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Sindicatos turcos anunciam greve geral por acidente em mina

Vários sindicatos turcos convocaram uma greve geral para amanhã em protesto pelo acidente em uma mina do oeste da Turquia

Mineiro é carregado após resgate em mina na Turquia: morreram pelo menos 232 pessoas (REUTERS/Yasin Akgul/Depo Photos)
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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2014 às 14h32.

Ancara - Vários sindicatos turcos convocaram uma greve geral para amanhã em protesto pelo acidente em uma mina do oeste da Turquia , onde morreram pelo menos 232 pessoas, e que foi causado, segundo denunciaram nesta quarta-feira, pela falta de medidas de segurança e pela exploração laboral.

"Os sindicatos DISK e KESK, a União Turca de Médicos (TTB) e a União de Colégios de Arquitetos e Engenheiros (TMMOB) decidimos ir à greve, mas achamos que outros sindicatos se unirão e haverá protestos em quase todas as cidades do país", declarou o secretário-geral do KESK, Ismail Tombul, à Agência Efe por telefone.

O sindicato de funcionários KESK e a Confederação de Sindicatos Operários Revolucionários (DISK), ambos vinculados à oposição, são duas das cinco maiores centrais do país, mas as principais organizações operárias simpatizam com o governo islamita.

Cemalettin Sagtekin, membro do TMMOB, denunciou na emissora "CNNTürk" as condições trabalhistas dos mineradores, que recebem salários de apenas 1.200 a 1.500 liras turcas mensais, equivalentes a 400-500 euros.

"A causa das mortes é a ambição descontrolada dos patrões. Os engenheiros que devem fazer os controles regulares recebem seu salário da mesma empresa", acusou Sagtekin.

"Isso não é um acidente, é um crime", disse à imprensa Tayfun Görgün, presidente do sindicato dos mineradores Dev-Maden Sen.

"Não havia mortos quando as minas pertenciam à TKI, a empresa estatal do carvão; as mortes começaram com a privatização. Não são acidentes, são assassinatos", reforçou.

De fato, Alp Gürkan, dono da empresa de mineração Soma Holding, diretor do poço no qual aconteceu ontem o acidente, havia declarado há dois anos ao jornal "Hürriyet" que conseguiu baixar intensamente os custos da exploração, uma vez que se decidiu privatizar a mina em 2005.


"Antes, tirar uma tonelada de carvão tinha um custo de US$ 130-140 e, agora, nos comprometemos a fazer isso por US$ 23,80, já incluindo os 15% de licença que se pagamento ao TKI", expôs Gürkan.

O promotor-chefe da província de Manisa, Durdu Kavak, disse ao mesmo jornal que seu escritório iniciou uma investigação sobre o acidente de ontem.

Mas "os chefes responsáveis, os que deveríamos deter em primeiro lugar, morreram junto com os operários", ressaltou.

Um ex-presidente do Colégio de Engenheiros de Minas, Mehmet Torun, se mostrou em dúvida se a causa da catástrofe pudesse ter sido a explosão de um transformador elétrico, como avançaram as autoridades.

"Achamos que a causa foi um incêndio em resíduos antigos da extração de carvão; podem se incendiar se não forem tomadas medidas de precaução e isso produz o mortal monóxido de carbono", detalhou Torun.

A Turquia tem a pior taxa de segurança laboral da Europa, com uma média de três operários mortos por dia, e os acidentes mineradores são um problema crônico.

Um estudo da Universidade de Kirikkale mostra que o setor minerador é o mais perigoso do país, acima do metalúrgico e do da construção.

O número de acidentes aumentou entre 2004 e 2010 até constituir esse ano 14% de todos os acidentes industriais, enquanto os mineradores só constituem 1,3% da mão-de-obra do país.

Em média, ao ano morrem 80 operários em acidentes de mineração na Turquia, segundo esse estudo, o que equivale a um de cada mil empregados.

São Paulo – Apesar da pressão ambiental contrária crescente, o carvão continua sendo uma importante fonte na matriz energética mundial, suprindo cerca de 40% da demanda total de energia . Seu apelo econômico e reservas abundantes lhe garantem uma fila de súditos insáciáveis. Segundo um estudo divulgado esta semana pelo World Resources Institute, existem cerca de 1,2 mil projetos para instalação de novas usinas a carvão em andamento pelo mundo, com uma capacidade total instalada de 1.401.278 megawatts (MW) - o equivalente a 100 hidrelétricas de Itaipu. Veja a seguir quem são os 10 países mais dependentes dessa fonte suja para geração de energia e quantas novas usinas eles planejam. Os cálculos são com base em dados de 2010.
  • 2. 1 - China

    2 /12(Getty Images)

  • Veja também

    Consumo de carvão: 3,3 bilhões de toneladas Produção de carvão: 3,1 bilhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 79% Número de novas usinas propostas: 363
  • 3. 2 - Estados Unidos

    3 /12(Getty Images)

  • Consumo de carvão: 960 milhões de toneladas Produção de carvão: 997 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 45% Número de novas usinas propostas: 36
  • 4. 3 - Índia

    4 /12(Getty Images/Getty Images)

    Consumo de carvão: 659 milhões de toneladas Produção de carvão: 570 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 69% Número de novas usinas propostas: 455
  • 5. 4 - Rússia

    5 /12(Getty Images)

    Consumo de carvão: 234 milhões de toneladas Produção de carvão : 324 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 35% Número de novas usinas propostas: 48
  • 6. 5 - Alemanha

    6 /12(Getty Images)

    Consumo de carvão: 228 milhões de toneladas Produção de carvão: 182 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 44% Número de novas usinas propostas: 10
  • 7. 6 - África do Sul

    7 /12(Alexander Joe/AFP)

    Consumo de carvão: 187 milhões de toneladas Produção de carvão: 254 milhões de tonelada s Fatia na geração nacional de energia: 93% Número de novas usinas propostas: 8
  • 8. 7 - Japão

    8 /12(Getty Images)

    Consumo de carvão: 186 milhões de toneladas Produção de carvão: não disponível Fatia na geração nacional de energia: 25% Número de novas usinas propostas: 4
  • 9. 8 - Polônia

    9 /12(Getty Images)

    Consumo de carvão: 142 milhões de toneladas Produção de carvão: 133 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 90% Número de novas usinas propostas: 13
  • 10. 9 - Austrália

    10 /12(Getty Images)

    Consumo de carvão: 132 milhões de toneladas Produção de carvão: 420 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 76% Número de novas usinas propostas: 9
  • 11. 10 - Coreia do Sul

    11 /12(Chung Sung-Jun/Getty Images)

    Consumo de carvão: 118 milhões de toneladas Produção de carvão: 2 milhões de toneladas Fatia na geração nacional de energia: 30% Número de novas usinas propostas: 2
  • 12 /12(John Gress)

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