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Será o fim da era Netanyahu em Israel?

Primeiro-ministro israelense é indiciado por corrupção no momento em que deputados precisam decidir sobre o próximo chefe de governo do país

Netanyahu: premiê foi indiciado por corrupção e abuso de confiança (Ronen Zvulun/Reuters)

Netanyahu: premiê foi indiciado por corrupção e abuso de confiança (Ronen Zvulun/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 16h29.

É este o fim da era Benjamin Netanyahu? O indiciamento por corrupção do primeiro-ministro de Israel no exato momento em que os deputados devem decidir sobre o próximo chefe de governo pode precipitar o fim do reinado de "Bibi" - estimam analistas ouvidos pela AFP.

Pela primeira vez em sua história, Israel acorda com um primeiro-ministro indiciado. E por corrupção, quebra de confiança e malversação em três casos diferentes, o pior cenário para Benjamin Netanyahu desde que a Justiça começou a investigá-lo.

Nos bastidores, alguns acreditam que o procurador-geral Avichai Mandelblit iria arquivar algumas acusações, ou mesmo todo o caso contra Netanyahu, no poder há dez anos sem interrupção.

Na quinta-feira, porém, o procurador-geral o indiciou por todas as acusações possíveis. No curto prazo, é o poder de Benjamin Netanyahu, líder do partido de direita Likud, que é questionado.

Por quê? Netanyahu não conseguiu convencer 61 parlamentares, a maioria necessária para formar um governo após as eleições de abril e de setembro. Seu rival, o centrista Benny Gantz, também falhou nessa tarefa, e o presidente israelense Reuven Rivlin teve de confiar a tarefa ao próprio Parlamento.

"O fim é claro"

Nas próximas três semanas, os parlamentares deverão, portanto, escolher entre encontrar um novo primeiro-ministro capaz de conquistar uma maioria, ou levar o país à terceira disputa eleitor

al em menos de um ano.

"Independentemente de questões morais e legais, a situação política do primeiro-ministro é dolorosamente clara: suas chances de chegar a 61 assentos são quase inexistentes, assim como suas chances de formar um quinto governo", diz Amit Segal, comentarista de direita no jornal "Yediot Aharonot".

"O fim está claro. A questão agora é o quão acidentada será a estrada", escreveu Yehuda Yifrah, comentarista do semanário "Makor Rishon", também de direita.

Benny Gantz, ex-chefe do Exército, que cobiça o cargo de primeiro-ministro, pediu a "demissão" de seu grande rival após seu indiciamento.

Alguns dos principais aliados do premiê garantiram que vão continuar a apoiá-lo, destacando que ele ainda não foi declarado culpado. Entre eles, o ministro da Educação, Rafi Peretz, do partido de direita "Lar Judaico", e o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, e a ministra da Cultura, Miri Regev, militantes do Likud.

Já no início da próxima semana, Netanyahu estará em risco, porque a lei israelense proíbe que um ministro, e não o primeiro-ministro, permaneça no cargo se for acusado.

No entanto, além do cargo de primeiro-ministro, em suspenso até as deliberações dos deputados, Netanyahu acumula as pastas da Agricultura, Saúde, Assuntos Sociais e Diáspora, das quais provavelmente terá que sair.

Mestre na arte da sobrevivência política, Benjamin Netanyahu, de 70 anos, prometeu "não desistir", denunciando um "golpe" da Justiça.

Ele pediu que "se investigue os investigadores", assim como a mobilização de seus apoiadores, enquanto uma manifestação anti-Netanyahu está programa para hoje em Tel Aviv.

Já nesta sexta à tarde, declarou-se disposto a aceitar a sentença judicial, em um vídeo divulgado on-line.

"Aceitaremos as decisões do tribunal, que não haja dúvida", declarou Netanyahu, reiterando que "agiremos conforme o Estado de Direito".

Hoje, cerca de 80 manifestantes anti-Netanyahu, alguns deles com cartazes que diziam "Corrupto, vá para casa", reuniram-se na sede de seu partido, o Likud, em Tel Aviv. Do outro lado, simpatizantes de Netanyahu entoavam palavras de ordem.

O golpe fatal pode vir do seu próprio campo, o partido do Likud, que deverá escolher se o apoia contra todas as probabilidades, ou se o deixa para apoiar outro candidato ao cargo de primeiro-ministro.

Na quinta-feira, pouco antes da acusação do primeiro-ministro, uma liderança do partido, Gideon Saar, pediu a realização de primárias no Likud. Segundo ele, no caso de uma terceira votação, "não é razoável pensar que Netanyahu será capaz de obter uma maioria".

"Acredito que eu seria capaz formar um governo e de unir o país e a nação", declarou Saar, adversário de Netanyahu dentro desta sigla.

"Uma rebelião consequente emerge dentro do Likud", avalia Ofer Zalzberg, analista no International Crisis Group.

"Tudo faz pensar em que esta oposição entre os dirigentes do partido vai aumentar nos próximos dias, ou semanas".

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