Senado dos EUA aprova ajuda à Ucrânia, mas Câmara Baixa pode rejeitá-la
O pacote de 95 bilhões de dólares (472 bilhões de reais) inclui financiamento para as Forças Armadas de Israel e para o seu aliado estratégico, Taiwan
Agência de notícias
Publicado em 13 de fevereiro de 2024 às 14h35.
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira, 13,60 bilhões de dólares (298 bilhões de reais na cotação atual) em financiamento para a Ucrânia, mas o projeto corre o risco de não ser aprovado pela Câmara dos Representantes, de maioria republicana, segundo o seu presidente Mike Johnson.
O pacote de 95 bilhões de dólares (472 bilhões de reais) inclui financiamento para as Forças Armadas de Israel e para o seu aliado estratégico, Taiwan, mas a maior parte – 60 bilhões de dólares – ajudaria a Ucrânia a repor os esgotados fornecimentos de munições, armas e outras necessidades cruciais à medida que se inicia o terceiro ano de guerra.
O projeto de lei, que o Senado votou nesta madrugada e aprovou com apoio tanto dos democratas quanto dos republicanos, não inclui mudanças na política de imigração dos EUA. Exclui as reformas migratórias e foi aprovado por 70 votos a favor e 29 contra, com o apoio de vários republicanos.
Um texto anterior do Senado, que cobria tanto a fronteira como a ajuda externa, foi bloqueado por membros do próprio partido de Johnson, depois de este também ter prometido derrubá-lo na Câmara dos Representantes devido a preocupações de que não abordasse suficientemente as travessias ilegais de fronteira.
"Os republicanos da Câmara foram muito claros desde o início das discussões que qualquer legislação suplementar de segurança nacional deve reconhecer que a segurança nacional começa na nossa própria fronteira", disse o presidente da Câmara dos Representantes em um comunicado.
Johnson já havia declarado que o primeiro projeto de lei do Senado, que incluía algumas das restrições à imigração mais duras em décadas, mas que, segundo ele, não ia suficientemente longe, estaria "morto assim que chegasse" à sua câmara.
A sua retórica correspondeu à do ex-presidente Donald Trump, que apelou energicamente à rejeição do projeto de lei enquanto se candidata novamente à Casa Branca e procura explorar a suposta fraqueza de Joe Biden na questão migratória.
Apesar de meses de negociações bipartidárias sobre o projeto de lei de ajuda externa, os republicanos do Senado conseguiram bloquear o seu avanço.
Divisões entre republicanos
"O Senado fez o certo na semana passada ao rejeitar a legislação Ucrânia-Taiwan-Gaza-Israel-Migração devido às suas disposições insuficientes em relação às fronteiras, e deveria ter voltado à mesa para alterar o projeto de lei atual com a finalidade de incluir disposições reais de segurança fronteiriça", disse Johnson.
Sobre a questão, o líder republicano reforçou que "não tendo recebido quaisquer alterações na política de fronteiras do Senado, a Câmara terá que continuar trabalhando por sua própria vontade nestas questões importantes".
O impasse republicano sobre o projeto de lei surge em meio a uma falta de coesão dentro do partido e um aparente desejo de alguns de manter a questão da fronteira em aberto antes das eleições.
A oposição de Johnson a esta medida de assistência à defesa da Ucrânia também o deixa desconectado do líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell.
Antes de votação, no domingo, sobre o avanço do pacote de ajuda, McConnell, sem fazer menção a ele, instou seus colegas a rejeitarem a abordagem isolacionista de Trump e seus aliados de direita na Câmara, incentivando que pensassem sobre a mensagem que os Estados Unidos estariam enviando aos cidadãos se não apoiassem a Ucrânia contra a Rússia ou outras democracias ameaçadas.
"Nossos aliados e parceiros esperam que a nação indispensável, o líder do mundo livre, tenha a determinação para continuar. E os nossos adversários esperam algo muito diferente", enfatizou.
No final de semana, Trump causou indignação entre os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), após um discurso em um evento de campanha eleitoral no qual sustentou que iria "encorajar" a Rússia a invadir países desta aliança militar que não realizassem o pagamento de suas dívidas de defesa e que obrigassem os Estados Unidos a compensá-las.