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Sadiq Kahn pode fazer história ao comandar Londres

Como o filho de imigrantes paquistaneses conquistou o coração dos londrinos e pode se tornar o primeiro muçulmano a ser prefeito da capital britânica

Sadiq Khan: com 43% das intenções de votos, advogado de 45 anos pode fazer história ao se tornar o 1º muçulmano a comandar a capital britânica (Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 6 de maio de 2016 às 12h08.

São Paulo – As disputadas eleições para definir quem, afinal, sucederá o conservador Boris Johnson no cargo de prefeito de Londres devem chegar ao fim nesta sexta-feira. E, até o momento, o pleito caminha para um resultado histórico e que pode fazer com que o candidato trabalhista Sadiq Khan se torne o primeiro muçulmano a comandar a capital britânica.

Até agora, números do site oficial das eleições londrinas, que acompanha ao vivo a apuração das urnas, apontavam a vitória de Sadiq contra seu maior rival, o conservador Zac Goldsmith. A expectativa é que o novo prefeito de uma das maiores metrópoles do mundo seja anunciado no final da tarde (horário local).

Com o slogan “um prefeito para todos os londrinos” e uma plataforma que pretende combater a discriminação, Khan, se eleito, consolidará os resultados positivos obtidos por ele durante a corrida eleitoral.

Ontem, uma pesquisa final conduzida pelo site YouGov mostrava a preferência dos eleitores em relação ao candidato trabalhista. Na ocasião, ele liderava com 43% das intenções de voto.

Diversidade

Sua vitória consolidará também os contornos de diversidade que o Reino Unido vem ganhando nos últimos anos. Dados compilados pelo Observatório de Migração da Universidade de Oxford mostram que a população de estrangeiros no país é hoje de 8,3 milhões de pessoas. 36,9% deles estão justamente em Londres.

Os indianos compõem a maioria do grupo de pessoas nascidas fora do Reino Unido e que residem na capital do país (9,3%). Em segundo lugar estão os poloneses (aproximadamente 5%) e em terceiro está a comunidade paquistanesa (4,3%), da qual Khan é parte.

Quem é Khan

O candidato nasceu em Londres em 1970 e foi criado em Earlsfield, subúrbio majoritariamente ocupado pela classe trabalhadora. É filho de um motorista de ônibus e uma costureira que imigraram do Paquistão para o Reino Unido na década de 60. Se diz fã de esportes e, além de ter praticado boxe em uma academia do bairro na juventude, é torcedor do Liverpool.

Khan conheceu sua esposa Saadya na escola e o casal hoje tem duas filhas. Advogado especializado em direitos humanos, diz ter visto em primeira mão os impactos da discriminação contra as minorias e se sente determinado em combater essa prática social.

Muçulmano moderado, Khan nunca ingeriu bebida alcoólica e votou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Sofreu ameaças por parte de radicais islâmicos por essa posição, mas prometeu ser combater todas as formas de extremismo.

Questões relacionadas a esse extremismo e atividades terroristas também estão no foco de sua campanha. Quer colocar medidas que visam coibir a radicalização com foco no jihadismo. Temas sensíveis e especialmente preocupantes não apenas para Londres e o Reino Unido, mas para a Europa como um todo.

São Paulo - O que torna uma cidade global? Um dos elementos é o "soft power": a capacidade de influenciar baseada não na força, mas em valores e persuasão. Isso nunca foi tão importante quanto hoje, quando atrair talentos se tornou um dos maiores diferenciais na produção econômica. É o que diz o recente relatório "Cidades globais, talentos globais", da consultoria Deloitte , que parte de uma lista de cidades feita pela revista The Atlantic". Ele tem dois pilares centrais. Um deles é a rede do mundo dos negócios, analisada com base em dados da BoardEx que permitiram acompanhar o movimento de 50 mil executivos e líderes do setor público de 40 mil organizações em 160 países. O outro é a capacidade de criar e manter empregos intensivos em conhecimento, especialmente diante de uma Quarta Revolução Industrial marcada por automação massiva e necessidade de adaptação constante. Veja quais são as 7 principais cidades globais do planeta e por que:
  • 2. Londres, Reino Unido

    2 /9(Chris Jackson/Getty Images)

