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Suíça e Áustria investigam espionagem em negociações com Irã

Os países europeus anunciaram a abertura de investigações sobre possível espionagens em hotéis que abrigaram negociações sobre o programa nuclear iraniano

Vista do Hotel Beau Rivage Palace, em Lausanne, França, onde ocorreram as negociações nucleares (BRENDAN SMIALOWSKI/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2015 às 21h02.

Suíça e Áustria anunciaram, nesta quinta-feira, a abertura de investigações sobre uma possível espionagem nos hotéis que abrigaram as negociações sobre o programa nuclear iraniano, ao mesmo tempo em que especialistas informáticos acusavam Israel de estar por trás desta ação.

A procuradoria suíça abriu em maio uma investigação por suspeitas de espionagem informática, declarou nesta quinta-feira o Ministério Público, confirmando informações da rede de televisão pública RTS.

"Foi apreendido material informático no dia 12 de maio durante uma inspeção", disse a procuradoria.

Segundo a RTS, três dos hotéis que abrigaram estas negociações entre as grandes potências e o Irã foram infectados por um vírus informático.

Desde novembro de 2013, os países do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) e o Irã se reuniram várias vezes na Suíça para tentar fechar um acordo que garanta o caráter pacífico do programa nuclear em troca do levantamento das sanções ocidentais contra Teerã.

Do lado da Áustria, "há investigações em andamento" especialmente sobre o Palácio Coburgo, que acolheu várias rodadas de negociações em Viena, declarou à AFP Karl-Heinz Grundbock, um porta-voz do ministério do Interior.

Um membro da equipe iraniana afirmou que os negociadores do Irã sempre foram cautelosos ante os riscos de espionagem e escutas telefônicas, indicou a agência IRNA.

"As negociações têm inimigos que usam todos os meios" possíveis, acrescentou, afirmando que os negociadores iranianos conseguiram preservar o sigilo.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Jeffrey Rathke, explicou que o governo americano estava "a par" destas investigações, sem se pronunciar sobre uma eventual colaboração judicial entre Washington, Viena e Berna.

Rathke reafirmou a confiança de Washington no sigilo das negociações. "Tomamos e estamos tomando todas as medidas para estar seguros de que os detalhes confidenciais das negociações fiquem no sigilo das portas fechadas", explicou.

Em março, o jornal americano The Wall Street Journal havia acusado Israel de ter espionado estas negociações. Segundo o periódico, que citou autoridades americanas, a operação israelense pretendia reunir informações para se opor à assinatura de um acordo definitivo sobre o programa nuclear iraniano.

Israel havia negado estas acusações. "Israel deve, é claro, defender seus interesses em matéria de segurança (...) mas não espionamos os Estados Unidos. Há participantes suficientes nestas negociações, incluindo os iranianos", havia declarado em março o ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman.

A vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, afirmou nesta quinta-feira à rádio militar israelense que as novas acusações não têm fundamento. "O que é muito mais importante é impedir um acordo ruim, caso contrário ficaremos sob a ameaça nuclear iraniana", declarou.

Vírus de computador

A companhia russa de segurança informática Kaspersky Lab anunciou na quarta-feira que havia descoberto um vírus denominado Duqu em sua própria rede interna, e considerou que ele havia sido utilizado para espionar as negociações sobre o Irã em 2014 e 2015.

O Duqu, que se acreditava erradicado desde 2012, é um sofisticado programa de espionagem similar ao vírus Stuxnet, considerado por muitos observadores como proveniente de Israel.

"Nossa análise técnica indica que estes novos ataques incluem uma versão atualizada do vírus Duqu de 2011, considerado às vezes 'um cunhado' do Stuxnet", afirma Kaspersky.

O Stuxnet é um vírus desenvolvido por Estados Unidos ou Israel em 2007, ou até mesmo antes. No outono (do hemisfério norte) de 2010 atacou o programa nuclear iraniano, em particular suas centrífugas, para tentar frear os esforços de Teerã, suspeito de querer desenvolver uma bomba atômica.

