Mundo

Senado aprova divisão dos royalties do pré-sal

Apesar do resultado, o senador Romero Jucá, lider do governo na casa, disse que o presidente Lula deve vetar o artigo sobre royalties

Projeto sobre a divisão de royalties do pré-sal segue agora para as mãos do presidente Lula (.)

Projeto sobre a divisão de royalties do pré-sal segue agora para as mãos do presidente Lula (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - O governo conseguiu aprovar na madrugada de hoje no Senado a proposta de capitalização da Petrobras e o projeto que cria o Fundo Social e o modelo de partilha para a exploração do pré-sal. A vitória do Palácio do Planalto só não foi completa porque a maioria dos senadores votou a favor da emenda apresentada pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), estabelecendo a divisão igualitária de royalties entre Estados e municípios, contrariando acordo firmado por governo e oposição para deixar a discussão do tema para depois das eleições de outubro.

O projeto que autoriza o governo a ceder onerosamente até 5 bilhões de barris de petróleo para a Petrobras foi aprovado às 3h15 da manhã por 44 votos a favor, seis contra e cinco abstenções. Todas as emendas apresentadas ao relatório do senador Delcídio Amaral (PT-MS) foram rejeitadas, garantindo a aprovação do mesmo texto votado pela Câmara dos Deputados em março, como desejava o Palácio do Planalto. Com isso, a matéria segue diretamente para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo espaço para que a estatal acelere o processo de aumento de seu capital antes das férias de verão do Hemisfério Norte.

O avançado do horário favoreceu a aprovação da proposta, como queria o governo. O mesmo não ocorreu com o primeiro projeto analisado pelos senadores, que cria o Fundo Social e estabelece o modelo de partilha de produção para os campos do pré-sal que ainda não foram licitados. A decisão de Simon de apresentar uma emenda tratando da polêmica questão dos royalties de petróleo atropelou a estratégia do governo e contaminou todo o debate entre os senadores. O governo levou quase 11 horas para conseguir aprovar, à 1h30 da manhã, o texto base apresentado pelo líder governista na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR). Menos de uma hora depois, o governo teve que amargar a derrota pela aprovação da medida defendida pelo senador gaúcho.

O projeto que unificou a criação do Fundo Social - uma espécie de poupança a ser formada com os recursos do pré-sal - e o modelo de partilha foi aprovado por 38 votos a favor, 31 contra e uma abstenção. A emenda de Simon contou com 41 votos favoráveis e 28 contra. Apesar do resultado, Jucá disse que o presidente Lula deve vetar o artigo sobre royalties. "Uma emenda mal feita, que manda a conta para a União, pode ser vetada", disse Jucá. "A União não vai bancar essa festa", acrescentou.


 

A emenda de Simon garante que os recursos obtidos com a cobrança da compensação financeira devida pelas empresas que exploram petróleo no País será repartida entre todos os Estados e municípios seguindo os critérios dos fundos constitucionais. Isso representa uma forte perda de receita para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, que respondem por 90% da produção nacional de petróleo. Essa perda, entretanto, deverá ser ressarcida pela União, de acordo com a proposta aprovada.

Apesar desse mecanismo de ressarcimento os senadores capixabas e fluminenses reclamaram muito da decisão. "Isso é um verdadeiro caos para o Rio de Janeiro, é a maior agressão feita a um Estado da Federação em toda a história", lamentou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Segundo ele, a emenda deve gerar um rombo de R$ 10 bilhões para os cofres do governo estadual. Para o senador Renato Casagrande (PSB-ES), a emenda é inconstitucional porque rompe contratos já firmados, ao incluir na nova divisão até mesmo as receitas que são obtidas atualmente nos campos do pré-sal que já foram licitados. Para o capixaba, se a proposta não for vetada pelo presidente Lula, o assunto acabará sendo discutido no Supremo Tribunal Federal (STF).

Além da proposta de Simon, outras seis emendas apresentadas ao projeto do Fundo Social e da partilha foram aprovadas. A mais importante determina que 50% dos recursos que formaram o Fundo Social deverão ser destinadas para a área de educação. O projeto volta agora para a Câmara, onde os deputados terão de avaliar as alterações feitas pelos senadores. O primeiro ciclo de votações do pré-sal no Senado se encerra na próxima semana, quando será analisado a proposta que cria a Petro-Sal, estatal que será responsável pela gestão dos contratos de partilha.

Leia mais sobre a Petrobras ou sobre o pré-sal

Acompanhe tudo sobre:CongressoEnergiaPetróleoPré-salRoyalties

Mais de Mundo

Companhia do Azerbaijão cancela voos para sete cidades russas após queda de avião da Embraer

Presidente do Panamá rechaça reduzir pedágio de canal após exigência de Trump

2024: o ano em que Elon Musk ficou mais rico e poderoso do que nunca

Ataque russo à rede elétrica deixa centenas de milhares de ucranianos sem aquecimento