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Quiroga volta a enfrentar Evo Morales nas urnas após 9 anos

Em 2001, Quiroga tomou as rédeas da Bolívia aos 41 anos por sucessão constitucional e governou o país até 2002, após a morte do ex-ditador Banzer


	Jorge Quiroga: ex-presidente volta a disputar o cargo com Evo Morales após nove anos
 (Getty Images)

Jorge Quiroga: ex-presidente volta a disputar o cargo com Evo Morales após nove anos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2014 às 17h00.

La Paz - O político conservador Jorge Quiroga, que presidiu a Bolívia de 2001 a 2002, voltará a enfrentar nas urnas Evo Morales pela cadeira presidencial nove anos depois da eleição na qual o atual líder venceu a disputa com uma diferença de 25,5 pontos percentuais.

Jorge Fernando Arturo Quiroga Ramírez, que prefere ser chamado "Tuto", nasceu em 5 de maio de 1960 na cidade de Cochabamba e estudou Engenharia Industrial nos Estados Unidos. Ele foi casado com a americana Virginia Gillum, com quem teve três filhas e um filho.

Sua briga com Evo Morales não é recente, pois remonta ao fim dos anos 90, quando era vice-presidente do país e o atual governante era deputado pela extinta legenda Esquerda Unida e principal representante de um dos principais sindicatos de produtores de folha de coca da Bolívia, setor que ainda lidera.

Enquanto Morales comandava passeatas e bloqueios de estradas contra um plano governamental para destruir os cultivos ilegais de coca, base para produzir cocaína, Quiroga defendia as ações do governo de Hugo Banzer alegando que tentavam tirar o país do circuito da droga.

Em 2001, Quiroga tomou as rédeas da Bolívia aos 41 anos por sucessão constitucional e governou o país até 2002, após a morte do ex-ditador Banzer.

Antes, tinha representado a Bolívia nos principais organismos financeiros internacionais e chegou a ser um dos ministros mais jovens da nação, ocupando a pasta da Fazenda aos 30 anos.

Ao concluir sua gestão presidencial, Quiroga não pôde concorrer no pleito de 2002, porque a Constituição vigente então não admitia a reeleição.

Em 2004, Quiroga deixou a chefia de Ação Democrática Nacionalista (DNA) para liderar um novo partido, o Poder Democrático e Social (Podemos), com o qual um ano depois voltou a apresentar sua candidatura presidencial acompanhado pela jornalista María René Duchén como aspirante à vice-presidência.

Nesse processo eleitoral, o ex-presidente obteve 28,5% dos votos e perdeu para Morales, que recebeu 54%.

Quiroga tinha intenção de participar das eleições de 2009 - que Morales também ganhou -, mas terminou desistindo três meses antes do pleito, ciente de que não tinha chances de conseguir bons resultados. Ao mesmo tempo, a plataforma política Podemos desapareceu após várias divisões internas.

Nesta sua segunda candidatura, Quiroga, de 54 anos, se mostra "absolutamente seguro" de obter uma votação suficiente para levar a disputa ao segundo turno, apesar de as pesquisas divulgadas recentemente lhe darem um respaldo de 8% a 10,7%, contra 59% do atual governante.

As críticas à atual gestão governamental foram uma constante para o ex-governante desde que Morales chegou ao poder em 2006, e a etapa eleitoral não foi a exceção.

Quiroga, que concorre pelo Partido Democrata Cristão (PDC), criticou o "desperdício" econômico do governo e sua ação na luta antidrogas.

Ele também questionou a proximidade da Bolívia com a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), porque, segundo sua opinião, "é pura consigna política" e não apresentou benefícios reais a seu país em termos comerciais.

Frente a isto, uma de suas propostas eleitorais é a de que a Bolívia se una à Aliança do Pacífico, porque ele considera que é "a aliança mais importante para a América do Sul" no século XXI para poder chegar ao mercado asiático com produtos industrializados.

Esta proposta não caiu bem ao governo boliviano, que considera que a Aliança do Pacífico, formada por Colômbia, Chile, México e Peru, é parte de uma conspiração dos EUA para a divisão da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Para resistir ao narcotráfico, Quiroga cogitou ter o Brasil como maior aliado na luta antidrogas por causa da ampla fronteira entre os dois países, que é de 3.500 quilômetros, e quer estreitar as relações com o principal mercado do gás natural boliviano.

Outra de suas promessas é que, se chegar à presidência, trabalhará para que a Bolívia seja o "coração" energético e industrializador de recursos naturais da região.

Quiroga tem como candidata à vice-presidência a quichua Tomasa Yarhui, uma advogada de 46 anos que foi a primeira mulher indígena designada como ministra na Bolívia, justamente durante sua gestão presidencial.

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