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Rio na Argentina para de subir; Paraguai segue em emergência

O foco mais grave de avanço das águas ficou nas áreas ribeirinhas próximas a Assunção


	Enchentes no Paraguai: "Primeiro o rio começará a baixar nas águas de cima, para depois começar a baixar em todo o sul até o Rio de Prata", disse o prefeito Cresto
 (Getty Images/Norberto Duarte)

Enchentes no Paraguai: "Primeiro o rio começará a baixar nas águas de cima, para depois começar a baixar em todo o sul até o Rio de Prata", disse o prefeito Cresto (Getty Images/Norberto Duarte)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2015 às 16h09.

A cheia do Rio Uruguai está controlada, mas deverá demorar um mês até que os cerca de 20.000 evacuados possam voltar a suas casas na Argentina, depois das inundações que atingiram Brasil, Uruguai e deixaram o Paraguai em estado de emergência.

No Paraguai subiu para seis o número de mortos nesta segunda-feira, segundo um relatório de polícia que somou a morte de dois homens que tentavam reduzir os danos elétricos provocados pelas inundações que deixaram 140.000 evacuados na última semana.

"Na Argentina a situação está estabilizada. Ainda há 20.000 evacuados", afirmou em coletiva de imprensa o ministro do Interior, Rogelio Frigerio, ao anunciar a reativação de um Sistema de Emergências para a detecção e ação diante dos fenômenos naturais.

A metade dos evacuados na Argentina ficam na cidade de Concordia, com 150.000 habitantes e localizada em uma região de produção agrícola na província de Entre Ríos (centro-oeste). "A situação está estabilizada", disse Enrique Cresto, prefeito de Concordia, à rádio Continental.

No pior momento do aumento do curso fluvial que atravessa os quatro países, os evacuados chegavam a 160.000, em meio a temporais provocados pelo fenômeno do El Niño, segundo especialistas e funcionários.

"O aumento das precipitações e a significativa perda de cobertura florestal na Argentina, no Brasil e no Paraguai, que se encontram entre os dez países com maior desmatamento do mundo, não permitiram a natural absorção de água", disse a organização não governamental Greenpeace em comunicado nesta segunda-feira.

O foco mais grave de avanço das águas ficou nas áreas ribeirinhas próximas a Assunção.

"Primeiro o rio começará a baixar nas águas de cima, para depois começar a baixar em todo o sul até o Rio de Prata", disse o prefeito Cresto.

Sobre o rio, Argentina e Uruguai mantêm em funcionamento compartilhado a represa hidrelétrica de Salto Grande.

Temor das chuvas

Em uma advertência para o futuro imediato lançada nesta segunda-feira pela rádio Once Diez, o governador de Entre Ríos, Gustavo Bordet, afirmou que, apesar de a situação ter se normalizado, se voltar a chover como na semana passada, as coisas se complicarão.

Um especialista em agroclimatologia, Eduardo Sierra, disse à rádio Colonia, que "o processo atual consiste em um El Niño forte e até agora está se manifestando com muita energia em Misiones e Corrientes (províncias argentinas), leste do Paraguai e sul do Brasil".

Na Argentina, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, entre 2007 e 2014 foram desmatados mais de dois milhões de hectares, dos quais 620.000 eram de áreas florestais protegidas.

"Entre Ríos perdeu mais de 85.000 hectares de florestas nativas. Concordia vive sua pior inundação em 50 anos", acrescentou o Greenpeace.

Cresto reconheceu este fenômeno: "Os desmatamentos no norte continuam, e cada milímetro de água que cai vai diretamente para os rios porque não há terra que a absorva".

Atacante solidário

Um nativo de Concordia, Gustavo Bou, atacante do Racing Club, time de futebol da primeira divisão argentina, interrompeu suas férias e está na cidade participando das operações de ajuda às pessoas afetadas pelas inundações.

"O pessoal do Racing ajudou muito, estou muito agradecido. Conseguimos juntar dois caminhões com doações Concordia. Espero que distribuam bem (as doações)", disse o jogador à rádio La Red.

Dos 20 amigos de Bou em seu antigo bairro de infância e adolescência, 15 estão evacuados.

"Tenho dois amigos que deixou todos os móveis na minha casa, porque a sua está debaixo d'água", contou.

No norte do vizinho Uruguai, mais de 16.311 pessoas foram deslocadas de suas casas pelas inundações, as piores desde 1959, informou nesta segunda-feira o Sistema Nacional de Emergência (Sinae).

Mas esse número "pode aumentar" nas próximas horas, advertiu Juan Andrés Roballo, presidente do Sinae, em declaração ao Observador TV.

No Brasil e no Uruguai, os temporais forçaram a evacuação de aproximadamente 26.000 pessoas.

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