Receber refugiados é investimento para Canadá, diz Trudeau
Primeiro-ministro do Canadá classificou como irracional a atitude de alguns países, que anunciaram o fechamento de fronteiras para os refugiados
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2016 às 21h42.
São Paulo - O primeiro-ministro do Canadá , Justin Trudeau, falou ao Huffington Post que sua política de receber refugiados é um investimento para o país, que tem uma composição populacional bastante homogênea.
"O Canadá tem que saber separar o país da nação. Não existe o 'canadense típico'", afirmou, dizendo que para ser um canadense, é necessário, acima de tudo, aceitar e compartilhar determinados valores.
Trudeau classificou como irracional a atitude de alguns países, que anunciaram o fechamento de fronteiras para os refugiados, e disse confiar que os refugiados que chegam hoje ao Canadá vão trabalhar duro para construir um país - que chamarão de lar - melhor.
Prime Minister Justin Trudeau on Canada's ongoing role in the refugee crisis. WATCH HERE: http://huff.to/1TmApyF
Publicado por The Huffington Post Canada em Segunda, 7 de março de 2016
Nesta segunda-feira (7), o premiê foi à redação do HuffPost Canadá, onde respondeu perguntas de leitores, de jornalistas do Huff e de uma pequena plateia.
Além da questão dos refugiados, tema recorrente em seu governo, e falou também sobre outros assuntos delicados, como a relação do Canadá com Israel e sobre a possibilidade que o bilionário americano Donald Trump se torne presidente dos EUA.
"Não existe um ponto que chegamos, e pensamos 'não cabe mais ninguém aqui, estamos satisfeitos com essa população'", criticou o líder, que se elegeu em outubro com a proposta de aumentar o número de refugiados no país e, desde então, recebeu mais de 30 mil sírios e iraquianos que fogem da guerra e da violência em seus países natais.
A fala do premiê coincide com mais um momento complicado na crise dos refugiados vivida pela União Europeia.
Muitos países estão impondo controles ainda mais severos, e milhares de refugiados, que chegam ao continente todos os dias pelo Mar Mediterrâneo estão 'represados' na Grécia e em nações vizinhas, que já afirmaram não ter recursos - financeiros e humanos - para lidar com o crescente número de pessoas.
Ainda na mesma linha, Trudeau falou sobre o papel do Canadá na paz mundial, e sobre a situação na Síria. "Precisamos olhar para um futuro na Síria que não inclua Bashar Al-Assad", afirmou Trudeau.
"Se olharmos para um futuro estável num médio prazo na Síria, é preciso envolver outra liderança que não seja Assad, mas o que vai acontecer até lá, e como chegaremos até lá, depende muito da Rússia e de esforços diplomáticos", falou Trudeau, que classificou o ditador como parte do problema, mas também como parte de uma possível solução transitória para que o país saia da guerra civil, que completa cinco anos neste mês e já deixou quase 500 mil mortos.
Em termos de política externa, um dos principais assuntos foi a relação do Canadá com Israel.
Questionado a respeito do tema, Trudeau foi categórico: "Israel é um amigo, é um aliado, é um país com o qual compartilhamos valores e que está alinhado conosco em muitos aspectos".
No entanto, não é por isso que a relação entre as duas nações será um mar de rosas. "Mesmo assim, não vamos hesitar em falar sobre passos que são improdutivos, como os assentamentos", comentou Trudeau sobre o conflito entre Israel e a Palestina.
"É isso que as pessoas esperam do Canadá: há vezes em que não concordamos com nossos amigos, e não vamos hesitar em dizer isso. Há vezes que concordamos e ficamos do lado de nossos amigos e há vezes que, mesmo não concordando, damos nosso apoio à nações parceiras".
Donald Trump
Outro tópico que rendeu assunto foi o pré-candidato republicano à presidência dos EUA, o bilionário Donald Trump.
No entanto, se Trump não tem papas na língua, Trudeau usou e abusou da diplomacia para evitar o assunto, e para se sair bem nas respostas.
"Responder perguntar hipotéticas não é o meu forte, mas a realidade é que vamos trabalhar ao lado dos nossos vizinhos e aliados, independente de suas escolhas políticas".
O premiê foi categórico: "Eu não vou comprar uma briga com Trump agora, tampouco vou apoiá-lo, mas observo o momento com muita atenção", disse ele, que afirmou ainda que é necessário observar as frustrações que fomentam o trumpismo nos EUA e no mundo.
Trump defende, além da construção de um extenso muro na fronteira dos EUA com o México, a deportação de milhares de imigrante e a proibição da entrada de muçulmanos no país.
"independente do resultado do processo eleitoral, eu espero manter nossa relação forte e contínua."
Trudeau, no entanto, não hesitou em apontar diferenças do sistema de financiamento de campanha eleitoral canadense e americano, e disse que esse pode ser um tema que seus vizinhos precisem rever.
"O que fizemos, há alguns anos, foi mudar o papel do dinheiro na política e isso mudou toda a estrutura e as obrigações do poder" - atualmente, apenas indivíduos podem fazer doações limitadas para campanhas políticas no Canadá.