  • Veja também

    Londres é "a mais global das cidades globais", diz o relatório, considerando como critério a rede de executivos que estudam ou trabalham lá (ou já o fizeram no passado) com 95 nacionalidades e alcance de 134 países. Estas pessoas foram atraídas pela "força dos seus negócios financeiros, a qualidade das suas universidades e a vitalidade de sua cena criativa e de startups digitais" - que podem ser prejudicadas por uma possível saída da União Europeia. O lado obscuro desse sucesso, também presente em outras cidades globais, é a disparada no custo de vida que gera coisas como uma vaga de estacionamento à venda pela bagatela de R$ 1,8 milhão.
    Empregos intensivos em conhecimento
    Em número absoluto1,7 milhão
    Crescimento nos últimos 3 anos16%
    Em % do total30,6%
  • 3. Nova York, Estados Unidos

    3 /9(Wikimedia Commons/AngMoKio)

  • "Para terem um sucesso sustentável, as cidades precisam competir pelo grande prêmio: capital intelectual e talento". A frase de Michael Bloomberg , prefeito de Nova York entre 2002 e 2013, explica porque a cidade aparece tão alto neste tipo de ranking. A rede de executivos que estudam ou trabalham lá (ou já o fizeram no passado) atinge 87 nacionalidades e 120 países. Este rede foi criada e sustentada com crescimento econômico, inovação constante e diversidade em todos os sentidos.
    Empregos intensivos em conhecimento
    Em número absoluto1,1 milhão
    Crescimento nos últimos 3 anos-0,4%
    Em % do total27%
  • 4. Paris, França

    4 /9(Wikimedia Commons)

    Paris é 3º lugar no quesito de redes que vão mais longe: gente de 71 nacionalidades e 108 países já estudaram ou trabalharam no país (ou estão lá no momento). 10,5% são mulheres, mesma proporção de Londres. A cidade também é uma das líderes de consumo de luxo e está na vanguarda ecológica.
    Empregos intensivos em conhecimento
    Em número absoluto627 mil
    Crescimento nos últimos 3 anos4,6%
    Em % do total32,7%
  • 5. Hong Kong

    5 /9(Thinkstock)

    A rede de executivos com passagem ou residência em Hong Kong não é tão diversa (39 nacionalidades e 79 países), mas o país compensa com uma posição bem alta em vários outros rankings internacionais. O país é lider mundial em infraestrutura , com destaque para seu excelente aeroporto, além de ser um dos primeiros lugares em competitividade, desenvolvimento e segurança. Seu desafio agora é inovar mais.
    Empregos intensivos em conhecimento
    Em número absoluto769 mil
    Crescimento nos últimos 3 anos1,4%
    Em % do total19,8%
  • 6. Singapura

    6 /9(Thinkstock)

    A pequena Singapura é primeiro lugar mundial em facilidade de fazer negócios e preparação para o futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial.  É também a cidade mais cara do planeta, segundo a Economist Intelligence Unit, e um destino cobiçado entre os super-ricos, segundo a New World Wealth. O país não cansa de inovar, seja com o bairro adaptado para idosos ou criação de tecnologia 3D para construção. Sua rede envolve executivos de 32 nacionalidades que alcançam 70 países.
    Empregos intensivos em conhecimento
    Em número absoluto728 mil
    Crescimento nos últimos 3 anos0,2%
    Em % do total19,9%
  • 7. Tóquio, Japão

    7 /9(Thinckstock)

    Com base na lista de quem trabalha ou estuda em determinada cidade (ou já o fez no passado), a Deloitte analisou também os graus de separação entre eles. Das 7 cidades globais, Tóquio tem uma das redes menos cosmopolitas (31 nacionalidades e 55 países), mas ainda assim é possível chegar de qualquer executivo da lista até qualquer outro com apenas 3 pulos. Outro ponto negativo é o da inclusão feminina, grande problema da economia japonesa. Apenas 2,2% da lista executiva de Tóquio é de mulheres, enquanto todas as outras 6 cidades estão acima dos 10% neste quesito.   Tóquio não tem disponíveis os números relacionados a empregos intensivos em conhecimento.
  • 8. Sydney, Austrália

    8 /9(Ian Waldie/Getty Images)

    Sydney, na Austrália , tem a menor rede de executivos: 19 nacionalidades que se espalham por 57 países em 1,91 "graus de separação". Em outras palavras: todo mundo é "amigo de um amigo". Outro destaque em relação às outras cidades é a liderança na proporção de mulheres executivas, ainda que seja pequena (12,3%).
    Empregos intensivos em conhecimento
    Em número absoluto607 mil
    Crescimento nos últimos 3 anos6,6%
    Em % do total24,6%
  • 9 /9(Germano Lüders/EXAME)

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