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Rota marítima ártica avança sem pressa e sem pausa

Segundo as previsões, até 2020 o transporte de mercadorias através da rota ártica poderia atingir 50 milhões de toneladas anuais

Navio: "A rota ártica não pode competir com o Canal de Suez, mas sim pode ser uma alternativa" (Patrick T. Fallon/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2016 às 11h46.

Moscou - A rota ártica, via marítima que poderia revolucionar o transporte mundial de mercadorias , avança sem pressa, mas sem pausa, apesar da crise econômica e do arrefecimento da economia chinesa.

"A rota ártica não pode competir com o Canal de Suez, mas sim pode ser uma alternativa. Tem vantagens, como a segurança, e desvantagens, como o clima", disse à Agência Efe Sergei Valentei, professor de Economia na Universidade Plejanov de Moscou.

O presidente russo, Vladimir Putin , lançou formalmente essa rota em 2011 ao qualificá-la de "artéria de transporte internacional capaz de competir com as rotas tradicionais em custo de serviços, segurança e qualidade".

E desde então, a Rússia começou a construir uma nova frota de navios quebra-gelo, portos de abastecimento, centros de coordenação de operações de salvamento e bases militares ao longo dessa inóspita costa ao norte do planeta.

No papel, essa via náutica é quase um terço mais curta que a tradicional, o que permite otimizar despesas na hora de transportar desde hidrocarbonetos a artigos não-perecíveis da Europa até a região da Ásia Pacífico, além de que não existem piratas como no Chifre da África.

Um navio tem que percorrer 10.600 quilômetros para chegar pelo norte desde a cidade russa de Murmansk ao porto chinês de Xangai, enquanto se optar por atravessar o Suez vai precisar atravessar 17.700 quilômetros.

A URSS chegou a transportar de maneira subsidiada milhões de toneladas anuais através dessa rota, mas o custo era altíssimo, por isso que o projeto foi "congelado" até que o Kremlin decidiu reabilitá-lo.

O motivo? O aquecimento global, já que a considerável redução da camada de gelo que cobre o oceano Glacial Ártico facilita o trabalho para os navios quebra-gelo atômicos e aumenta gradualmente o período de navegação.

Segundo alguns especialistas, o progressivo degelo que se deve ao aumento das temperaturas levará até 2040 este oceano a ficar totalmente desimpedido no verão, o que permitirá não precisar dos navios quebra-gelo durante vários meses a cada ano.

Os principais clientes desta rota seriam China, em primeiro lugar, e também Japão e Coreia do Sul, já que transportar mercadorias até os mercados dos países do sudeste asiático já não seria rentável, segundo o especialista.

A China, que está investindo grandes quantidades de dinheiro na nova Rota da Seda, com especial ênfase em uma ferrovia através da Ásia Central, também poderia utilizar o corredor ártico para a exportação de seus artigos para o mercado europeu.

Segundo Valentei, um dos segredos para o futuro desta rota é a demanda de gás liquidificado que a Rússia extrai na península de Jamal, cujas jazidas acolhem as maiores reservas de gás do planeta.

Precisamente, Putin aprovou no começo do ano a compra de 9,9% da companhia Jamal LNG por parte da chinesa SRF (Silk Road Fund), o terceiro investidor a apoiar o projeto após a francesa Total e a também chinesa CNPC.

"Em Jamal está sendo construído um moderno porto capaz de receber navios árticos, já que para transportar o gás liquidificado serão necessários cerca de 16 petroleiros", destacou o economista russo.

A rota ártica também sairia mais barata se a ONU reconhecesse que o leito marinho do Ártico, concretamente a cordilheira submarina de Lomonosov, é uma continuação da plataforma continental russa, o que permitiria a Moscou explorar seus enormes recursos.

Esses hidrocarbonetos teriam como destino o gigante asiático, que quer reduzir sua dependência tanto do petróleo do Oriente Médio, como do carvão, que é muito poluente, embora Pequim também trabalhe com a possibilidade de usar gás de xisto.

Devido aos grandes investimentos que exige, a crise econômica, que colocou em uma profunda recessão a economia nacional, foi um duro golpe, embora não tenha sido ela único obstáculo.

As sanções ocidentais à Rússia obrigaram a adiar alguns projetos, porque afugentaram possíveis investidores e a impossibilidade de importar tecnologia da qual o país carece, como é o caso das perfuradoras.

As consequências ecológicas do fluxo de mercadorias pelo Ártico também despertam inquietação, já que um vazamento nessa região poderia ter consequências fatais, embora Putin tenha prometido que a conservação do ambiente natural será prioritário.

Em nível prático, as condições de clima são imprevisíveis nessa região do mundo, quando o transporte de contêineres é conhecido por seus rígidos prazos de entrega.

Não se pode ignorar também que a Rússia não é o único país com interesses na área, já que EUA, Canadá e os países escandinavos também têm suas ambições geopolíticas no Ártico e veem com maus olhos a agressiva política do Kremlin na região.