Os especialistas da Kaspersky ressaltaram que o novo Duqu é muito difícil de detectar, porque não muda nenhuma das regulações dos computadores e redes informáticas às quais ataca.

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Suíça e Áustria anunciaram, nesta quinta-feira, a abertura de investigações sobre uma possível espionagem nos hotéis que abrigaram as negociações sobre o programa nuclear iraniano, ao mesmo tempo em que especialistas informáticos acusavam Israel de estar por trás desta ação.

A procuradoria suíça abriu em maio uma investigação por suspeitas de espionagem informática, declarou nesta quinta-feira o Ministério Público, confirmando informações da rede de televisão pública RTS.

"Foi apreendido material informático no dia 12 de maio durante uma inspeção", disse a procuradoria.

Segundo a RTS, três dos hotéis que abrigaram estas negociações entre as grandes potências e o Irã foram infectados por um vírus informático.

Desde novembro de 2013, os países do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) e o Irã se reuniram várias vezes na Suíça para tentar fechar um acordo que garanta o caráter pacífico do programa nuclear em troca do levantamento das sanções ocidentais contra Teerã.

Do lado da Áustria, "há investigações em andamento" especialmente sobre o Palácio Coburgo, que acolheu várias rodadas de negociações em Viena, declarou à AFP Karl-Heinz Grundbock, um porta-voz do ministério do Interior.

Um membro da equipe iraniana afirmou que os negociadores do Irã sempre foram cautelosos ante os riscos de espionagem e escutas telefônicas, indicou a agência IRNA.

"As negociações têm inimigos que usam todos os meios" possíveis, acrescentou, afirmando que os negociadores iranianos conseguiram preservar o sigilo.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Jeffrey Rathke, explicou que o governo americano estava "a par" destas investigações, sem se pronunciar sobre uma eventual colaboração judicial entre Washington, Viena e Berna.

Rathke reafirmou a confiança de Washington no sigilo das negociações. "Tomamos e estamos tomando todas as medidas para estar seguros de que os detalhes confidenciais das negociações fiquem no sigilo das portas fechadas", explicou.

Em março, o jornal americano The Wall Street Journal havia acusado Israel de ter espionado estas negociações. Segundo o periódico, que citou autoridades americanas, a operação israelense pretendia reunir informações para se opor à assinatura de um acordo definitivo sobre o programa nuclear iraniano.

Israel havia negado estas acusações. "Israel deve, é claro, defender seus interesses em matéria de segurança (...) mas não espionamos os Estados Unidos. Há participantes suficientes nestas negociações, incluindo os iranianos", havia declarado em março o ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman.

A vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, afirmou nesta quinta-feira à rádio militar israelense que as novas acusações não têm fundamento. "O que é muito mais importante é impedir um acordo ruim, caso contrário ficaremos sob a ameaça nuclear iraniana", declarou.

Vírus de computador

A companhia russa de segurança informática Kaspersky Lab anunciou na quarta-feira que havia descoberto um vírus denominado Duqu em sua própria rede interna, e considerou que ele havia sido utilizado para espionar as negociações sobre o Irã em 2014 e 2015.

O Duqu, que se acreditava erradicado desde 2012, é um sofisticado programa de espionagem similar ao vírus Stuxnet, considerado por muitos observadores como proveniente de Israel.

"Nossa análise técnica indica que estes novos ataques incluem uma versão atualizada do vírus Duqu de 2011, considerado às vezes 'um cunhado' do Stuxnet", afirma Kaspersky.

O Stuxnet é um vírus desenvolvido por Estados Unidos ou Israel em 2007, ou até mesmo antes. No outono (do hemisfério norte) de 2010 atacou o programa nuclear iraniano, em particular suas centrífugas, para tentar frear os esforços de Teerã, suspeito de querer desenvolver uma bomba atômica.

Os especialistas da Kaspersky ressaltaram que o novo Duqu é muito difícil de detectar, porque não muda nenhuma das regulações dos computadores e redes informáticas às quais ataca.

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