"É algo que sei que um número de americanos e políticos deseja refletir sobre, e que talvez possa ser feito depois de novembro", falou ele, se referindo ao processo de escolha do novo presidente dos EUA.
São Paulo - O primeiro-ministro do Canadá , Justin Trudeau, falou ao Huffington Post que sua política de receber refugiados é um investimento para o país, que tem uma composição populacional bastante homogênea.
"O Canadá tem que saber separar o país da nação. Não existe o 'canadense típico'", afirmou, dizendo que para ser um canadense, é necessário, acima de tudo, aceitar e compartilhar determinados valores.
Trudeau classificou como irracional a atitude de alguns países, que anunciaram o fechamento de fronteiras para os refugiados, e disse confiar que os refugiados que chegam hoje ao Canadá vão trabalhar duro para construir um país - que chamarão de lar - melhor.
Prime Minister Justin Trudeau on Canada's ongoing role in the refugee crisis. WATCH HERE: http://huff.to/1TmApyF
Publicado por The Huffington Post Canada em Segunda, 7 de março de 2016
Nesta segunda-feira (7), o premiê foi à redação do HuffPost Canadá, onde respondeu perguntas de leitores, de jornalistas do Huff e de uma pequena plateia.
Além da questão dos refugiados, tema recorrente em seu governo, e falou também sobre outros assuntos delicados, como a relação do Canadá com Israel e sobre a possibilidade que o bilionário americano Donald Trump se torne presidente dos EUA.
"Não existe um ponto que chegamos, e pensamos 'não cabe mais ninguém aqui, estamos satisfeitos com essa população'", criticou o líder, que se elegeu em outubro com a proposta de aumentar o número de refugiados no país e, desde então, recebeu mais de 30 mil sírios e iraquianos que fogem da guerra e da violência em seus países natais.
A fala do premiê coincide com mais um momento complicado na crise dos refugiados vivida pela União Europeia.
Muitos países estão impondo controles ainda mais severos, e milhares de refugiados, que chegam ao continente todos os dias pelo Mar Mediterrâneo estão 'represados' na Grécia e em nações vizinhas, que já afirmaram não ter recursos - financeiros e humanos - para lidar com o crescente número de pessoas.
Ainda na mesma linha, Trudeau falou sobre o papel do Canadá na paz mundial, e sobre a situação na Síria. "Precisamos olhar para um futuro na Síria que não inclua Bashar Al-Assad", afirmou Trudeau.
"Se olharmos para um futuro estável num médio prazo na Síria, é preciso envolver outra liderança que não seja Assad, mas o que vai acontecer até lá, e como chegaremos até lá, depende muito da Rússia e de esforços diplomáticos", falou Trudeau, que classificou o ditador como parte do problema, mas também como parte de uma possível solução transitória para que o país saia da guerra civil, que completa cinco anos neste mês e já deixou quase 500 mil mortos.
Em termos de política externa, um dos principais assuntos foi a relação do Canadá com Israel.
Questionado a respeito do tema, Trudeau foi categórico: "Israel é um amigo, é um aliado, é um país com o qual compartilhamos valores e que está alinhado conosco em muitos aspectos".
No entanto, não é por isso que a relação entre as duas nações será um mar de rosas. "Mesmo assim, não vamos hesitar em falar sobre passos que são improdutivos, como os assentamentos", comentou Trudeau sobre o conflito entre Israel e a Palestina.
"É isso que as pessoas esperam do Canadá: há vezes em que não concordamos com nossos amigos, e não vamos hesitar em dizer isso. Há vezes que concordamos e ficamos do lado de nossos amigos e há vezes que, mesmo não concordando, damos nosso apoio à nações parceiras".
Donald Trump
Outro tópico que rendeu assunto foi o pré-candidato republicano à presidência dos EUA, o bilionário Donald Trump.
No entanto, se Trump não tem papas na língua, Trudeau usou e abusou da diplomacia para evitar o assunto, e para se sair bem nas respostas.
"Responder perguntar hipotéticas não é o meu forte, mas a realidade é que vamos trabalhar ao lado dos nossos vizinhos e aliados, independente de suas escolhas políticas".
O premiê foi categórico: "Eu não vou comprar uma briga com Trump agora, tampouco vou apoiá-lo, mas observo o momento com muita atenção", disse ele, que afirmou ainda que é necessário observar as frustrações que fomentam o trumpismo nos EUA e no mundo.
Trump defende, além da construção de um extenso muro na fronteira dos EUA com o México, a deportação de milhares de imigrante e a proibição da entrada de muçulmanos no país.
"independente do resultado do processo eleitoral, eu espero manter nossa relação forte e contínua."
Trudeau, no entanto, não hesitou em apontar diferenças do sistema de financiamento de campanha eleitoral canadense e americano, e disse que esse pode ser um tema que seus vizinhos precisem rever.
"O que fizemos, há alguns anos, foi mudar o papel do dinheiro na política e isso mudou toda a estrutura e as obrigações do poder" - atualmente, apenas indivíduos podem fazer doações limitadas para campanhas políticas no Canadá.
"É algo que sei que um número de americanos e políticos deseja refletir sobre, e que talvez possa ser feito depois de novembro", falou ele, se referindo ao processo de escolha do novo presidente dos EUA.