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Salário mínimo na Venezuela cai para R$ 2,72 por mês

Valor oficial não é reajustado desde 2022 e é complementado com bônus de até US$ 160 fora da folha

Venezuela: salário mínimo permanece em US$ 0,50, sem reajuste desde 2022, e bônus do governo viram principal renda. (AFP)

Venezuela: salário mínimo permanece em US$ 0,50, sem reajuste desde 2022, e bônus do governo viram principal renda. (AFP)

Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 08h25.

O salário mínimo na Venezuela chegou nesta terça-feira, 10, ao equivalente a R$ 2,72 0 por mês, equivalente a meio dólar, de acordo com a cotação oficial do Banco Central Venezuelano (BCV), que registrou o dólar a 262 bolívares.

O valor nominal do salário, 130 bolívares mensais, não sofre reajuste desde março de 2022 — quando correspondia a cerca de US$ 30 — e segue impactado pela desvalorização da moeda.

Segundo economistas, venezuelanos sobrevivem por meio de bônus extras, remessas do exterior e apoios informais. Um dos principais complementos são os pagamentos diretos do Estado, que incluem R$ 217,34 de vale-alimentação e R$ 652,03 de "renda de guerra econômica", repassados a funcionários públicos fora do cálculo de benefícios trabalhistas.

Por que não há aumento real do salário mínimo?

De acordo com um economista ouvido pela agência EFE, a economia venezuelana não tem condições de sustentar um aumento real de salários.

“A pergunta não é o que se faz com um salário tão baixo, mas por que não se pode aumentá-lo”, afirmou, sob anonimato.

O especialista destaca dois fatores principais:

  • A baixa produtividade e os altos custos operacionais no país tornam insustentável o reajuste de salários por iniciativa privada ou pública.
  • O tamanho da folha de pagamento estatal, somando 5,5 milhões de servidores públicos e mais de 4,5 milhões de pensionistas, torna inviável qualquer aumento significativo.
“Aumentar o salário para US$ 250, por exemplo, para toda essa massa de beneficiários, ultrapassaria toda a receita do país com exportações de petróleo e impostos”, afirmou.

A estratégia do governo Maduro

O governo de Nicolás Maduro tem justificado a política de bônus avulsos como uma forma de evitar pressões inflacionárias, ao mesmo tempo em que tenta contornar os efeitos de sanções internacionais. Na prática, o salário mínimo permanece congelado, enquanto os bônus mensais pagos a funcionários públicos ativos — como o de alimentação e o de "guerra econômica" — somam até US$ 160.

Contudo, como esses bônus não integram o salário-base, eles não entram no cálculo de férias, aposentadorias ou indenizações, o que representa um retrocesso no sistema de proteção trabalhista venezuelano.

O salário mínimo venezuelano é hoje um dos mais baixos do mundo em termos nominais, e seu poder de compra segue em queda mesmo com a manutenção dos bônus.

*Com informações da EFE

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