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Restrição de viagens do Brasil para os EUA pode durar meses

A partir desta quarta, passageiros vindos do Brasil não poderão entrar no país, a exemplo do que já ocorre com viajantes da China e da Europa

Aeroportos: brasileiros podem chegar aos Estados Unidos a partir de um outro país (Rahel Patrasso/Reuters)

Aeroportos: brasileiros podem chegar aos Estados Unidos a partir de um outro país (Rahel Patrasso/Reuters)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 27 de maio de 2020 às 06h44.

Última atualização em 27 de maio de 2020 às 13h12.

Começou a valer na madrugada desta quarta-feira (27) a medida que barra a entrada nos Estados Unidos de passageiros vindos do Brasil. A decisão foi tomada pelo presidente americano Donald Trump no domingo por causa do rápido aumento do número de casos da covid-19 no país. A Casa Branca havia divulgado inicialmente que a restrição entraria em vigor na sexta-feira, mas a medida foi adiantada em dois dias.

A proibição se aplica aos brasileiros e aos cidadãos de quaisquer nacionalidades que estiveram em território brasileiro nos últimos 14 dias. Mas um brasileiro que chegar aos Estados Unidos a partir de um outro país – o Japão, por exemplo – ainda poderá entrar nos Estados Unidos, desde que não tenha passado pelo Brasil nos 14 dias anteriores.

Há exceções para cidadãos americanos ou pessoas com residência permanente nos Estados Unidos e seus familiares. Mas, nesses casos, as pessoas são orientadas a entrar nos Estados Unidos por meio de um dos 13 aeroportos preparados para receber passageiros de países com alta incidência da covid-19. Elas também são orientadas a fazer uma quarentena voluntária de 14 dias.

A restrição ao Brasil é igual à que foi adotada pelos Estados Unidos nos meses de fevereiro e março para passageiros que estiveram na China, no Irã e na maioria dos países europeus – incluindo todos os países da área de livre circulação de pessoas da União Europeia, o Reino Unido e a Irlanda.

O que chama a atenção é que, depois de mais de dois meses, as restrições para a entrada nos Estados Unidos continuam em vigor mesmo com a recente queda no número de casos na Europa e na China e com a flexibilização das medidas de quarentena. Isso sugere que ainda deve levar um bom tempo para que os brasileiros possam voltar a viajar para os Estados Unidos até que a pandemia esteja controlada por aqui.

Ontem, o Ministério da Saúde contabilizou mais de 16 mil novos casos da covid-19 no Brasil e 1.039 mortes. Com isso, o país chegou a 391.222 casos confirmados e 24.512 mortes. A proliferação do novo coronavírus fez o Brasil alcançar rapidamente o posto de segundo país com mais incidência da doença no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em número de mortes, o Brasil é o sexto e já se aproxima da Espanha, um dos países mais castigados pela pandemia na Europa, que contabiliza 27 mil mortes.

O bloqueio à entrada de passageiros do Brasil é mais um golpe para as empresas do setor aéreo, que já estavam combalidas pela queda na demanda de viajantes durante a pandemia e por outras medidas de restrições às viagens. As duas maiores companhias aéreas da América Latina – Latam e Avianca – entraram recentemente com pedidos de recuperação judicial por causa dos efeitos da pandemia. Na noite de ontem, nenhum dos três principais aeroportos internacionais do país (Guarulhos, Galeão e Viracopos) listava a partida de voos para os Estados Unidos para esta quarta-feira.

Com menos voos entre o Brasil e os Estados Unidos, o transporte de carga aéreo também tende a ser prejudicado, afetando as operações de empresas que dependem da importação e da exportação de produtos e bens intermediários por esse meio de transporte – o que é mais uma notícia ruim para as companhias brasileiras em meio à crise. Como se vê, o Brasil está pagando um preço alto por causa da falta de controle da pandemia.

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