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Sarkozy é acusado de combater radicalismo por votos

Uma nova onda de detenções nos círculos islamitas estava em curso na manhã desta quarta-feira

Nicolas Sarkozy comparou o trauma causado na França por estes sete assassinatos com o do 11 de setembro de 2001 (©AFP / Eric Feferberg)

Nicolas Sarkozy comparou o trauma causado na França por estes sete assassinatos com o do 11 de setembro de 2001 (©AFP / Eric Feferberg)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2012 às 16h31.

Paris - Os adversários do presidente francês, Nicolas Sarkozy, o acusaram nesta quarta-feira de utilizar as detenções de islamitas radicais para sua campanha de reeleição, enquanto o seu principal rival, o socialista François Hollande, busca dar um novo impulso a sua campanha.

Uma nova onda de detenções nos círculos islamitas estava em curso na manhã desta quarta-feira, a segunda desde os assassinatos de militares e de crianças judias realizados entre os dias 11 e 19 de março na região de Toulouse (sudoeste) por um jovem jihadista, Mohamed Merah.

Nicolas Sarkozy, que comparou o trauma causado na França por estes sete assassinatos com o do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, proclamou tolerância zero em relação aos islamitas radicais que pudessem realizar atos violentos.

As novas detenções têm como alvos "indivíduos isolados, a maioria com um perfil similar ao de Mohamed Merah", mas não membros de uma rede, indicou nesta quarta-feira uma fonte policial. Elas foram efetuadas, entre outros locais, em Roubaix (norte) e em Marselha (sul).

Paralelamente, treze islamitas detidos na sexta-feira foram acusados de associação ilícita com fins terroristas. Nove ingressaram na prisão nesta quarta-feira.

Entre eles está o líder de um grupo dissolvido, o Forzane Alizza ("Os Cavaleiros do Orgulho"), Mohammed Achamlane, que teve armas apreendidas em sua casa. O grupo é suspeito de ter considerado o sequestro de um juiz judeu de Lyon.


As detenções de sexta-feira contaram com uma ampla cobertura da mídia. Da mesma forma, o governo ordenou uma grande publicidade nas expulsões de imãs radicais ou na rejeição em receber em território francês pregadores muçulmanos, como o polêmico Youssef al-Qaradaoui.

As suspeitas de utilização política começaram a se tornar públicas entre os adversários de Nicolas Sarkozy, restando apenas 18 dias para o primeiro turno das presidenciais, previstas para os dias 22 de abril e 6 de maio.

"As intervenções policiais desta ordem, sob o controle da justiça, não deveriam ser feitas, ao que me parece, de forma publicitária, encenada", atacou o candidato centrista, François Bayron. "A segurança e a encenação são duas coisas diferentes", acrescentou.

François Hollande, que as pesquisas continuam dando como vencedor no segundo turno, considerou que o Estado "deveria ou teria podido, talvez, fazer mais, e mais rápido", embora não tenha acusado Nicolas Sarkozy de tentar tirar proveito em plena campanha eleitoral.

"Eu sou a favor da firmeza, não do espetáculo, e sempre me choca ver que as televisões estão lá", afirmou a chefe do partido socialista, Martine Aubry.


A luta contra os islamitas violentos seguia, no entanto, monopolizando o espaço midiático, no momento em que Hollande busca dar um novo impulso a sua campanha.

Durante a tarde está prevista em Rennes (oeste) uma reunião pública muito simbólica, junto a Ségolène Royal, candidata derrotada em 2007, assim como a ex-companheira de Hollande e mãe de seus quatro filhos. Apesar das discrepâncias políticas e privadas, o encontro tem por objetivo demonstrar a unidade do grupo socialista.

O candidato deve falar das prioridades que quer implementar nos primeiros anos de mandato, em caso de eleição.

Trata-se das 35 medidas anunciadas na manhã desta quarta-feira, como a redução do salário do presidente, o bloqueio do preço da gasolina, uma modificação da reforma das aposentadorias ou a reforma fiscal com a oposição de 75% das receitas dos super-ricos, dos que superam um milhão de euros por ano.

Hollande tenta voltar a focar a campanha na economia, diante do presidente em fim de mandato, que aposta nos temas de segurança.

No primeiro turno, os dois se encontram separados por uma pequena margem, segundo as pesquisas, que dão Hollande como vencedor no segundo por ampla margem de vantagem.

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