John Kerry: autoridades dos EUA dizem que Kerry insistirá que o eventual acordo obrigue Damasco a tomar atitudes rápidas para mostrar a seriedade do seu compromisso (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2013 às 10h30.
Genebra - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, desembarcou nesta quinta-feira em Genebra para escutar os planos da Rússia destinados a destituir a Síria do seu arsenal químico e poupar o país do Oriente Médio de um ataque dos EUA.
Autoridades dos EUA dizem que Kerry insistirá que o eventual acordo obrigue Damasco a tomar atitudes rápidas para mostrar a seriedade do seu compromisso, a começar pela apresentação de um inventário público e completo do arsenal a ser inspecionado e neutralizado.
A iniciativa russa, que dá novos rumos para uma guerra civil iniciada há dois anos e meio, convenceu o presidente dos EUA, Barack Obama, a suspender seus planos de bombardear a Síria para punir o governo de Bashar al-Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis, que teria matado mais de 1.400 pessoas em 21 de agosto.
A Síria, que nega ter cometido o ataque, concordou com a proposta russa de abrir mão das armas químicas, evitando o que seria a primeira intervenção ocidental direta num conflito que já matou 100 mil pessoas.
Damasco nunca aderiu aos tratados que proíbem a posse de armas químicas, e nunca confirmou se as possuía. A Síria, no entanto, é signatária de uma convenção quase centenária que proíbe o uso de armas químicas.
Falando antes da reunião de Kerry com o chanceler russo, Sergei Lavrov, uma fonte oficial dos EUA disse, sob anonimato, que o objetivo do norte-americano é "ver se há realidade aqui ou não".
As fontes dos EUA disseram ter a esperança de que Kerry e Lavrov definam os termos de uma proposta de resolução a ser votada nos próximos dias pelo Conselho de Segurança da ONU.
O presidente russo, Vladimir Putin, tradicionalmente apontado como um vilão pelos governos ocidentais por fornecer armas a Assad e evitar qualquer esforço da ONU para desalojá-lo do poder, publicou um artigo no jornal The New York Times manifestando oposição à intervenção militar.
Ele argumentou à opinião pública dos EUA que um ataque a Assad ajudaria combatentes da Al Qaeda que lutam ao lado da oposição síria. Segundo Putin, há "poucos paladinos da democracia" na Síria, "mas há mais do que suficientes combatentes da Al Qaeda e extremistas de todos os tipos enfrentando o governo".
A intervenção norte-americana, acrescentou, "aumentaria a violência e desencadearia uma nova onda de terrorismo", além de possivelmente "abalar os esforços multilaterais para resolver o problema nuclear iraniano e o conflito israelo-palestino, e desestabilizar ainda mais o Oriente Médio e o Norte da África. Isso poderia desequilibrar todo o sistema do direito internacional."