Nicarágua: organizações humanitárias informam que o número de mortos varia entre 58 e 65 em manifestações registradas na capital do país desde 25 de abril (Oswaldo Rivas/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 16 de maio de 2018 às 22h30.
Com um aparato policial reforçado, a reunião hoje (16) em busca de um acordo para o fim dos protestos na Nicarágua foi marcada por tensão e apelos para que o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, renuncie. Estudantes e representantes da sociedade civil cobraram do governo explicações sobre os mais de 50 mortos nos protestos que já duram quase um mês.
Organizações humanitárias informam que o número de mortos varia entre 58 e 65, em manifestações registradas na capital do país, Managuá, e em mais cinco cidades desde o último dia 25. Os manifestantes pedem a renúncia de Ortega, a suspensão das mudanças na Previdência Social e menos repressão.
Ortega defendeu as forças policiais que atuam na contenção dos protestos e sugeriu que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos investigue as mortes apontadas pelas organizações humanitárias. Na madrugada de hoje, dois estudantes que estavam na Universidade Politécnica da Nicarágua (Upoli) morreram em um ataque armado.
Durante a reunião, marcada pela Conferência Episcopal da Nicarágua, o constrangimento predominou quando estudantes cobraram de Ortega explicações sobre a violência nos protestos e as mortes de manifestantes. O presidente chegou ao local do encontro sob gritos de "assassino". A conferência episcopal mediou as conversas entre Ortega, empresários, representantes da sociedade civil organizada e estudantes, no Seminário Inter-Diocesano Nossa Senhora de Fátima, em Manágua.
Ortega participou do encontro ao lado da mulher e dos dois filhos, enquanto manifestantes cercaram o local e gritavam palavras de ordem e xingamentos. Em nome dos estudantes universitários, Lesther Alemán e Victor Cuadras, cobraram o fim da repressão policial aos protestos.
O presidente do Conselho Superior da Empresa Privada, Joseph Adam Aguerri, também apelou ao presidente por mais segurança e menos violência. Segundo ele, os estudantes são a "face mais visível" dos protestos.
*Com informações da EFE, da Telesur (Venezuela) e Telam (Argentina)