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Rússia rejeita volta da pena de morte para terroristas

Político reconheceu que 90% dos russos apoiaria a volta da pena capital para terroristas se fosse feito um referendo


	Vladimir Putin: presidente russo é contra a pena de morte para terroristas, mas reconhece que população apóia
 (Aleksey Druzhinin / Reuters)

Vladimir Putin: presidente russo é contra a pena de morte para terroristas, mas reconhece que população apóia (Aleksey Druzhinin / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de novembro de 2015 às 10h41.

Moscou - O governo da Rússia rejeitou categoricamente nesta sexta-feira o restabelecimento da pena de morte contra terroristas, proposta pelo partido social-democrata Rússia Justa após os últimos atentados promovidos pelo Estado Islâmico (EI), incluindo a queda do avião da companhia russa Metrojet com 224 pessoas a bordo no Egito.

"Considero que isso, falando suavemente, é prematura e inoportuno", afirmou Sergei Ivanov, chefe da Administração Presidencial, em entrevista à agência "Interfax".

Ivanov, porém, reconheceu que 90% dos russos apoiaria a volta da pena capital para terroristas se fosse feito um referendo no país para analisar a medida. No entanto, acrescentou, "em algumas ocasiões, não podemos nos deixar levar pelas paixões, mas sim pelo bom senso e as obrigações internacionais da Rússia".

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, lembrou que pesa sobre a pena de morte uma moratória decretada em 1996 pelo então presidente Boris Yeltsin, uma condição imposta pelo Conselho da Europa para aceitar a participação da Rússia no órgão.

Peskov ainda lembrou que, por enquanto, o atual presidente do país, Vladimir Putin, não mudou de opinião sobre o assunto e foi sempre contrário à pena de morte.

Segundo o artigo 205 do Código Penal da Rússia, a prisão perpétua é a pena máxima prevista para terroristas, independentemente do número de vítimas causadas em seus atentados.

Sergei Mironov, líder do Rússia Justa, sempre defendeu o fim da pena capital, mas mudou de ideia e hoje discursou a favor de reinstaurá-la nos casos de terrorismo, ao afirmar que o EI declarou guerra aos países civilizados do mundo.

"Na guerra como na guerra. Em meu discurso proporei, como exceção à regra, introduzir a pena de morte contra terroristas e seus cúmplices. O EI é o autêntico câncer de nosso planeta", afirmou.

O Conselho de Muftis da Rússia também apoiou a iniciativa, assim como o líder checheno, Ramzan Kadyrov. Já a Igreja Ortodoxa Russa se mostrou disposta a aceitá-la apenas em casos isolados.

Por outro lado, o Conselho de Direitos Humanos, vinculado ao Kremlin, criticou veementemente a proposta. "A ameaça da pena de morte é tão ridícula para um jihadista suicida como a ameaça de tortura é para um masoquista".

"Tal proposta é puro populismo tendo em vista as eleições parlamentares. É contrária às posturas do Tribunal Constitucional e do Presidente. Provocaria nossa expulsão do Conselho da Europa, o que seria inaceitável", disse Mikhail Fedotov, chefe do conselho.

Putin ordenou nesta semana a caça e captura "onde quer que estejam" dos autores do atentado terrorista que provocou a explosão do avião russo com 224 passageiros a bordo na Península do Sinai. EFE

io/lvl

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