Segundo as previsões, até 2020 o transporte de mercadorias através da rota ártica poderia atingir 50 milhões de toneladas anuais.

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Moscou - A rota ártica, via marítima que poderia revolucionar o transporte mundial de mercadorias , avança sem pressa, mas sem pausa, apesar da crise econômica e do arrefecimento da economia chinesa.

"A rota ártica não pode competir com o Canal de Suez, mas sim pode ser uma alternativa. Tem vantagens, como a segurança, e desvantagens, como o clima", disse à Agência Efe Sergei Valentei, professor de Economia na Universidade Plejanov de Moscou.

O presidente russo, Vladimir Putin , lançou formalmente essa rota em 2011 ao qualificá-la de "artéria de transporte internacional capaz de competir com as rotas tradicionais em custo de serviços, segurança e qualidade".

E desde então, a Rússia começou a construir uma nova frota de navios quebra-gelo, portos de abastecimento, centros de coordenação de operações de salvamento e bases militares ao longo dessa inóspita costa ao norte do planeta.

No papel, essa via náutica é quase um terço mais curta que a tradicional, o que permite otimizar despesas na hora de transportar desde hidrocarbonetos a artigos não-perecíveis da Europa até a região da Ásia Pacífico, além de que não existem piratas como no Chifre da África.

Um navio tem que percorrer 10.600 quilômetros para chegar pelo norte desde a cidade russa de Murmansk ao porto chinês de Xangai, enquanto se optar por atravessar o Suez vai precisar atravessar 17.700 quilômetros.

A URSS chegou a transportar de maneira subsidiada milhões de toneladas anuais através dessa rota, mas o custo era altíssimo, por isso que o projeto foi "congelado" até que o Kremlin decidiu reabilitá-lo.

O motivo? O aquecimento global, já que a considerável redução da camada de gelo que cobre o oceano Glacial Ártico facilita o trabalho para os navios quebra-gelo atômicos e aumenta gradualmente o período de navegação.

Segundo alguns especialistas, o progressivo degelo que se deve ao aumento das temperaturas levará até 2040 este oceano a ficar totalmente desimpedido no verão, o que permitirá não precisar dos navios quebra-gelo durante vários meses a cada ano.

Os principais clientes desta rota seriam China, em primeiro lugar, e também Japão e Coreia do Sul, já que transportar mercadorias até os mercados dos países do sudeste asiático já não seria rentável, segundo o especialista.

A China, que está investindo grandes quantidades de dinheiro na nova Rota da Seda, com especial ênfase em uma ferrovia através da Ásia Central, também poderia utilizar o corredor ártico para a exportação de seus artigos para o mercado europeu.

Segundo Valentei, um dos segredos para o futuro desta rota é a demanda de gás liquidificado que a Rússia extrai na península de Jamal, cujas jazidas acolhem as maiores reservas de gás do planeta.

Precisamente, Putin aprovou no começo do ano a compra de 9,9% da companhia Jamal LNG por parte da chinesa SRF (Silk Road Fund), o terceiro investidor a apoiar o projeto após a francesa Total e a também chinesa CNPC.

"Em Jamal está sendo construído um moderno porto capaz de receber navios árticos, já que para transportar o gás liquidificado serão necessários cerca de 16 petroleiros", destacou o economista russo.

A rota ártica também sairia mais barata se a ONU reconhecesse que o leito marinho do Ártico, concretamente a cordilheira submarina de Lomonosov, é uma continuação da plataforma continental russa, o que permitiria a Moscou explorar seus enormes recursos.

Esses hidrocarbonetos teriam como destino o gigante asiático, que quer reduzir sua dependência tanto do petróleo do Oriente Médio, como do carvão, que é muito poluente, embora Pequim também trabalhe com a possibilidade de usar gás de xisto.

Devido aos grandes investimentos que exige, a crise econômica, que colocou em uma profunda recessão a economia nacional, foi um duro golpe, embora não tenha sido ela único obstáculo.

As sanções ocidentais à Rússia obrigaram a adiar alguns projetos, porque afugentaram possíveis investidores e a impossibilidade de importar tecnologia da qual o país carece, como é o caso das perfuradoras.

As consequências ecológicas do fluxo de mercadorias pelo Ártico também despertam inquietação, já que um vazamento nessa região poderia ter consequências fatais, embora Putin tenha prometido que a conservação do ambiente natural será prioritário.

Em nível prático, as condições de clima são imprevisíveis nessa região do mundo, quando o transporte de contêineres é conhecido por seus rígidos prazos de entrega.

Não se pode ignorar também que a Rússia não é o único país com interesses na área, já que EUA, Canadá e os países escandinavos também têm suas ambições geopolíticas no Ártico e veem com maus olhos a agressiva política do Kremlin na região.

Segundo as previsões, até 2020 o transporte de mercadorias através da rota ártica poderia atingir 50 milhões de toneladas anuais.

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