Matteo Messina: Nascido em 26 de abril de 1962 em Castelvetrano, sudoeste da Sicília, entrou para a organização ainda na infância, graças a seu pai, Don Ciccio, líder do clã local (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 16 de janeiro de 2023 às 14h49.
Última atualização em 17 de janeiro de 2023 às 07h32.
O siciliano Matteo Messina Denaro, o último chefão da Cosa Nostra, detido nesta segunda-feira (16) após viver 30 anos na clandestinidade, é um assassino cruel, que liderou massacres e negociações milionárias.
"Com as pessoas que matei poderia encher um cemitério inteiro", gabou-se uma vez, ao fazer referência às pessoas que matou pessoalmente, inclusive com suas mãos, por estrangulamento.
Especialista em armas de fogo, sabia disparar desde os 14 anos e cometeu seu primeiro homicídio aos 18 anos.
Apelidado como "Diabolik", em referência ao criminoso protagonista de uma famosa revista em quadrinhos italiana, liderava a temida máfia siciliana Cosa Nostra, especializada em tráfico de drogas, mas que também atuava nos setores imobiliário, de energia eólica e de apostas on-line.
Nascido em 26 de abril de 1962 em Castelvetrano, sudoeste da Sicília, entrou para a organização ainda na infância, graças a seu pai, Don Ciccio, líder do clã local.
Também chamado de "príncipe de Trapani", Messina Denaro era apaixonado por carros de luxo, mulheres e relógios de ouro.
Nos anos 1990, ordenou o assassinato dos juízes antimáfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, assim como uma série de atentados em Roma, Milão e Florença.
Foto divulgada pela assessoria de imprensa da polícia italiana mostra a prisão de Matteo Messina Denaro em Palermo em 16 de janeiro de 2023. Crédito obrigatório.
Seus primeiros problemas com a lei começaram em 1989, quando foi acusado de associação com a máfia por sua participação na sangrenta luta entre dois clãs rivais.
Neste ano, foi acusado de ser o mandante do assassinato de Nicola Consales, um empresário do setor de hotelaria, que reclamava que seus funcionários tivessem relações com a máfia, entre eles, a amante de Diabolik.
Como líder do chamado clã Castelvetrano, firmou a aliança com o famoso clã Corleonesi, imortalizado no filme "O Poderoso Chefão", e se tornou um dos herdeiros do temido "chefe de todos os chefes" Salvatore Riina, conhecido como Totò Riini, preso em 1993 e falecido em 2017.
Em julho de 1992, participou do assassinato de Mincenzo Milazzo, chefe do clã Alcamo e chegou a estrangular sua companheira, grávida de três meses, o que alimentou sua fama de cruel.
Após a detenção de Totò Riina, Messina Denaro liderou a estratégia do terror e apoiou a organização dos atentados em Florença, Milão e Roma. Esses ataques deixaram dez mortos e centenas de feridos.
Em meados de 1993, tornou-se líder invisível de uma organização criminosa milionária. Seu rosto era desconhecido da maioria dos italianos.
Acusado de associação com a máfia, homicídio, posse de explosivos, furto e outros crimes, foi condenado por associação com a máfia, atentados e 50 homicídios.
Em 2000, foi condenado à revelia no grande julgamento contra a máfia chamado "Omega", em Trapani.
Messina Denaro, o mafioso mais procurado da Itália, foi preso depois de ser procurado por três décadas. Ele foi encontrado em um centro de saúde, onde estava para uma terapia clínica.
Em 1993, foi um dos organizadores do sequestro do pequeno Giuseppe Di Matteo para obrigar seu pai, Santino, a se retratar de seu testemunho sobre o assassinato do juiz Falcone.
Depois de 779 dias em cárcere privado, o menino foi estrangulado, e seu corpo, dissolvido em ácido – um de seus crimes mais cruéis.
Durante seus anos como fugitivo, comunicava-se sob o pseudônimo "Alessio" através das famosas "pizzini", mensagens escritas em pequenos papéis fáceis de serem escondidos.
Em 2010, a revista Forbes incluiu-o na lista dos dez fugitivos mais perigosos do mundo.
Seus anos como fugitivo ficaram marcados por rumores, como o de que ele teria se submetido a uma cirurgia plástica para ficar irreconhecível.
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