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Sombra do Estado Islâmico paira sobre o Afeganistão

Autoridades provinciais sustentam que seguidores do EI tratam de abrir o caminho para que o grupo se instale no Afeganistão


	EI: autoridades locais garantiram que grupo está se implantando em províncias onde talibãs têm forte presença
 (AFP)

EI: autoridades locais garantiram que grupo está se implantando em províncias onde talibãs têm forte presença (AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 16h15.

Cabul - As bandeiras pretas do Estado Islâmico (EI) já começaram a tremular no Afeganistão entre rumores e comentários sobre se a presença do grupo jihadista é real ou trata-se simplesmente de grupos mafiosos, oportunistas e ex-talibãs tentando tirar lucro das circunstâncias.

Nas últimas semanas, várias autoridades locais garantiram que o EI está se implantando em províncias onde os talibãs têm forte presença, embora analistas e, inclusive especialistas da Otan, o considerem "improvável".

Autoridades provinciais sustentam que seguidores do EI tratam de abrir o caminho para que o grupo se instale no Afeganistão com membros que carregam bandeiras pretas e usam máscaras.

"Recebemos algumas informações indicando que o EI está recrutando seguidores no Afeganistão, mas não achamos que seja uma quantidade grande", disse à Agência Efe Christopher Belcher, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão.

A organização não considera que o EI contribua para o aumento da violência ou represente uma ameaça para o governo afegão.

"Não consideramos que os talibãs possam formar uma sociedade com esta organização nem lhes convidem a realizar operações no Afeganistão", acrescentou.

Os responsáveis em matéria de segurança do governo afegão evitam falar da possível presença do EI no país, mas aceitam que alguns grupos insurgentes tentam se mostrar como parte dessa organização terrorista.

"Não tememos informações oficiais sobre atividades do EI em território afegão", disse à Efe um porta-voz do Ministério do Interior que pediu anonimato.

No entanto, há vozes que garantem que estas atividades existem.

O deputado Obaidullah Barakzai afirmou que o mulá Abdul Rauf Khadim, que esteve preso em Guantánamo, recrutou guerrilheiros para o EI, também conhecido como Daish (seu acrônimo em árabe), na volátil província sudoeste de Helmand.

"Khadim tem 200 ou 300 guerrilheiros que dirigem carros de luxo, levam armas modernas e recebem boas quantidades de dinheiro", disse à Efe o legislador.

O governador da província nortista de Kunduz, Mohammad Omar Safi, disse à Efe, por sua vez, que cerca de 70 novos membros por dia do EI são treinados no distrito Dashti-Archi.

No domingo passado, nos arredores de Cabul, homens armados que se apresentaram como soldados do EI assassinaram a tiros o mulá Abdul Gani, um comandante talibã.

Khalilullah Kamal, chefe de distrito de Charkh, onde ocorreu o fato, disse à Efe que há diferenças sérias entre os talibãs e o novo grupo.

Já na opinião do ex-general Atigullak Amakhil, o EI pode recrutar muitos soldados no Afeganistão pegando "boas quantidades de pessoas pobres, particularmente os mais jovens, que em sua maioria não têm trabalho".

Para além dessa possibilidade, a presença real do grupo jihadista não parece algo significativo no Afeganistão.

"Não vejo membros reais do Estado Islâmico, aqueles que levantam bandeiras e proclamam sua afiliação ao EI são oportunistas, grupos mafiosos, traficantes de drogas e os talibãs que não estão mais com os talibãs", explicou Mir Ahmad Joyenda, pesquisador e subdiretor da Unidade de Investigação e Avaliação do Afeganistão (Areu).

Para ele, o EI não encontrará terreno apropriado para crescer no país já que não pode aproveitar diferenças religiosas e étnicas entre o povo.

Por sua vez, os talibãs, que no passado rejeitaram qualquer vinculação com o EI, evitam se pronunciar sobre o assunto.

Em uma consulta da Efe respondida a partir de um e-mail utilizado habitualmente pelos talibãs para entrar em contato com a imprensa estrangeira em Cabul, o porta-voz desse grupo Zabihullah Mujahid declarou que "esse assunto requer uma investigação completa".

"Quando nossa investigação for concluída compartilharemos os resultados e nossa postura com a imprensa", acrescentou.

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