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Rússia deve reduzir fornecimento de gás para Alemanha nesta quarta

Indústria alemã, dependente do gás russo, deverá ser especialmente afetada; país registrou uma inflação de quase 8% em maio, a maior em quase 50 anos, em meio à economia cambaleante

Mapa do fornecimento de gás russo à Europa: Moscou deve reduzir fornecimento do insumo à Alemanha (Stefan Sauer/picture alliance via/Getty Images)

Mapa do fornecimento de gás russo à Europa: Moscou deve reduzir fornecimento do insumo à Alemanha (Stefan Sauer/picture alliance via/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 1 de junho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 1 de junho de 2022 às 09h15.

A Rússia anunciou que deve cortar o fornecimento de gás para a Shell Energy da Alemanha nesta quarta, dia 1º de junho. A companhia não aceitou pagar a Gazprom em rublos, como a Rússia vem demandando, e entrou na lista negra do Kremlin. Cerca de 1,2 bilhão de metros cúbicos de gás deixarão de ser enviados anualmente para a Shell na Alemanha. Perto dos 95 bilhões de metros cúbicos do insumo que o país consome por ano, pode não parecer muito. O problema é que boa parte do gás importado da Rússia abastece a indústria alemã, já combalida por causa dos efeitos econômicos da pandemia e dos altos custos de energia.

Em maio, a inflação na Alemanha ficou em 7,9%, o índice mais alto em quase 50 anos. Desde 1973, o país não vivia uma escalada de preços tão dramática. Economistas ouvidos pelo jornal americano The Wall Street Journal previam uma taxa menor, de 7,5% -- em abril, o índice ficou em 7,4%.

Um dos principais vilões da inflação em maio (e nos meses anteriores) foi o custo da energia, em ascensão desde o início da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia. Em maio, o aumento foi de 38,3% em comparação ao mesmo período do ano passado -- e esse cenário não deve melhorar tão cedo, segundo as autoridades alemãs. O Banco Central Europeu já declarou que, diante do quadro inflacionário na Alemanha, maior economia europeia, deverá tomar medidas em relação à taxa de juros.

Outros países europeus, como a Dinamarca, estão na corta-bamba do abastecimento e custos de energia. A Gazprom afirmou que deverá cortar o suprimento de gás à companhia Ørsted, da Dinamarca. As exportações para a holandesa GasTerra foram encerradas nesta terça, dia 31. Moscou já havia suspendido o fornecimento à Polônia, Bulgária e Finlândia. 

Ao mesmo tempo, a Rússia tem aumentado a exportação de petróleo e gás natural para a China, Índia e outros países da Ásia. No final de maio, mais de 64 milhões de barris de petróleo estavam sendo transportados em rota marítima da Rússia para a Ásia, diante de pouco mais de 25 milhões em fevereiro, segundo a consultoria Kpler.

Nesta segunda, dia 30, a União Europeia decidiu cortar 90% das importações de petróleo russo até o final do ano. Não está claro, no entanto, quais serão as alternativas para as importações russas. A OPEC deverá aumentar apenas modestamente a produção em julho -- o grupo dos maiores produtores de petróleo do mundo se reúne nesta quinta, dia 2, para bater o martelo sobre a questão.

Decisão histórica

Em meio a um cenário econômico atípico e mudanças na geopolítica mundial em decorrência da guerra da Ucrânia, a Dinamarca deve tomar uma decisão histórica nesta quarta. Os eleitores dinarmaqueses votam hoje, em um referendo, se o país deve manter a política de não participar da política de defesa da União Europeia.

Caso os dinamarqueses escolham mudar a postura de não-alinhamento aos programas de segurança europeus, a guinada rumo à militarização unificada do bloco deverá ganhar mais força. A Finlândia e a Suécia apresentaram um pedido para fazer parte da Otan em maio. A iniciativa permanece em discussão, já que a Turquia se opõe à medida.

As forças armadas da Dinamarca poderão participar de operações do bloco se o país mudar sua política a respeito dos programas militares da Europa. Apesar de integrar a Otan, a Dinamarca obteve uma licença especial, em 1992, para não tomar parte nas ações militares da União Europeia. Assim, o país não enviou efetivos para a Bósnia e a África, em que há presença de forças europeias.

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