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Tailândia e Camboja levam disputa fronteiriça para a ONU

Países acusam um ao outro de iniciar uma crise que colocou fim ao cessar-fogo

Tropas tailandesas se preparam após confrontos com exército do Camboja (Athit Perawongmetha/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 08h29.

Bangcoc - Tailândia e Camboja enviarão seus ministros de Assuntos Exteriores ao Conselho de Segurança das Nações Unidas devido aos últimos enfrentamentos entre tropas de ambos os países ao redor do templo de Preah Vihear, em uma área da fronteira em disputa, informaram nesta quarta-feira fontes oficiais.

Os países acusam um ao outro de iniciar uma crise que colocou fim ao cessar-fogo estipulado na segunda-feira após quatro dias de combates.

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Os choques deixaram pelo menos oito mortos, dezenas de feridos, milhares de desabrigados nos dois lados da fronteira e danos no templo declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

O ministro de Assuntos Exteriores tailandês, Kasit Piromya, e seu colega cambojano, Hor Namhong, acordaram nesta terça-feira se reunir em um terceiro país, segundo o jornal "Bangcoc Post", e viajarão na segunda-feira a Nova York para uma reunião convocada posteriormente pela presidente do Conselho, a embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti.

"Tomamos como uma boa oportunidade para informar o Conselho de Segurança o que ocorreu", disse o porta-voz do Ministério tailandês, Thani Thongpakdi.

Também está previsto que participe da reunião o ministro de Assuntos Exteriores indonésio, Marty Natalegawa, representando a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), cuja Presidência rotatória é exercida este ano pelo país.


"As duas nações devem abordar o problema de maneira bilateral porque se trata de um conflito fronteiriço que requer negociações", disse nesta terça-feira Natalegawa depois de se reunir com as autoridades em Phnom Penh e Bangcoc.

Camboja e Tailândia são membros da Asean, organização que pretende conseguir em 2015 uma integração econômica regional de seus Estados-membros, da qual também fazem parte Mianmar, Brunei, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Cingapura e Vietnã.

Após os combates de segunda-feira, Camboja pediu às Nações Unidas o desdobramento de forças de paz para prevenir novos enfrentamentos, enquanto a Tailândia acusou Phnom Penh de tentar "internacionalizar" uma disputa que, segundo Bangcoc, deve ser resolvida de maneira bilateral, sem a participação de terceiros.

Camboja e Tailândia arrastam o conflito desde julho de 2008, quando a Unesco reconheceu Preah Vihear, um templo khmer do século XI, como Patrimônio da Humanidade no Camboja.

O Governo tailandês apoiou inicialmente a decisão mas, pressionado pela oposição, se retratou e pediu à Unesco que adiasse a declaração até que houvesse um acordo sobre a fronteira.

A Tailândia admite que o conjunto monumental se encontra em território cambojano, tal como sentenciou em 1962 a corte internacional de Haia, mas reivindica uma área de 6,4 quilômetros quadrados situada nos arredores.

Os dois países assinaram em 2000 um memorando de entendimento para criar uma comissão bilateral que se encarrega de delimitar a fronteira.

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