Putin se reúne com Assad durante visita surpresa à Síria
O encontro acontece em meio a escalada das tensões no Oriente Médio, depois da morte de general iraniano em um ataque dos Estados Unidos
AFP
Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 16h55.
O presidente russo, Vladimir Putin, encontrou-se nesta terça-feira (7) com seu colega sírio, Bashar Al-Assad, durante uma visita surpresa a Damasco, a primeira à capital desde o início da guerra no país, em 2011 - anunciou a Presidência síria.
A visita coincide com a tensão crescente entre o Irã e os Estados Unidos após o assassinato em um ataque americano do general iraniano Qassem Soleimani, com possíveis consequências para todo o Oriente Médio.
Soleimani era o arquiteto da estratégia militar iraniana na região e um grande aliado de Damasco no conflito que devasta a Síria desde 2011.
"O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita a Damasco, durante a qual se encontrou com o presidente Assad" em um centro de forças russas na capital síria, relatou a Presidência síria.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou a visita e contou que, durante o encontro, Putin elogiou o "imenso" progresso em direção à "restauração do Estado sírio e de sua integridade territorial".
A intervenção militar russa junto ao regime sírio, a partir de 2015, mudou o curso da guerra na Síria e permitiu que as tropas governamentais recuperassem terreno.
"Durante seu encontro com Assad, Putin disse que hoje podemos constatar o imenso caminho que foi percorrido em direção à restauração do Estado sírio e de sua integridade territorial", declarou Peskov, citado por agências russas.
"Putin também enfatizou que está claro que a paz está retornando às ruas de Damasco", acrescentou o porta-voz.
Os dois líderes assistiram a uma apresentação do comandante das forças russas que estão posicionadas na Síria, de acordo com a Presidência, que publicou fotos do aperto de mãos entre os dois líderes.
Nos últimos anos, Putin visitou em várias oportunidades a base militar de Hmeimim (noroeste), a maior base russa na Síria.
Já Assad agradeceu ao presidente russo pela ajuda de seu país e de seus soldados na "luta contra o terrorismo e pelo retorno da paz à Síria".
Apoiado pela Rússia e pelo Irã, Assad tem acumulado vitórias contra os rebeldes e os extremistas no país e recuperou o controle de dois terços do território nacional.
O conflito na Síria, que eclodiu em março de 2011 com a repressão do regime de manifestações pró-democracia, tornou-se uma guerra complexa e sangrenta, envolvendo grupos jihadistas e potências estrangeiras.
Até o momento, o conflito deixou cerca de 380.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados.
Com o Irã, mas também com a Turquia - apoio tradicional dos rebeldes -, a Rússia lançou o chamado processo de Astana para negociar uma saída para o conflito.
Na quarta-feira, Putin visitará a Turquia para participar da inauguração de um gasoduto. Em princípio, ele se encontrará com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.