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Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 15h11.
Última atualização em 5 de dezembro de 2025 às 17h25.
O salário mínimo na China varia conforme a região. O país adota um sistema de pagamento definido por províncias e cidades, em vez de um valor nacional único, como ocorre no Brasil.
Neste caso, cada governo local estabelece seus próprios pisos mensais e por hora, que levam em conta o custo de vida, a inflação e as condições econômicas de cada região.
As diferenças no salário mínimo estão relacionadas ao desenvolvimento desigual do país, onde polos industriais que receberam muitos investimentos — como Xangai e Pequim, por exemplo — coexistem com regiões dependentes de atividades agrícolas e de baixa produtividade.
O salário mínimo na China é dividido não só por regiões, mas também pelo tipo de trabalho. Isso porque os trabalhadores de meio período e temporários recebem por hora.
Nesta sexta-feira, 5, 1 yuan equivale a R$ 0,75.
No âmbito mensal, o salário mínimo mais alto do país é pago em Xangai, são ¥2.690. Pequim (¥2.420) e Shenzhen (¥2.360) completam o trio de províncias com os melhores pagamentos. Já o menor valor está na província de Ghizhou, onde são pagos ¥1.570.
O pagamento por hora tem uma classificação diferente: Pequim sai na frente, com ¥27 pagos por hora. Xangai (¥25), Fujian (¥23,5) e Shenzhen (¥22,2) também fazem parte da lista. A província de Ghizhou segue com o montante mais baixo também para os trabalhadores temporários e de meio período, com ¥19,6 pagos por hora. Os valores foram divulgados pela China Briefing, uma plataforma especializada em serviços jurídicos e fiscais chineses, produzida pela consultoria Dezan Shira Associates.
O país adota um modelo descentralizado para o pagamento do salário mínimo. Cada região define o piso local a partir do custo de vida, salário médio, produtividade e mercado de trabalho. Ou seja: o piso é proporcional ao impacto econômico daquela área para o desenvolvimento da China.
Por exemplo, nas regiões costeiras ao leste, que receberam grandes investimentos nos últimos anos — como Xangai, Shenzhen e Pequim — o salário mínimo é mais alto. Isso ocorre porque essas áreas concentram os principais polos financeiros e industriais do país, como setores de alta tecnologia, centros de inovação e pesquisa, além de cadeias logísticas e portuárias globais.
Já nas áreas do interior e do oeste, fatores como o domínio da agricultura e de atividades do setor primário, a baixa industrialização e a falta de integração logística pressionam o valor do salário mínimo para baixo. É o caso das províncias de Guizhou, Yunnan e Gansu.
Vale dizer que as províncias também dividem seus territórios em faixas internas de remuneração: separam capitais, cidades médias e áreas rurais conforme o nível de desenvolvimento e impacto econômico.
Além disso, o país adota duas modalidades de pagamento:
A capacidade de viver com um salário mínimo na China depende da cidade, já que o piso salarial não é unificado, e sim definido a partir de atributos regionais.
Por exemplo, em Xangai e em Pequim, o valor pago é mais alto exatamente para acompanhar o custo de vida local, que também é mais elevado. No entanto, isso não quer dizer que o salário mínimo seja o suficiente para cobrir despesas básicas ou garantir a manutenção de um estilo de vida mais elaborado.
Nas províncias do interior e do oeste, o salário mínimo pode cobrir melhor as necessidades essenciais dos moradores, já que a moradia e a alimentação tendem a ser mais baratas. Ainda assim, as oportunidades de emprego são mais limitadas.
A regra do salário mínimo se aplica a todos os trabalhadores formais, independentemente da idade. Além disso, o valor inclui apenas o pagamento 'básico', sem considerar horas extras, adicional noturno ou benefícios.
No Brasil, o piso nacional é único, ou seja: todas as cidades e estados pagam o valor estipulado pelo governo federal — para 2025, o valor é de R$ 1.518, o que equivale a ¥2,024, considerando a taxa de câmbio atual (¥1 equivale a R$ 0,75). Há, ainda, salários mínimos estaduais, maiores do que o mínimo federal.
Sendo assim, as regiões mais desenvolvidas da China pagam um salário mínimo maior do que o do Brasil. É o caso de Xangai (¥2.690), Pequim (¥2.420) e Shenzhen (¥2.360).
Já nos polos menos industrializados, como Qinghai (¥ 1.880), Guizhou (¥ 1.570) e partes de Henan (cerca de ¥ 1.900), o valor mensal é inferior ao equivalente no Brasil.
Veja os valores dos salários mínimos chineses convertidos para a moeda brasileira, conforme a plataforma de câmbio Wise:
Xangai (¥ 2.690): R$ 2.107;
Pequim (¥ 2.420): R$ 1.815;
Shenzhen (¥ 2.360): R$ 1.770;
Guangdong (¥ 2.300): R$ 1.725;
Henan (¥ 1.900): R$ 1.425;
Qinghai (¥ 1.880): R$ 1.410;
Guizhou (¥ 1.570): R$ 1.177.
A China sai na frente de países como Vietnã e Índia, mas fica muito abaixo das economias mais desenvolvidas do continente asiático, como Coreia do Sul e Japão.
Por exemplo, o salário mínimo do Vietnã também é regional. De todas as quatro áreas, a região 1 é onde o salário mínimo é o mais alto: cerca de 4.680.000 dongues, valor que corresponde hoje a cerca de ¥ 1.253. Já na Índia, o piso nacional também varia por região, e pode ir de ₹ 10.275 a ₹ 21.215, o que equivale a aproximadamente ¥ 807 e ¥ 1.666,87, respectivamente, ainda abaixo do valor pago na China.
No Japão, o salário mínimo por hora em Tóquio é de 1054 ienes, cerca de 48 yuan, que superam os ¥ 27 pagos por hora em Pequim. Na Coreia do Sul, o salário mínimo mensal supera ₩ 2.096.000, o que ultrapassa ¥ 11.000 e coloca o país muito acima da China nas faixas salariais asiáticas. As informações foram retiradas da plataforma de dados Trading Economics.