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Talibã bane meninas do ensino médio no Afeganistão

“Todos os professores e alunos do sexo masculino devem frequentar suas instituições de ensino”, afirma o comunicado, sem citar meninas

Alunas assistem aula em Herat: Talibã havia afirmado que deixaria meninas seguirem na escola (AFP/AFP)

Alunas assistem aula em Herat: Talibã havia afirmado que deixaria meninas seguirem na escola (AFP/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2021 às 16h02.

Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 21h40.

O Talibã anunciou que escolas de ensino médio vão reabrir apenas para meninos, segundo informou o grupo nesta sexta-feira, 17.

Quando assumiu o poder em agosto, o Talibã havia afirmado que deixaria meninas seguirem na escola até a faculdade, mas este primeiro anúncio mais específico sobre educação aumenta as dúvidas sobre o futuro.

“Todos os professores e alunos do sexo masculino devem frequentar suas instituições de ensino”, afirma o comunicado, sem citar as mulheres.

As escolas de ensino médio estavam fechadas nos últimos dois meses diante da saída das forças dos Estados Unidos e retomada do poder pelo Talibã, que aprofundou a crise humanitária no país.

O anúncio sobre as escolas foi feito pelo novo Ministério da Educação, montado nas últimas semanas já sob o governo talibã. O comunicado também falou especificamente sobre "professores homens", e não citou as professoras.

Na prática, a ausência de autorização para as professoras e alunas mulheres no comunicado de hoje aponta que as meninas não participarão da reabertura das escolas por ora.

As mulheres representam 49% da população do Afeganistão, de 38 milhões de habitantes.

Mulheres em universidades

Neste mês, em outro anúncio sobre educação, o governo do Talibã divulgou que permitira que mulheres frequentassem as universidades especificamente, sem dar detalhes até então sobre a educação básica.

Mas no caso do Ensino Superior, o governo baniu as aulas misturadas entre homens e mulheres e exigiu vestimenta específica das alunas, com véu completo.

"Decidimos separar (homens e mulheres) porque as classes mistas são contrárias aos princípios do Islã e às nossas tradições", disse o governo no comunicado. 

O anúncio levantou preocupação em algumas universidades, que afirmam não ter meios materiais e financeiros para se adequar à separação por sexo e que isso pode estimular os alunos (frequentadores de turmas mistas) a deixar o país para estudar no exterior.

Quando governou o Afeganistão, de 1996 até 2001, antes da invasão americana, o Talibã adotou uma versão radical da sharia (lei islâmica), que impedia completamente educação e emprego às mulheres.

Além disso, as cidadãs eram obrigadas a usar a burca, vestimenta que cobre todo o corpo e tem apenas uma pequena abertura na altura dos olhos. Também eram proibidas de sair sem um acompanhante masculino.

Desde que voltaram ao poder, os talibãs vinham se esforçando para mostrar uma face mais moderada aos olhos do mundo, mas havia dúvidas sobre a nova fase do grupo na comunidade internacional.

O grupo também afirmou após tomar o poder que a burca não será obrigatória e que outro tipo de hijab poderia ser suficiente, ao mesmo tempo que indicaram que as mulheres teriam autorização para trabalhar "respeitando os princípios do Islã".

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