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Ruanda se revolta com documentário que nega genocídio

Parlamentares do país africano pediram probição de documentário da BBC que, segundo eles, nega o genocídio de 1994 em Ruanda

Funcionários no prédio da BBC em Londres: BBC rejeita a acusação (Carl de Souza/AFP)
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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2014 às 09h10.

Kigali - Parlamentares ruandeses pediram a proibição da transmissão da BBC em Ruanda, após a exibição de um polêmico documentário que, segundo eles, "nega" o genocídio de 1994.

Os parlamentares pediram na quarta-feira a retirada da autorização da BBC para transmitir em três idiomas (inglês, francês e kinyarwanda, a principal língua falada no país).

O documentário "Rwanda's Untold Story" ("Ruanda, a história não contada"), exibido este mês, volta a acusar a governante Frente Patriótica Ruandesa (FPR) de Paul Kagame de ter derrubado em 1994 o avião do então presidente do país, pouco antes do genocídio, no qual foram massacrados 800.000 tutsis e hutus opositores.

A BBC rejeita a acusação de que o programa é uma "negação do genocídio".

Em 6 de abril de 1994, o avião do presidente ruandês, o hutu Juvénal Habyarimana, foi derrubado sobre Kigali.

No dia seguinte, o primeiro-ministro Agathe Uwilingiyimana, um hutu moderado, 10 capacetes azuis da ONU responsáveis por sua proteção e vários ministros foram assassinados. Assim começaram os massacres.

Em todos os níves de governo foram elaboradas listas de pessoas que deveriam ser eliminadas. As milícias hutu "Interahamwe" e as Forças Armadas Ruandesas (FAR) matavam metodicamente os "Inyenzi" ("as baratas", em idioma kinyarwanda, como chamavam os tutsis), assim como os hutus opositores do partido de Habyarimana e aqueles que não aceitavam participar nas matanças.

Em 4 de julho, a FPR tomou Kigali, acabando com os massacres. A vitória dos rebeldes provocou a fuga de centenas de milhares de hutus para o vizinho Zaire (atualmente República Democrática do Congo).

São Paulo - Um novo estudo da entidade britânica Minority Rights Group traçou o mapa dos povos e minorias mais ameaçados por conflitos e instabilidades políticas no mundo.  De acordo com o relatório "People Under Threat 2014", nove países são os mais preocupantes - e genocídios podem emergir nesses locais a qualquer momento. A entidade também disponibiliza um mapa online, onde é possível ver as minorias ameaçadas em todo o mundo. Veja a seguir os 9 países mais ameaçados:
  • 2. 1. Somália

    2 /8(Siegfried Modola/Reuters)

  • Veja também

    Minorias ameaçadas:Bantu, Benadiri, Gabooye; líderes de clãs Hawiye e DarodA maior ameaça na Somália é a crescente dominação do grupo extremista islâmico Al Shabab. O governo tem evitado que eles se instalem nas cidades, que acabam dominando as áreas rurais no país. Os Bantu são o povo mais ameaçado pelo conflito armado, por conta do histórico preconceito que sofrem - por serem ligados aos antigos escravos somali.

  • 3. 2. Sudão

    3 /8(REUTERS/Goran Tomasevic)

  • Minorias ameaçadas:Fur, Zaghawa, Massalit and others in Darfur; Ngok Dinka,Nuba e BejaO conflito com o Sudão do Sul e com os rebeldes tem causado uma grande onda de refugiados no país. O governo tenta controlar os ataques em Darfur, enquanto forças humanitárias dizem que são impedidas de entrar no país. Uma das razões do conflito é que o governo central se recusa a dividir riquezas e poderes com as diversas minorias do país.

  • 4. 5. Afeganistão

    4 /8(Romeo Gacad/AFP)

    Minorias ameaçadas:Hazara, Pashtun, Tajiks, Uzbeks, Turkmen, Baluchis A constante ameaça do Taleban e de outros grupos contrários ao governo fez com que as mortes de civis subissem 14% em 2013. A briga entre a Força Nacional, formada por três minorias, e a oposição Pashtun, ligada ao Taleban, pode gerar novos conflitos étnicos.

  • 5. 6. Iraque

    5 /8(Ahmed Saad/Reuters)

    Minorias ameaçadas:xiitas, sunitas, curdos, Turkmen, cristãos, mandeus, palestinos, Yezidis, Shabak, Faili Kurds, Bahá’ís 2013 foi o ano mais mortal para o Iraque desde 2007. Além disso, a violência entre muçulmanos shia e sunitas vem crescendo. Com 8 mil civis mortos no ano passado, os povos mais ameaçados são os xiitas, sunitas e assírios.

  • 6. 7. Paquistão

    6 /8(Reuters)

    Minorias ameaçadas:xiitas, Ahmadiyya, hindus (religiões); Baluchis, Mohhajirs, Pashtun, Sindhis (minorias) Além dos conflitos dos grupos extremistas no norte do país, há ameçadas em todo o território para os cristãos e muçulmanos ahmadi.  Militantes ligados às comunidades deobandi e barelvi também estão deixando o cenário paquistanês ainda mais instável.

  • 7. 8. Mianmar

    7 /8(Soe Than WIN/AFP/Getty Images)

    Minorias ameaçadas:Kachin, Karenni, Karen, Mons, Rakhine, Rohingyas, Shan, Chin (Zomis), Wa Mesmo com a queda da ditadura de décadas no Mianmar, os muçulmanos continuam ameaçados no país por radicais budistas. Segundo a ONU, a minoria Rohingya, com um milhão de membros, é a mais ameaçada. Cerca de 10 mil deles já vivem em campos de refugiados.

  • 8. 9. Etiópia

    8 /8(John Lavall/Wikimedia Commons)

    Minorias ameaçadas:Anuak, Afars, Oromo, somalis O povo Anuak, por exemplo, que vive há séculos na beira dos rios do sudoeste etíope, está sendo expulso e violado pelo governo atual. O plano do governo de expandir as fronteira da capital, Addis Ababa, também está ameaçando a minoria Oromo.

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