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Senadores republicanos tentam emplacar novo projeto de saúde

Após derrota de Trump para revogar o Obamacare, seus aliados de partido tentam emplacar uma nova proposta para cumprir a promessa de campanha do presidente

Saúde: o projeto cortaria vários benefícios atualmente em vigor, como assistência-maternidade e serviços hospitalares (Mike Blake/Reuters)
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AFP

Publicado em 23 de junho de 2017 às 06h40.

Senadores republicanos dos Estados Unidos lançaram, nesta quinta-feira, um novo projeto de lei de saúde para cumprir a promessa do presidente Donald Trump de revogar grande parte do Obamacare. A resistência de quatro colegas conservadores, contudo, arrisca a iniciativa.

Os democratas se uniram contra a controversa medida. Eles consideram ela um sinal de guerra ao Medicaid, o programa de saúde voltado para americanos de baixa renda.

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Durante os últimos sete anos, os republicanos lutaram contra o sistema de saúde lançado por Barack Obama, apelidado de Obamacare.

O novo projeto de lei parece ser uma versão menos austera da que foi aprovada pela Câmara dos Representantes. Esta poderia, de acordo com uma previsão do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), deixar 23 milhões de pessoas sem seguro de saúde.

Contudo, o projeto de 142 páginas cortaria vários benefícios atualmente em vigor, como assistência-maternidade e serviços hospitalares. A nova lei também eliminaria pedidos para que a maioria dos americanos tenha seguro de saúde.

A versão do Senado adia os cortes ao Medicaid e mantém os créditos ficais da Lei de Proteção e Cuidado Acessível ao Paciente, assinada por Obama para ajudar a população de baixa renda a garantir um seguro de saúde por pelo menos dois anos.

"Apoio o projeto de lei do Senado #HealthcareBill,", escreveu Trump, tentando promover a iniciativa. "Lembrem, o Obamacare está morto".

O senador Mitch McConnell, líder dos republicanos, apresentou o projeto de lei, que circulou sigilosamente pelas mãos de alguns assessores e legisladores, numa sessão do partido a portas fechadas.

Quatro republicanos, entretanto, se opuseram de imediato: Ted Cruz, Mike Lee, Ron Johnson e Rand Paul.

Para a liderança do partido, isso é um problema, já que os republicanos têm 52 dos 100 assentos no Senado. Ou seja, não podem enfrentar tantas deserções. Questionado sobre o que seria necessário para mudar seu voto, Paul revelou: "Tem que ser menos uma versão light do Obama e mais o que prometemos".

Alcançar 50 votos

"Parece que gostamos que o subsídio ao Obamacare continue e... Creio que o gasto atual do Obamacare pode crescer nos próximos dois anos", completou.

Os senadores ainda avaliam "se há coisas que podemos refinar, e torná-lo mais aceitável para os membros da nossa bancada, para alcançar os 50 votos", opinou o senador John Thune. "Acho que o verdadeiro desafio agora é como vamos chegar aos 50 votos".

Os legisladores logo voltaram aos seus escritórios para redigir o novo texto.

Durante a campanha presidencial, Donald Trump prometeu desmantelar a reforma da saúde de seu predecessor. O presidente fez um breve comentário sobre o projeto de lei revelado, dizendo que vai precisar de "um pouco de negociação, mas vai ficar muito bom".

Obama reagiu em uma nota no Facebook, dizendo que este projeto de lei favorece os mais ricos em detrimento da classe média e das famílias mais pobres, e que aumentará os custos, reduzirá a cobertura, eliminará medidas de proteção e "arruinará o Medicaid como o conhecemos".

Mesmo que a medida seja modificada por meio de emendas no Congresso, isso "não pode mudar a mesquinhez fundamental no centro desta legislação", acrescentou o ex-presidente.

McConnell disse que espera um novo cálculo do CBO para a próxima semana, que deve "fortalecer o debate".

"Os democratas podem decidir se manter na sua posição enquanto sua lei falha continua a colapsar e a ferir americanos, mas eu espero que, em vez disso, eles se unam a nós para levar alívio às famílias que têm sofrido com o Obamacare há tanto tempo", disse McConnell.

O líder dos republicanos também afirmou que quer que a votação definitiva ocorra no fim do mês, mas estará aberto a mudanças durante o processo.

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