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Serra: é preciso outra combinação de câmbio e juros

José Serra, do PSDB, acredita que o cenário atual desestimula os investimentos

O ex-governador de São Paulo também criticou a forma como o BNDES capta recursos
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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2010 às 17h19.

São Paulo - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, disse, nesta segunda-feira (31), que é preciso outra combinação de políticas macroeconômicas de juros e câmbio para que o Brasil tenha um crescimento sustentável nas próximas três décadas. "A equação juros elevados e câmbio valorizado é desfavorável ao investimento", afirmou José Serra, que participou do EXAME Fórum, em São Paulo, que debate o tema "Brasil - A Construção da 5ª Maior Economia do Mundo".

O tucano disse que o câmbio valorizado acelera as importações, substituindo a produção nacional. Serra afirmou que tinha um reparo a fazer sobre os financiamentos do BNDES. "O dinheiro do BNDES, que vem do FAT, está esgotado e sendo substituído por assunção de dívida pública direta. É uma espécie de conta movimento com taxa de juros que se criou no Brasil negativa para o governo porque o governo paga mais do que cobra nessa transferência de recursos."

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E acrescentou: "Eu faria isso para formação de capital novo. Eu acho que no meio de uma crise é correto entrar para impedir que empresas quebrem, e auxiliar fusões de grupos, mas já restabelecida a normalidade econômica, não faz sentido - mesmo gostando - estimular as fusões com dinheiro público. As fusões devem ser feitas com dinheiro privado e não com dinheiro público, que tem um custo do ponto de vista do setor público. No entanto, continua (o dinheiro do BNDES) indo para tudo. Até para incorporações aqui e no exterior que não acrescentam formação de capital no sentido tradicional e no conceito que significa em economia."

O ex-governador de São Paulo também disse que a União investe muito pouco, "não mais que 3,5% das suas receitas", enquanto os estados e municípios representam, em média, 70% do investimento público. "Os municípios investem 7,3% e os estados, mais de 9%", afirmou Serra.

O tucano afirmou que as concessões de estradas do governo federal foram mal sucedidas. "Nós temos duas estradas com sérios problemas em São Paulo. Quais são? As federais Fernão Dias e a Régis Bittencourt, que continua sendo a estrada da morte. Esse modelo de concessão não funcionou", disse.

Serra criticou a elevada carga tributária, "a mais alta entre os países emergentes".  O tucano demonstrou preocupação com o déficit em conta corrente, que, segundo ele, cresceu muito sem que houvesse uma grande expansão da economia brasileira.

Segundo o ex-governador de São Paulo, cuidar do meio ambiente é crucial para o desenvolvimento do Brasil. Ele reafirmou que falta gestão ao governo federal. "Qualidade de gestão é totalmente contraditório com loteamento político", disse o tucano. "O crucial para nós é o emprego e os empresários são nossos aliados", concluiu José Serra.

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