Mundo

Reino Unido evita suspensão de autonomia da Irlanda do Norte

O secretário de Estado para a Irlanda do Norte, James Brokenshire, anunciou que há "mais umas poucas semanas para resolver os problemas"

Irlanda do Norte: a suspensão da autonomia teria criado uma distração adicional à primeira-ministra, Theresa May (Cathal McNaughton/Reuters)

Irlanda do Norte: a suspensão da autonomia teria criado uma distração adicional à primeira-ministra, Theresa May (Cathal McNaughton/Reuters)

A

AFP

Publicado em 27 de março de 2017 às 15h01.

O governo britânico deu nesta segunda-feira mais algumas semanas de prazo para que unionistas e republicanos norte-irlandeses negociem um acordo de governo, evitando, no último minuto, a suspensão da autonomia da região.

Há "mais umas poucas semanas para resolver os problemas", anunciou em Belfast o secretário de Estado para a Irlanda do Norte, James Brokenshire, justo quando expirava o prazo para a formação de um governo de unidade entre o DUP, unionista e pró-britânico, e o Sinn Fein, católico e partidário da reunificação com a Irlanda.

"Temos uma pequena margem para resolver os assuntos pendentes" de acordo, que são "culturais e identitários", acrescentou, referindo-se à demanda do Sinn Fein de dar status oficial à língua irlandesa.

Passadas as três semanas desde as eleições para formar governo, Londres enfrentava o dilema de suspender a autonomia e governar diretamente a província, estender o prazo das negociações ou convocar novas eleições.

A suspensão da autonomia teria criado uma distração adicional à primeira-ministra, Theresa May, que na quarta-feira iniciará a ruptura com a União Europeia (UE) e nesta segunda viajou à Escócia para tentar aplacar as demandas de um referendo de independência.

O Partido Democrático Unionista (DUP), partidário de seguir no Reino Unido, venceu as eleições regionais do início de março com 28 assentos sobre 90, apenas um à frente do Sinn Fein republicano, partidário da unificação da ilha da Irlanda, que nunca havia tido tanto poder e quer vê-lo refletido.

No conjunto da Assembleia regional, os unionistas são pela primeira vez minoria, e os republicanos parecem dispostos a explorar este flanco, descontentes com a saída da UE, que significará o retorno da fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, e o afastamento de Dublin e da velha aspiração da reunificação.

O mal-estar do Brexit

O DUP fez campanha a favor de uma saída da União Europeia, enquanto o Sinn Fein militou contra, e no conjunto da região, diferentemente do que no resultado global nacional, a opção pela permanência venceu.

Os nacionalistas norte-irlandeses, assim como os escoceses, sempre encararam a UE como um contraponto a Londres.

O Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa, que em 1998colocou fim a três décadas de um conflito sectário aberto que deixou mais de 3.500 mortos, obriga os primeiros partidos de cada comunidade a governar juntos em coalizão.

Mas os republicanos se negam a fazê-lo se os unionistas mantiverem como candidata a chefe de governo Arlene Foster, suspeita de corrupção em um programa para promover a calefação limpa quando era secretária de Energia.

Além disso, querem status oficial para a língua irlandesa.

"Os resultados das eleições transformaram a paisagem política. A posição dos partidos unionistas e dos governos tem que refletir esta mudança", disse Michele O'Neill, a líder do Sinn Fein, ao anunciar no domingo que abandonavam a mesa de negociações.

Nesta segunda-feira, Foster acusou os republicanos de não estarem interessados em um compromisso ao não terem comparecido às negociações durante o dia.

"Estamos decepcionados", disse Foster à imprensa. Para formar governo "tem que haver espírito de compromisso, e infelizmente não existiu".

A renúncia no início de janeiro do vice-primeiro-ministro e figura histórica do Sinn Fein, Martin McGuinness, falecido na semana passada, foi o que levou à queda do governo e à segunda eleição regional em pouco tempo.

Acompanhe tudo sobre:IrlandaReino UnidoUnião Europeia

Mais de Mundo

Torre Eiffel é evacuada devido a incêndio e curto-circuito em sistema de elevadores; veja vídeo

Novas autoridades sírias anunciam acordo para dissolução dos grupos armados

Porto de Xangai atinge marca histórica de 50 milhões de TEUs movimentados em 2024

American Airlines retoma voos nos EUA após paralisação nacional causada por problema técnico