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Secretário de Trump é criticado por comparar escravos a migrantes

Carson, neurocirurgião aposentado e ex-candidato presidencial, comparou os escravos vindos da África com os imigrantes atuais que vêm ao país

Trump e Ben Carson: "É preocupante que a pessoa encarregada de assuntos como Habitação tenha essa falta de entendimento da história dos EUA" (Reuters)
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EFE

Publicado em 7 de março de 2017 às 21h23.

Washington - Ativistas de grupos defensores dos direitos civis e dos imigrantes criticaram nesta terça-feira o secretário de Habitação e Assuntos Urbanos dos Estados Unidos , Ben Carson, por comparar escravos com imigrantes .

Carson, neurocirurgião aposentado e ex-candidato presidencial, causou polêmica nos EUA ao comparar os escravos provenientes da África que foram forçados a trabalhar no continente americano com os imigrantes atuais que vêm ao país.

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"Havia outros imigrantes que chegavam no fundo dos navios de escravos, que trabalharam durante ainda mais tempo e ainda mais duro por menos, mas também tinham o sonho de que um dia seus filhos, filhas, netos e bisnetos poderiam conseguir a prosperidade e a felicidade nesta terra", disse o secretário de Habitação.

Carson, que é afro-americano, fez o comentário na segunda-feira em mensagem dirigida aos funcionários do departamento que dirige desde o início mês.

O titular de Habitação acrescentou que os EUA são a "única nação suficientemente grande" para permitir que todas as pessoas que cheguem ao país realizem seus sonhos e tenham oportunidades.

A diretora da organização United We Dream (UWD), Grisa Martínez Rosas, mostrou hoje sua inquietação quanto aos comentários de Carson em um ato em Washington sobre o veto migratório proclamado pelo presidente Donald Trump para restringir a entrada de refugiados e cidadãos de seis países de maioria muçulmana.

"Acho que igualar o que aconteceu com os escravos é ridículo e estou muito preocupada com estado do governo se essa for sua posição", disse Grisa.

"Embora haja uma conexão entre o movimento de direitos dos imigrantes e a luta contra o racismo no país, não se pode nos igualar. Nossas experiências são diferentes, mas nossa luta é a mesma", acrescentou a diretora da UWD.

Por sua vez, a diretora da organização Advancement Project, Flavia Jiménez, denunciou o "fracasso" do governo Trump pelos comentários de Ben Carson.

"É preocupante que a pessoa encarregada de assuntos como Habitação tenha essa falta de entendimento da história dos EUA", afirmou Flavia.

"Obrigar indivíduos a viajar em navios e acorrentá-los e obrigá-los a trabalhar, e tudo o que isso implica, é uma parte da história básica do país à qual temos que enfrentar se quisermos fazer frente a todos os assuntos relacionados com habitação, saúde e educação", acrescentou.

Após a repercussão, Carson esclareceu que os escravos chegaram aos EUA de forma forçosa e contra de sua vontade.

"Os escravos foram arrancados de suas famílias e suas casas e forçados contra sua vontade após serem vendidos pelos comerciantes de escravos. Os imigrantes fizeram a escolha de vir aos EUA. As duas experiências nunca devem estar entrelaçadas, nem esquecidas", explicou em sua página de Facebook.

Esta não é a primeira vez que Ben Carson protagoniza uma polêmica sobre a escravidão, já que em 2013 disse que o "Obamacare", denominação popular da reforma sanitária do ex-presidente Barack Obama, foi "a pior coisa que aconteceu a esta nação desde a escravidão".

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