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Sem Macron, Ruanda relembra 25° aniversário de genocídio

Até hoje, a França é acusada de ter participado do episódio que matou ao menos 800 mil. País africano virou ilha de crescimento

Kagame: há 25 anos no poder e com perspectiva de permanecer até 2034 (Divulgação/Divulgação)

Kagame: há 25 anos no poder e com perspectiva de permanecer até 2034 (Divulgação/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2019 às 05h58.

Última atualização em 5 de abril de 2019 às 06h37.

No próximo domingo, dia 7, a Ruanda irá relembrar o aniversário de 25 anos do genocídio que entrou para a história como um dos episódios mais sangrentos da África. Entre abril e junho de 1994, o país se tornou palco de um massacre promovido por sua maioria étnica, os Hutus, contra a menor parcela da população, os Tutsis. Até hoje, pesquisadores do tema acusam a França de ter sido cúmplice do genocídio através de seu apoio aos hutus.

Neste final de semana, o presidente da ex-colônia belga,  Paul Kagame, irá se reunir com autoridades locais e com o próprio primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, para relembrar o evento. Evitando o tema, entretanto, o chefe de estado francês, Emmanuel Macron, recusou o convite para a cerimônia.

Mais de duas décadas após o genocídio, a relação franco-ruandesa permanece turbulenta. Desde 1994, apenas um presidente francês visitou o país africano. Por diversas vezes, o governo ruandês acusou a França de ter preparado o terreno político e ter fomentado, também, a execução dos massacres.

Durante uma visita a Paris no ano passado, o Kagame se surpreendeu positivamente com Macron, considerando sua figura “mais nova” e menos paternalista em relação à África que seus antecessores. A recusa do chefe de estado francês em comparecer ao evento que rememora o massacre, entretanto, afastou a possibilidade de uma possível reaproximação entre os países ㄧ e também de uma mea culpa por parte da França.

Até hoje, o número de mortos no genocídio ruandês é questionado, mas estima-se que pelo menos 800 mil pessoas foram assassinadas entre sete de abril e quatro de junho de 1994. Tudo começou quando um avião que carregava o presidente da época, Juvenal Habyarimana, ㄧ da etnia hutu ㄧ foi derrubado.

Em um país onde 85% da população hutu havia sido governada pela minoria tutsi até 1959, e só depois ascendido ao poder, a execução de um presidente hutu foi o estopim para um conflito étnico. Logo após a morte de Habyarimana, um genocídio desenfreado contra qualquer tutsi ou mesmo contra os hutus moderados que se recusavam a entrar no confronto se sobrepôs em Ruanda.

Da noite para o dia, civis se tornaram em algozes; mulheres, crianças e recém-nascidos foram mortos; cônjuges de etnias diferentes entregaram uns aos outros às milícias. No final do conflito, pelo menos 800 mil morreram e oito milhões de hutus que haviam participado do massacre fugiram para o Congo.

Em junho de 1994, a Frente Patriótica Ruandesa ㄧ formada por tutsis exilados ㄧ aliada ao exército ruandês assumiu o controle do país e pôs fim ao genocídio. Perguntas importantes sobre o genocídio continuam sem resposta, mas o país, governado há 25 anos por Kagame, vem conseguindo substituir ajuda humanitária por comida e é um dos que mais crescem na África. Ele pode disputar eleições até 2034, segundo a última reforma eleitoral. Visto como responsável pelo fim do conflito de 94 e por ajudar a reduzir, paulatinamente, a pobreza que ainda atinge 40% da população, é pouco provável que saia do poder tão cedo. 

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