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Sobrevivente do Boko Haram relata como grupo matou família

Jovem de 15 anos compartilhou publicamente sua experiência pela primeira vez para "ajudar às outras meninas e as pessoas a entender o que está acontecendo"


	O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau (c): jovem nigeriana lembrou que Boko Haram levava tempo perseguindo seu pai e que membros do grupo queimaram sua igreja um mês antes de matá-lo

	
	
 (YouTube/AFP)

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau (c): jovem nigeriana lembrou que Boko Haram levava tempo perseguindo seu pai e que membros do grupo queimaram sua igreja um mês antes de matá-lo (YouTube/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2014 às 18h07.

Washington - Deborah Peters, a adolescente nigeriana que sobreviveu a um ataque do grupo radical islâmico Boko Haram, relatou nesta terça-feira em Washington como em dezembro de 2011 três membros do grupo terrorista entraram em sua casa e mataram seu pai, que era pastor cristão, e seu irmão.

A jovem, de 15 anos e natural de Chibok, cidade do noroeste da Nigéria onde permanecem sequestradas em uma escola mais de 200 meninas, e que agora mora nos Estados Unidos, compartilhou publicamente sua experiência pela primeira vez para "ajudar às outras meninas e as pessoas a entender o que está acontecendo" em seu país.

"Três homens chamaram na porta de casa, e entraram perguntando pelo meu pai. O tiraram do chuveiro e perguntaram se ele ia mudar de fé. Ele disse que não. Atiraram três vezes em seu peito", narrou a adolescente no centro de estudos Instituto Hudson.

"Meu irmão ficou em choque e perguntou por que tinham feito aquilo. Disseram que, se deixassem, ele cresceria e se tornaria pastor como meu pai. Então, dispararam duas vezes nele. Meu irmão caiu, mas ainda se movimentava. Foram na direção dele e atiraram outra vez na boca e então caiu morto", prosseguiu.

A jovem nigeriana, que agora cursa o ensino médio nos Estados Unidos apoiada por uma fundação que apoia às vítimas do terrorismo, lembrou também que Boko Haram levava tempo perseguindo seu pai e que membros do grupo queimaram sua igreja um mês antes de matá-lo.

Deborah, que afirmou que poderia ser uma das meninas sequestradas se não tivesse abandonado a Nigéria. Ao terminar seu discurso, abriu um cartaz em que estava escrito "Bring back my sisters" ("Tragam de volta as minhas irmãs"), em alusão ao movimento que está circulando pelo mundo "Bring back our girls" (Tragam de volta nossas meninas).

O advogado e analista de relações entre Nigéria e Estados Unidos Emmanuel Ogebe assinalou na entrevista coletiva que espera que a história de Deborah Peters "coloque um rosto humano à realidade da Nigéria".

Ogebe denunciou o "genocídio religioso" que acontece no norte da Nigéria, especialmente pela "escalada" de violência do Boko Haram deve ser olhado "desde o prisma da jihad global".

"A comunidade internacional precisa responder efetivamente ao que está acontecendo na Nigéria", reivindicou o advogado.

Ogebe pediu, além disso, ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, que até novembro do ano passado não reconhecia o Boko Haram como organização terrorista, a "reavaliar a situação" que vive o país africano.

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