstruída em 1870 após um terremoto anterior - perdeu todas as suas paredes.
Na cidade, equipes de remoção de escombros começaram a trabalhar e instalar banheiros de emergência. Um repórter da AFP constatou o retorno do sinal de telefone.
Antakya é patrulhada por um grande contingente de policiais e militares para impedir os saques ocorridos no fim de semana.
O vice-presidente turco, Fuat Oktay, disse no domingo que 108.000 prédios foram danificados na área atingida pelo terremoto, 1,2 milhão de pessoas estão alojadas em moradias estudantis e 400.000 afetados foram retirados da região. Na Turquia, cresce a indignação com a má qualidade dos edifícios e a resposta do governo.
A situação é especialmente complexa na Síria, onde Bab al Hawa é o único ponto pelo qual a ajuda internacional pode entrar em áreas sob controle rebelde após quase 12 anos de guerra civil.
Os suprimentos são vitais para um país onde o sistema de saúde e a infraestrutura estão em ruínas após o conflito entre o governo de Bashar al-Assad e vários grupos rebeldes que controlam parte do território.
Dez caminhões da ONU passaram pelo cruzamento de Bab al Hawa em direção ao noroeste da Síria, segundo um jornalista da AFP.
O comboio está carregado com materiais, como plásticos para montar abrigos de emergência, cordas e cobertores, mas também ferramentas como chaves de fenda e pregos.
O diretor de emergências da ONU, Martin Griffiths, disse que é preciso muito mais ajuda para as milhões de pessoas que estão desabrigadas.
"Até agora, falhamos com o povo do noroeste da Síria. Eles se sentem abandonados. Eles buscam a ajuda internacional que não chegou", disse Griffiths no Twitter.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se reuniu no domingo com Assad em Damasco e disse que o presidente sírio afirmou estar disposto a abrir mais passagens de fronteira para permitir a entrada de ajuda nas zonas sob controle dos rebeldes.
"As crises combinadas de conflito, covid, cólera, declínio econômico e, agora, o terremoto, têm um custo insuportável", afirmou Tedros depois de visitar a cidade síria de Aleppo.
As equipes de resgate sírias reclamam da falta de sensores e equipamentos avançados de busca, por isso precisam cavar cuidadosamente os escombros com pás ou com as próprias mãos.
"Se tivéssemos esse tipo de equipamento, teríamos salvado centenas de vidas, ou mais", lamentou Alaa Moubarak, chefe da defesa civil em Jableh, no noroeste da Síria.