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Samaras realiza desejo antigo e assume governo da Grécia

O líder conservador se destacou por suas mudanças de posturas e agora defende a política de austeridade imposta pela UE, após rejeitá-la quando liderava a oposição

Na campanha, Samaras prometeu baixar os impostos e aumentar as ajudas sociais, além de suavizar as novas medidas de austeridade exigidas por Bruxelas  (Louisa Gouliamaki/AFP)

Na campanha, Samaras prometeu baixar os impostos e aumentar as ajudas sociais, além de suavizar as novas medidas de austeridade exigidas por Bruxelas (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 13h54.

Atenas - O conservador Antonis Samaras, que tomou posse nesta quarta-feira como primeiro-ministro da Grécia, finalmente chegou à chefia do Executivo depois que seu partido Nova Democracia (ND) venceu as eleições do último domingo, embora para isso tenha tido que fechar um acordo de governo com social-democratas e centro-esquerdistas.

Político de tendência nacionalista e grande ambição pessoal, Samaras se destacou por suas mudanças de posturas e agora defende a política de austeridade imposta pela União Europeia (UE), após rejeitá-la quando liderava a oposição.

A ambição que sempre lhe caracterizou se evidenciou tanto nas lutas internas pela liderança de seu partido nos anos 1990 como em seu desejo de chegar a ser primeiro-ministro, depois que o ND venceu pela vantagem mínima as eleições de maio e os gregos tiveram que voltar às urnas um mês depois.

Nascido em 1951 em Atenas, este descendente de uma família de ricos comerciantes e políticos estudou Economia no prestigiado Amherst College de Massachussets, onde curiosamente dividiu quarto com aquele que depois seria seu rival político, o socialista Giorgos Papandreou.

Também estudou Administração de Empresas em Harvard e, em 1977, um ano após formar-se nessa universidade, foi eleito deputado do Parlamento grego pelo ND.

Casado e com dois filhos, Samaras fala inglês, francês e italiano. Em 1989 foi nomeado ministro das Finanças e, pouco depois, de Relações Exteriores.

Suas posturas nacionalistas ficaram manifestadas por ocasião da disputa pelo nome da vizinha república ex-iugoslava da Macedônia, e seu desafio a Konstantinos Mitsotakis, histórico líder do ND, o deixou fora do partido em 1992.

Isso o levou a formar seu próprio partido, Primavera Política, um projeto que fracassou e que o próprio Samaras dissolveu em 2004, para retornar às fileiras conservadoras.

Quando nas eleições de 2009 o ND colheu os piores resultados de sua história até então (33%) e Mitsotakis renunciou, Samaras conseguiu vencer na disputa pela chefia do partido a filha do antigo líder, Dora Bakoyannis, que também formou seu próprio partido após sua derrota.

Nas eleições do último dia 6 de maio, o ND foi a força mais votada, mas com um novo mínimo de apoios, 18,8% dos sufrágios, o que contribuiu para a fragmentação do Parlamento, impediu a formação de governo e obrigou a convocação de novos pleitos.


Dessa vez Samaras ganhou as eleições com um maior apoio, cerca de 30% dos votos, frente à formação esquerdista Syriza, e agora forma governo junto com os social-democratas do Pasok e os centro-esquerdistas do Dimar.

Para enfrentar o Syriza, Samaras realizou na campanha uma chamada à unidade de todas as forças da direita, o que fez com que Bakoyannis e sua extra-parlamentar Aliança Democrática se reconciliassem com o ND.

Na campanha, Samaras prometeu baixar os impostos e aumentar as ajudas sociais, além de suavizar as novas medidas de austeridade exigidas por Bruxelas como condição para manter a entrega de ajuda financeira.

A postura de Samaras em relação aos dois memorandos de austeridade assinados pela Grécia com a UE mudou com o tempo: ao primeiro plano de resgate, assinado em 2010, se opôs veementemente e expulsou os deputados de seu partido que o apoiaram.

Sobre o segundo, assinado em 2012, mostrou profundas reservas e não quis que nenhum filiado do ND participasse do governo de coalizão dirigido pelo ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Lucas Papademos, para não desgastar-se antes das eleições.

Mesmo assim, dada a insistência de Bruxelas, assinou um documento no qual se comprometia a respeitar o memorando, para depois pedir sua renegociação.

Sua última declaração a esse respeito é que aquele documento não foi um compromisso para respeitar o memorando, mas para "mudá-lo". 

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