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Rússia e Ucrânia realizam histórica troca de prisioneiros

Operação seria a primeira dessa proporção entre os dois países desde o início da crise em 2014; foram 70 prisioneiros, trinta e cinco de cada lado

Russos e ucranianos: países fizeram troca histórica de prisioneiros (Gleb Garanich/Reuters)

Russos e ucranianos: países fizeram troca histórica de prisioneiros (Gleb Garanich/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de setembro de 2019 às 12h04.

Última atualização em 7 de setembro de 2019 às 12h05.

A Ucrânia e a Rússia realizaram neste sábado uma troca de dezenas de prisioneiros, a primeira dessa proporção entre os dois países desde o início da crise em 2014.

Segundo uma fonte do governo ucraniano, são 70 prisioneiros, trinta e cinco de cada lado.

A televisão estatal russa transmitiu imagens de ônibus saindo da prisão de Lefortovo em Moscou pouco antes e anunciou que eles haviam chegado ao aeroporto.

O avião que transportava os ucranianos pousou no sábado no principal aeroporto de Kiev, onde dezenas de amigos íntimos e o presidente, Volodimir Zelenski, os encontraram na pista.

Essa troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia é um primeiro passo para o fim da guerra com os separatistas pró-russos, disse o presidente Zelenski.

"Devemos dar os demais passos para acabar com essa guerra horrível", que causou cerca de 13.000 mortes em cinco anos, disse ele depois de receber pessoalmente os 35 prisioneiros ucranianos no aeroporto de Kiev.

Os Estados Unidos, por sua vez, saudaram o intercâmbio de prisioneiros e expressaram esperanças de que a ação signifique o início de um novo relacionamento para a resolução do conflito entre os dois países vizinhos.

"Talvez seja o primeiro passo de um gigante em direção à paz", disse Donald Trump no Twitter. "Boas notícias".

"Estou muito satisfeito em ver os marinheiros ucranianos voltarem para suas casas e a troca de prisioneiros Ucrânia-Rússia", escreveu, por sua vez, o enviado especial de Washington para a Ucrânia, Kurt Volker.

"Espero que ajude a gerar impulso para novos intercâmbios de prisioneiros, um cessar-fogo renovado e progresso em direção à plena implementação [do acordo de paz de Minsk]", acrescentou.

Na Rússia, a televisão estatal mostrou os detidos russos saindo do avião no aeroporto de Vnukovo, em Moscou.

Entre eles, o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, 43 anos, o mais famoso dos prisioneiros trocados, havia sido preso na Crimeia em 2014 depois de protestar contra a anexação russa desta península ucraniana.

Ele foi condenado a 20 anos de prisão em uma região do Ártico russo pela preparação de "ataques terroristas".

Em 2018, realizou uma greve de fome de 145 dias que provocou inúmeros sinais de apoio, especialmente no festival de cinema de Cannes.

Preparativos

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira uma troca em massa de prisioneiros entre os dois países, mas não havia especificado uma data.

Esta medida, também disse ele, é "um grande passo em direção à normalização das relações bilaterais", após a chegada de Zelenski ao poder da Ucrânia em maio.

Na semana passada, a mídia disse que a troca era iminente e que alguns prisioneiros ucranianos haviam sido transferidos de sua prisão para Lefortovo em Moscou.

As autoridades oficiais não divulgaram na ocasião o nome das pessoas na lista de troca.

24 marinheiros ucranianos

É possível que, em troca de Sentsov, a Ucrânia tenha libertado Kirilo Vishinski, de 52 anos, um jornalista russo-craniano da agência russa Ria Novosti, detido em 2018 em Kiev e acusado de alta traição a favor de Moscou.

Entre os outros prisioneiros estão 24 marinheiros ucranianos, cujo navio foi capturado pela Rússia na costa da Crimeia em novembro de 2018, durante o confronto direto mais sério entre os dois países em anos.

Seu advogado anunciou que eles estavam entre os prisioneiros que deveriam ser trocados.

"Segundo as minhas informações, eles estão a bordo de um ônibus. Os 24", disse Nikolai Polzov à AFP.

Nesta semana, a Ucrânia também libertou Volodimir Tsemakh, um ex-chefe militar dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.

Ex-chefe da "defesa antiárea" dos separatistas no leste da Ucrânia, Tsemakh, 58 anos, é considerado um "principal suspeito" no caso do MH17 morto em 2014 por um míssil russo no espaço aéreo ucraniano, segundo uma carta publicado na quarta-feira e assinada por 40 deputados europeus.

Esses 40 deputados pediram em sua carta ao presidente ucraniano para não liberar Tsemakh para a Rússia, que rejeita seu envolvimento na catástrofe do avião.

Esta é a primeira troca de prisioneiros desse escopo entre a Ucrânia e a Rússia desde o início do conflito no leste da Ucrânia em 2014.

Esse conflito entre a Ucrânia e os separatistas pró-russos deixou mais de 13.000 mortos em cinco anos.

A chegada de Zelenski ao poder em Kiev facilitou um pouco as relações com Moscou.

A troca de prisioneiros parecia cada vez mais provável nas últimas semanas, e as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, com a participação da França e da Alemanha, devem ser retomadas este mês.

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