Mundo

Suspensão do Parlamento gera protestos no Reino Unido

Milhares de pessoas saíram às ruas para condenar a atitude de Johnson, considerada por muitos uma ameaça à democracia no país

A data para o Brexit está prevista para 31 de outubro (Toby Melville/Reuters)

A data para o Brexit está prevista para 31 de outubro (Toby Melville/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 11h33.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 11h33.

A decisão do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de forçar a suspensão das atividades do Parlamento britânico nesta quarta-feira (28/08), gerou revolta no meio político e protestos em diversas cidades do Reino Unido.

A medida, que deverá valer por cinco semanas a partir de 10 de setembro, é vista como uma tentativa de bloquear os esforços dos parlamentares contrários ao Brexit.

Milhares de pessoas saíram às ruas para condenar a atitude de Johnson, considerada por muitos uma ameaça à democracia no país. Manifestações ocorreram em Londres, Edimburgo, Cardiff, Manchester, Bristol, Cambridge e Durham. A maior delas foi realizada em frente à sede do Parlamento, na capital britânica.

Uma petição contra a suspensão do Parlamento reuniu mais de 1 milhão de assinaturas em menos de um dia.

"O Parlamento não deve ser suspenso ou dissolvido a menos e até que o período do Artigo 50 [referente ao Tratado de Lisboa, que determina os procedimentos para os países que queiram deixar a União Europeia] seja suficientemente estendido ou que a intenção do Reino Unido de deixar a União Europeia tenha sido cancelada", dizia o texto da petição.

Opositores chegaram a denunciar a manobra de Johnson como uma tentativa de golpe ou até uma "declaração de guerra". O premiê argumenta que a medida foi necessária para que o governo possa avançar com uma nova agenda legislativa "ousada e ambiciosa".

"O Parlamento terá a oportunidade de debater o programa do governo como um todo e lidar com o Brexit", disse Johnson em carta aos parlamentares.

A suspensão do Parlamento foi autorizada pela rainha Elizabeth 2ª, que desempenha a função de chefe de Estado. O anúncio da manobra ocorreu pouco depois de as lideranças dos partidos de oposição concordarem em se unir para tentar bloquear um Brexit sem acordo.

O líder da oposição, Jeremy Corbyn, definiu a medida como um assalto à democracia e reforçou a possibilidade de convocar uma moção de desconfiança que poderia resultar na deposição de Johnson pelo Parlamento, onde o premiê possui uma frágil maioria de apenas uma cadeira a mais do que a oposição.

Corbyn enviou uma carta à Elizabeth 2ª para expressar preocupação em relação aos planos de Johnson e pediu à monarca uma reunião privada para abordar o assunto, o que também foi feito pela líder do Partido Liberal Democrata, Jo Swinson.

"Protestei nos termos mais fortes em nome do meu partido e de todos os outros partidos que vão se unir para dizer que suspender o Parlamento não é aceitável", disse Corbyn. "O que o primeiro-ministro está fazendo é uma espécie de assalto à democracia para forçar uma saída da União Europeia sem acordo."

O presidente da Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento), John Bercow, que geralmente não comenta assuntos do governo, classificou a medida de uma "aberração constitucional". "É óbvio que o propósito dessa suspensão agora seria impedir que o Parlamento debata sobre o Brexit e cumpra com seu dever de definir o rumo do país", completou. Com a suspensão, o Parlamento britânico deixará de se reunir entre 10 de setembro e 14 de outubro. Os trabalhos apenas serão retomados com a abertura da nova legislatura, que ocorre após uma cerimônia chamada "o discurso da rainha", que Johnson pediu para que a monarca adiasse.

A retomada das atividades do Parlamento também ficou bastante próxima de uma reunião do Conselho Europeu para discutir o Brexit, marcada para 17 e 18 de outubro. A reunião é vista como um momento-chave para que o governo consiga um novo acordo de última hora com os europeus.

A data para o Brexit está prevista para 31 de outubro, e Johnson vem declarando repetidamente que uma saída sem acordo (o "no deal") é uma possibilidade.

 

Acompanhe tudo sobre:Boris JohnsonBrexitCrise políticaReino UnidoUnião Europeia

Mais de Mundo

O que é o Projeto Manhattan, citado por Trump ao anunciar Musk

Donald Trump anuncia Elon Musk para chefiar novo Departamento de Eficiência

Trump nomeia apresentador da Fox News como secretário de defesa

Milei conversa com Trump pela 1ª vez após eleição nos EUA